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O primitivo Vale do Aço – Região endêmica

A história da região metropolitana do Vale do Aço retrata bem o processo que caracterizou a segunda fase de colonização das Minas Gerais, iniciada quando as reservas auríferas se esgotaram. Curiosamente, Santana do Paraíso, na época Taquaraçu, foi o primeiro povoado da região a tornar-se distrito, ainda no século XIX, incorporando à Comarca de Conceição do Mato Dentro. O destino da região só veio a se transformar com a descoberta de seu potencial siderúrgico nas décadas de 1940 e 1950. Mas até a década de 1920 o local era visto como zona endêmica onde proliferavam a malária e a febre amarela.

O primeiro ciclo de desenvolvimento acontece com a chegada da estrada de ferro na região. Aos poucos as terras da região foram invadidas e colonizadas por forasteiros motivados principalmente pela vinda da EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas) por volta dos anos de 1920.

A doença tornou-se um forte obstáculo ao avanço da ferrovia nas proximidades do Vale do Aço. Região com mata fechada virgem, a febre amarela, impaludismo e outras doenças dizimavam os moradores. A situação ficou tão grave que Companhia foi forçada a buscar mão-de-obra na Bahia e Sergipe, uma vez que os trabalhadores das redondezas não se atreviam a embrenhar-se nas matas. As dificuldades de acesso e a insalubridade retardaram a colonização da região que só teve um novo impulso em 1937 com a instalação de um escritório da Companhia Belgo Mineira no Calado, atual Coronel Fabriciano. A região que até então era intacta de quaisquer outros empreendimentos industriais teve uma grande parcela de suas matas devastadas para a produção de carvão vegetal.

Tomada por densa mata no início do século XX, a região do atual Vale do Aço era vista como zona endêmica onde proliferavam a malária e a febre amarela.

Belgo Mineira e os primeiros médicos

Com a contínua devastação das matas o surto de malária se agrava e avançava pelo leste mineiro. A doença tropical, mata nos dias de hoje, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 3 milhões de pessoas por ano em todo mundo. Há mais de meio século, com a situação ainda mais precária, a malária impedia novamente o Vale do Rio Doce de progredir. Vendo que não haveria possibilidade de continuar o serviço sem assistência médica, restou a Belgo a contratação de médicos e a construção de hospital para prestar serviços aos funcionários e seus familiares.

Um ano depois de sua chegada a região, a Belgo Mineira inaugura o Hospital Siderúrgica e convida para administrar o hospital os médicos: dr. Rubem Siqueira Maia, na época prefeito de Antônio Dias e médico da Estrada de Ferro Vitória Minas e o dr. Moacir Birro (falecido com 34 anos em 1944).  O trabalho dos médicos ia além dos leitos dos hospitais. Sendo os únicos da região, cabia a eles atender pacientes do povoado de Timóteo e Ipatinga, dedicando a um intenso trabalho de combate a febre amarela e a malária.  Trabalho que reconhecido pelos moradores, elegeram o Dr. Rubem Maia como o primeiro prefeito de Coronel Fabriciano em 1948.

Também, em cada local, foi montada uma base, com posto médico e serviço de enfermaria, que era ligado ao hospital. E, na medida em que a Belgo-Mineira ia criando novos postos – chegaram a ser 27 enfermarias em toda a região -, ia também promovendo serviços de engenharia sanitária, aterrando lagoas insalubres, retificando córregos e aplicando inseticidas. Mesmo assim, durante muitos anos a malária foi o grande inimigo a ser vencido

Em sua ultima entrevista à imprensa da região, e, posteriormente publicada na íntegra no impresso “Vale em Revista”(otubro de 1994),  o médico José Riscala Albeny, o dr Albeny, um dos precursor de Fabriciano lembrou da epidemia e do tratamento precário para amparar os enfermos. “Terminado a guerra, havia um produto que segundo o Departamento Cientifico imunizava a malária. O produto anti-malárico Tordezini, lamentavelmente foi um fracasso total. Perdi quatro messes distribuindo o produto na região, e, infelizmente descobrindo mais tarde que o produto era mais mortal do que a própria malária”, pontuou dr. Albeny.  Com relatórios negativos foi repensado um novo tratamento de combate, “começamos um novo trabalho contra a malária, que era inegavelmente a maior inimiga da região, e só pode ser extinta graças à colaboração do Ministro da Saúde Mário Quinote”, completa o médico.

Na época, existiam ainda as péssimas condições de vida da população local, agravadas pelos hábitos culturais que, muitas vezes não se adequavam às medidas sanitárias.

