Consagrada como a Capital Internacional do Voo Livre, foi pelas águas do rio Doce que tudo começou
Conhecida também como “Princesa do Vale”, a charmosa Governador Valadares remete a uma das primeiras expedições de desbravamento da Colônia no curso do rio Doce. Liderada por Sebastião Fernandes Tourinho, à procura de metais preciosos ainda no século XVI, o rio Doce tornou-se protagonista na conquista e na transformação do leste de Minas Gerais. No entanto, o povoamento foi iniciado somente entre os séculos XVIII e XIX, com a instalação de quartéis destinados a dominar os índios Borun em favor dos colonos que navegavam pelo rio Doce. O quartel de Baguari foi o primeiro em território do atual município. A partir dele surgiram povoamentos próximos, dentre os quais Santo Antônio da Figueira, que em 1923 recebeu o nome de Figueira, local que corresponde à atual sede do município.
Na década de 1930, se iniciaram os primeiros movimentos a favor da emancipação do distrito pertencente à Peçanha, vindo a ocorrer pelo decreto-lei estadual nº 32, em 31 de dezembro de 1937, instalando-se em 30 de janeiro de 1938.
Em 17 de dezembro do mesmo ano, o município recebeu a denominação de Governador Valadares em referência ao então governador de Minas Gerais Benedito Valadares.
A abertura da EFVM
O povoado consolidou-se mesmo após a abertura da EFVM, iniciada em 1904 em Vitória (ES).
No ainda Figueira do rio Doce, em 1910, a ferrovia construiu sua estação ferroviária. Anos depois, uma oficina de locomotivas e a instalação de uma unidade administrativa da Via Permanente, direcionando para a localidade um expressivo contingente de ferroviários.
Serrarias
Facilitado pelo transporte ferroviário, na região central da cidade foram abertas 14 serrarias entre 1940 e 1950. A atividade madeireira era abastecida pelas diversas espécies nobres explorada na vasta floreta que cobria todo o vale.
Também na década de 1940 ocorreu em terras valadarense a exploração mineral, com a extração de mica e pedras preciosas, favorecendo a atração de consumidores e investidores de várias partes do Brasil, o que impulsionou a população para 20.357 habitantes em 1950 e 70 494 residentes em 1960. A cana-de-açúcar e a pecuária também se mostravam como atividades promissoras, tendo em vista as terras férteis do Vale do Rio Doce.
Casos de malária e outras doenças tropicais eram comuns, situação que começou a ser amenizada após a criação do primeiro serviço de saúde pública em 1942. Ainda na década de 1940, o abastecimento de energia elétrica foi reestruturado com a construção da Usina Hidrelétrica de Tronqueiras, em Coroaci. Na mesma época, o município passou a ser atendido pela BR-116, conhecida como Rodovia Rio–Bahia, sendo mais tarde, atendida também pela BR-381. Por esta última, a região é ligada à capital mineira Belo Horizonte, seguindo pelas margens do rio, até então beneficiada apenas pela estrada de ferro.
Companhia Açucareira Rio Doce
A Companhia Açucareira Rio Doce (CARDO), subsidiária da Belgo-Mineira, destacou-se como um dos principais investimentos industriais da cidade, tendo sido criada em 1946 e entrado em operação em 1948. Produzia açúcar e álcool a partir de uma plantação de cana-de-açúcar de 85 alqueires. Sua demanda fez com que a lavoura canavieira se expandisse na região, principalmente nos municípios de Açucena e Tarumirim. A Açucareira chegou a produzir uma média de 600 sacas por dia.
Com a expansão urbana, a Ilha dos Araújo, até então uma fazenda de criação de gado é loteada no início da década de 1950. Com recursos dos empreendedores, em 1954 a ponte é construída e o novo bairro torna-se área nobre da cidade.
Com o esgotamento dos recursos naturais no município, a promissora economia valadarense declinou-se na década de 1960, resultando no fechamento das diversas serrarias existentes na cidade. Outro fator que abalou a economia do município foi a venda da Companhia Açucareira Rio Doce e a transferência de suas operações para São Paulo. Em 1972, a Açucareira encerra suas atividades.
Mercado imobiliário
Nas décadas seguintes, um novo fator foi determinante para a retomada da atividade econômica do município, a integração de recursos proveniente de valadarenses residentes em outros países, principalmente dos EUA. Estima-se que a construção civil, a prestação de serviços e o comércio foram impulsionados por investimento de cerca de 25 mil valadarense residentes no exterior.
Atualmente, a atividade comercial constitui a principal fonte de renda gerada na cidade, juntamente com a agroindústria e o beneficiamento de produtos regionais.
Turismo
Outro segmento que vem contribuindo significativamente para economia valadarense é o Turismo. O município, sede do Circuito Turístico Trilhas do Rio Doce, além de suas tradicionais manifestações culturais, seus diversos atrativos naturais e históricos e seus grandes eventos como o agropecuário no Parque de Exposições e o campeonatos de voo livre, Governador Valadares é um dos quatro territórios que está sendo contemplado com a implantação do Arranjo Produtivo Local para o Turismo. Tal incentivo, promovido pela Fundação Renova, faz parte dos programas de reparação da Bacia Rio Doce, em decorrência do desastre ocorrido na barragem de Fundão, em Mariana.
Cidade com localização estratégica e notabilizada como a maior e mais charmosa cidade do Vale do Rio Doce, oferece a seus visitantes atrativos únicos como:
O Pico da Ibituruna, tombado como monumento natural e ponto de encontro de praticantes de voo livre de todo o mundo. O local possui as melhores térmicas do mundo e se consagra como cenário nacional e internacional na prática do voo livre. Além de oferecer uma deslumbrante vista para a cidade, a região abriga diversas estruturas de hospedagens.
O Museu Histórico de Governador Valadares, fundado em 1983, onde abriga uma variada gama de objetos, com mais de 1.200 peças. Em seu acervo é possível encontrar desde instrumentos de suplício, até trajes litúrgicos antigos, aparelhos telefônicos, cerâmicas indígenas, documentos e fotografias.
A Praça Serra Lima que homenageia um dos pioneiros de Governador Valadares, José Serra Lima, que projetou a área central da cidade. Ela é um dos pontos mais tradicionais e exuberantes para quem passa pelo centro. Possui um chafariz com iluminação.
O Mercado Municipal Governador Valadares, ponto de encontro de valadarenses para compra de produtos típicos regionais; o Clube Filadélfia e o Garfo Clube; a Galeria Wilson Vaz; a Lagoa do Pérola; o New Shopping Feira; o Parque Natural Municipal; a Praça da Rodoviária; a Praça dos Pioneiros; o Aeté Clube; a Catedral de Santo Antônio, o centro de compras GV Shopping entre outros.
Soma-se a isso, o comércio de pedras preciosas que ocorre no município todos os anos. O “Brazil Gem Show”, evento que consiste no comércio de gemas e pedras preciosas, recebe visitantes do Brasil e de todo o mundo.
Com linhas de ônibus para as principais capitais do país, aeroporto, estação ferroviária com trem diário, visitar Governador Valadares é muito fácil, é surpreender com uma cidade conectada com o mundo e vivenciar experiências que só a Princesa do Vale pode proporcionar.