De terno branco, o médico José Riscala Albeny na antiga balsa de travessia entre Coronel Fabriciano/Timóteo

Acesita e os médicos pioneiros 

Depois da Belgo Mineira, em outubro de 1944, foi implantada no terreno que hoje pertence à cidade de Timóteo a Companhia Acesita (Aços Especiais Itabira), atual Aperam South American, marcando o inicio da vocação siderúrgica da região que mais tarde, em 1998 foi elevado a Região Metroplitana do Vale Aço.

Embora a malária tivesse sido erradicada através das campanhas de dedetização, outro problema grave de saúde pública afetou a região.  Por encontrar condições higiênicas favoráveis, a tuberculose tinha se tornando uma verdadeira epidemia, principalmente entre os funcionários da Acesita. Enquanto aguardava a chegada de seu próprio médico, a Acesita contou com ajuda do dr. Albeny, que emprestado pela Belgo ia para o povoado vizinho a cavalo para atender os pacientes.

Em 1945, dr. Pedro Sampaio Guerra se apresenta como médico da Cia. Acesita e ocupa o cargo de chefe do serviço médico da empresa. Na década de 1950, a siderúrgica já possuía em torno de sete médicos que atendiam em um posto médico de infraestrutura precária, ao lado da Igreja São José que na época referida estava aos cuidados do Monsenhor Rafael.

O médico Pedro Sampaio Guerra, ocupou o cargo de chefe do serviço médico da Acesita e fundou o Metasita,

 Depois da malária, a tuberculose

Sem água devidamente tratada, a diarréia também era uma doença muito comum entre a população, assim como a desnutrição, a anemia, a verminose, a lombriga solitária por causa da má conservação da carne, e a schistosiosmose, muito comum nos lagos de Timóteo, que ainda  pertencia a Coronel Fabriciano. E, embora não encontrada na região  foco do mosquito barbeiro, a doença de chagas era diagnosticada com certa frequência em funcionários da usina que vinham das redondezas, mais precisamente, Antônio Dias, Mesquita e Joanesia. Com um tratamento de dificílimo acesso, uma vez diagnosticada, os médicos optavam a não contar para os doentes.

Para retratar melhor a situação do sistema de saúde nos meados dos anos de 1950 adiante, a Revista Caminhos Gerais entrevistou o ginecologista e obstetra dr. Newton de Araújo. No alto dos seus 60 anos de serviços médicos prestados aos moradores de Timóteo, o médico ressaltou que a carência de um sistema de saúde pública foi suprida pela disposição da usina de formar uma equipe médica e colocá-la para atender funcionários e familiares até a construção do primeiro posto público de saúde no final da década de 1960. “Em 1950 e 1960, todos os médicos tinham que ser clínicos gerais. Depois fomos especializando, o dr. Alfredo Guerra e o dr. Edmundo Araújo fizeram cursos na Santa Casa em Belo Horizonte tendo como professor Walter Boechat e João Afonso Moreira Filho. Respectivamente, dr. Alfredo e dr. Edmundo tornaram-se o primeiro anestesista e o primeiro cardiologista da região”, relata dr. Newton.

O médico Newton de Araújo fez parte da primeira equipe médica formata pela Acesita

Atendimento nas carvoarias e postos de reflorestamento

Inaugurado em setembro de 1952, o hospital Acesita contava com um bom laboratório, traumatologia, e centro cirúrgico. Os exames complementares necessários para uma cirurgia eram feito no próprio hospital. Depois da anamnese faziam hemograma, glicose, uréia, creotinina, tempo de coagulação, tempo de sangria e o exame cardiológico. “Usávamos anestesia local, troncular, conhecida como “raque” e anestesia geral, dependendo do caso. A geral era feita com éter, por inalação manual através de mascara. O éter deixava a pessoa desacordada por horas”, relembra o ginecologista.

Além de atender no hospital e nos domicílios, cabiam os médicos o atendimento nas áreas de carvoarias e postos de reflorescimento. E, segundo dr. Newton, nesses locais a situação era ainda mais precária, tanto em meados dos anos de 1950  em um desses atendimentos dr. Edmundo e dr. Benjamim da Silva Neto pegaram malária.

Com o passar dos anos em paralelo ao crescimento das usinas a região vai se expandido e chegam mais médicos na região. Em Timóteo: dr. Otacilio Barros, dr. Eraldo Catão Filho, dr. José Maria de Aragão, dr. Ercilio Costa Lade, dr. Fábio Franco, dr. Jemer Colares, dr. Hyde Anacleto, dr. Milton, dr. José dr. Mauricio  Nascimento e dr. Mauricio Ruback. A partir da década de 1960, chegam dr. Omar Goulart, dr. Calais, dr. Sebastião Rezende, dr. Tadeu Damásio entre outros.

Fundado como Hospital Acesita, depois, Hospital Vital Brasil, seguido como Hospital São Camilo, atualmente, a instituição de saúde em transição para a nova gestão, passará a ser administrado pelo Hospital Vera Cruz. O HVC fundado em abril de 1949 por médicos cardiologistas, pioneiro em tratamento cardiológico, em acordo de comodato com a Aperam South America, ampliará o atendimento do HMVB, incluindo os serviços hospitalares de Hemodiálise, UTI Neo-pediátrica, entre outros.

A siderúrgica instala no bairro Timirim um hospital para atendimento aos seus funcionários

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Malária, problema de saúde pública em pleno século XXI

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, hoje em dia, a malária é de longe a doença tropical e parasitária que mais causa problemas sociais e econômicos no mundo, superada apenas em número de mortes pela Aids. Também conhecida como paludismo e sezão, a malária é considerada problema de saúde pública em mais de 90 países, onde cerca de 2,4 bilhões de pessoas (40% da população mundial) convivem com o risco de contágio. Sobretudo no continente africano, entre 500 e 300 milhões são infectados anualmente, dos quais cerca de um milhão, principalmente crianças de até cinco anos, morrem em consequência da doença. No Brasil, principalmente na região amazônica a malária registra por volta de 500 mil casos por ano – no entanto, aqui a letalidade é baixa e não chega a 0,1% do número total de enfermos.

A malária é provocada por protozoários parasitas que são transmitidos para o ser humano através da picada da fêmea do mosquito anopheles. Mais raramente a transmissão é feita por outro tipo de meio que coloque o sangue de uma pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como seringas contaminadas, transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez.  A doença ataca células do fígado e glóbulos vermelhos (hemácias), que são destruídos ao serem utilizados para reprodução do protozoário, provocando problemas hepáticos, respiratórios, cardiovasculares, cerebrais e gástricos. Febre alta, sudorese e calafrios, palidez, cansaço, náuseas, hemorragias, falta de apetite e dores na cabeça e em outras regiões do corpo são os principais sintomas.

Combate à malária, atividade de alto risco

No início da década de 1960 ainda existiam focos da malária em torno das siderúrgicas Acesita e Usiminas. Tanto que a Campanha de Erradicação da Malária (CEM), sediada em Caratinga, enviou dois técnicos para a região, Adão Fernandes e Geraldo Custódio Amorim, que junto a Ilton Soares Drumond, formaram as turmas responsáveis pela erradicação da doença.

Adão e Geraldo, aposentados em 1980, afirmaram a Caminhos Gerais, que o trabalho das equipes pode ser considerado heróico, já que faziam o serviço sem nenhum tipo de equipamentos de segurança. Segundo eles, o pessoal saía em campo com suas bombas cheias de DDT, um veneno altamente prejudicial à saúde, sem máscara e luva. E tinham que pulverizar todas as casas, inclusive os acampamentos das carvoarias e fazendas, onde a incidência da malária era maior.

Os técnicos relembram que na frente da equipe ia o guarda de epidemiologia, responsável pelo diagnóstico dos moradores, com a meta de atingir cerca de 100 casas por dia. Caso fosse encontrada uma pessoa com muita febre, sintoma principal da malária, o que era comum, o sangue do paciente era coletado e enviado para Teófilo Otoni, onde era feito a análise laboratorial. Ao identificar a malária, o doente era tratado e todos os moradores próximos eram monitorados, além de terem as casas pulverizadas com DDT.

Discriminação

As seis turmas que combatiam a malária na região eram lotadas na unidade do bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano, subordinada ao Departamento Nacional de Endemia Rural (Deneru). Os medicamentos utilizados eram difosfato de cloroquina, aralem, quinina e amodiaquina.

Adão Fernandes também recorda que além do sofrimento de percorrer longas distâncias com a bomba cheia de veneno pendurada nos ombros, os combatentes da malária eram discriminados. Ao entrar nos ônibus, todos os passageiros se afastavam deles, devido o forte cheiro do DDT que ficava impregnado em suas roupas. Muito desses profissionais tiveram morte precoce, e certamente não foram vítimas da malária.

Atualmente, o combate às endemias estão sob a responsabilidade das unidades de vigilância sanitária das prefeituras.

A equipe dos combatentes da malária enfrentaram a endemia até a sua erradicação

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Hospitais tiveram importância decisiva no combate a doenças graves

 Siderúrgica e Acesita atenderam carvoeiros e metalúrgicos vitimados pela malária e tuberculose

Os dois primeiros hospitais construídos na região, o Siderúrgica e o Acesita, inaugurados nas décadas de 1930 e 1950, respectivamente, foram fundamentais no atendimento a vítimas de graves doenças que grassavam na região. O Hospital Siderúrgica, inaugurado em Coronel Fabriciano em 1936 pela Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, foi criado pelo engenheiro Louis Ensch para conter principalmente a malária, que ameaçava os carvoeiros que trabalhavam na região contratados pela empresa para exploração de madeira e produção de carvão para os fornos da siderúrgica, a atual ArcelorMittal João Monlevade.

O estabelecimento foi construído inicialmente numa área de mais de sete mil metros quadrados, tendo aproximadamente 4.300 metros quadrados de área construída. Anexo ao prédio foi erquida uma capela e clausura, cujas obras foram concluídas em 1942. Até 1949, ano em que foi inaugurada a igreja matriz de São Sebastião, o local foi o principal centro de celebrações religiosas de Coronel Fabriciano. Em 1997 o conjunto foi tombado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e restaurado em 2001.

Os primeiros profissionais a trabalharem no hospital foram os médicos Moacyr Birro, Ruben Siqueira Maia, José Riscala Albeny, dr. Fonseca e dr. Getúlio. Posteriormente, outro médico pioneiro foi Maurício Anacleto. Em 1938 o Siderúrgica foi administrado pelas irmãs Vicentinas, tendo como capelão o cônego Domingo Martins. Entre 1947 e 1952, outra ordem religiosa prestou serviços no estabelecimento. Durante cinco anos as irmãs Carmelitas trabalharam voluntariamente no hospital.

Hospital Siderúrgica, construído na década de 1930 pela Belgo Mineira

Desapropriação

Em 1958 o Hospital Siderúrgica é arrendado da Belgo pelos médicos Albeny, Maurício e Aydes. Em 1963, ao aceitar trabalhar no Siderúrgica, o médico Walter Maia torna-se também sócio da instituição. Três anos depois, os quatro sócios, mais o médico José Maria Morais recorrem ao Banco da Lavoura e contraem um empréstimo de dois milhões cada um, passando a serem sócios do hospital. Imediatamente é executada uma reforma geral no prédio e os leitos são ampliados.

Em 1970 a Belgo Mineira propõe aos arrendatários comprar a instituição, que seria paga uma parte em dinheiro e a outra parte com serviços no atendimento aos funcionários da siderúrgica. No final da década de 70, Maurício e Aydes se desligam do hospital e Walter Maia é nomeado diretor geral,

Em 2006 a instituição começou a ser administrada pela Associação Beneficente de Saúde São Sebastião (ABSSS). Após 75 anos de funcionamento, em 15 de julho de 2011 o Siderúrgica foi fechado por falta de recursos. Era o único da cidade credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A paralisação dos atendimentos sobrecarregou os hospitais públicos da região, como o Márcio Cunha, de Ipatinga, e o Vital Brasil, de Timóteo.

Em 15 de setembro de 2011 foi definido que a Sociedade Beneficente São Camilo (SBSC), também responsável pela gestão do Hospital Vital Brazil, em Timóteo, seria a nova mantenedora do Siderúrgica. Cerca de três meses depois, no dia 22 de dezembro, o governo mineiro anunciou a desapropriação do estabelecimento e disponibilizou cerca de R$ 12 milhões, entre indenização pela desapropriação do imóvel, obras de recuperação do prédio e compra de novos equipamentos. Toda reforma, reparos técnicos e intervenções serão coordenados pela fundação São Camilo.

Coronel Fabriciano possui outro hospital particular, o São Lucas, no bairro Santa Terezinha.

Grupo de médicos arrendam da Belgo Mineira as instalações do Hospital Siderúrgica antes de sua aquisição definitiva

Dr. Pedro, in memoriam

Pedro Sampaio Guerra, nascido em Itabira e formado em medicina na UFMG em 1937, dr. recebeu o convite para ingressar na  Cia. Acesita como o primeiro médico da siderúrgica. Ao chegar à cidade em 1945 encontrou condições higiênicas favoráveis para proliferação de doenças que agravava o problema de saúde pública.

Dr. Pedro enfrentou outras situações antagônicas. Seu dormitório era um barracão coberto de sapé, ao lado de outros homens e para atender os pacientes fazia o uso de cavalo para alcançar locais distantes dentro da Mata Atlântica, ficando vulnerável ao perigo.  “Certa vez, nas proximidades da Ponte Queimada, atravessei o rio Doce dentro de um caixote que carregava sacos de cimento para atender uma parturiente”, recordou  dr. Pedro, como ficou conhecido .

Embora sendo médico, foi o responsável pela criação do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos da Acesita (Metasita), do qual foi o primeiro presidente. Por conhecer as condições que favorecia o desenvolvimento da tuberculose entre os operários da empresa, ele propôs a criação da entidade como forma de agir no interesse dos trabalhadores, principalmente na área de saúde. “Em Belo Horizonte ao registrar o sindicato, eles acharam esquisito um médico criar um sindicato metalúrgico”, diz.

Em 1960, junto com os médicos Virgilio Mosci, Newton Almeida Barros e Edmundo Araújo, dr. Pedro foi responsável também pela fundação do Hospital Nossa Senhora do Carmo.

Mesmo depois de clinicar até os 80 anos, dr. Pedro não parou de trabalhar com as mãos e passou seus últimos anos dedicando ao hobby de criar peças de marcenaria, numa pequena oficina instalada em sua própria casa, em Coronel Fabriciano.

*Entrevista cedida por Dr. Pedro para edição 21 da Caminhos Gerais. Homenagem da revista ao médico, um dos personagens mais marcantes da história da medicina na região.

O médico dr. Pedro Sampaio Guerra fundou o Hospital Nossa Senhora do Carmo, conhecido como Hospital dr. Pedro.

Um hospital para metalúrgicos

1952, inauguração do Hospital Acesita, também foi o ano em que foi inaugurado a Ponte Mauá, ligando a Estrada de Ferro Vitória-Minas à estação ferroviária da própria siderúrgica de Timóteo, criado o Elite Clube Operário, fundado o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos (Metasita) e início da primeira fase de expansão da usina, em funcionamento desde 1944. O atual Hospital e Maternidade Vital Brazil foi inaugurado em 7 de setembro de 1952 pela empresa Acesita para atender seus funcionários, vitimados principalmente pela tuberculose.

Até esta data, os metalúrgicos eram atendidos em um posto de saúde localizado em um modesto imóvel ao lado de onde fica hoje a igreja São José, no Centro Norte de Timóteo. Um dos médicos que trabalhou no local foi o itabirano Pedro Sampaio Guerra, que ingressou na antiga Companhia Acesita em 1945. No início do Hospital Acesita ele trabalhou com os médicos Edmundo Araújo, Getúlio de Melo Silva e o ortopedista alemão Peter Kux, além do acompanhante prático Benjamin Severiano.

Em 1956, o então presidente do Metasita, Estanil de Freitas, construiu um posto médico no Centro de Acesita com dois consultórios, atendidos pelos médicos Alfredo Guerra e Newton Almeida Barros. Atendia 20 consultas diárias.

Comodato

Em 1992, o Hospital Acesita foi cedido em comodato à Sociedade Beneficente São Camilo (responsável pela administração de mais de 40 hospitais no país), passando a se denominar Hospital e Maternidade Vital Brazil (HMVB), homenagem ao ilustre médico mineiro responsável pelo desenvolvimento do soro anti-ofídico e fundador do Instituto Butantã, em São Paulo. Hoje, totalmente reestruturado, conta com profissionais qualificados em seu quadro de pessoal e corpo clínico, bem como um sofisticado arsenal para diagnóstico, equiparando-se aos grandes serviços de saúde e prestando assistência médica e cirúrgica nas mais diversas especialidades.

Recentemente o Vital Brazil passou por um processo de reforma e reestruturação, possui a segunda Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Vale do Aço e em 2012 pretende colocar-se entre os 3% de hospitais brasileiros acreditados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). ‘O foco dessa Política de Melhoria Contínua é a reestruturação hospitalar em busca de segurança para nossos pacientes-clientes’, garante o médico Alysson Silveira Campos, Coordenador do Serviço de Clínica Médica e integrante do Serviço de Gestão da Qualidade (SGQ) do HMVB.

UTI pediátrica

Segundo ele, depois da reforma na maternidade e nas alas de internação do SUS, com enfermarias novas, refrigeradas e camas modernas, está em andamento a reforma da ala de apartamentos.  O Pronto-Socorro também passará por reestruturação e será construída uma nova Unidade de Alimentação. Até 2013, estará sendo inaugurada a UTI pediátrica.

‘Nossa maternidade evoluirá para Maternidade de Alto Risco, acolhendo gestantes com potenciais complicações. Igual reestruturação vem ocorrendo também nos recursos humanos, com incorporação de novos médicos e novas especialidades. Seguindo uma política de melhoria contínua, verdadeiramente guiada por valores como humanização, responsabilidade social e amor ao próximo (espiritualidade), construiremos um Vital Brazil como uma das melhores empresas para se trabalhar’, prevê Alysson da Silveira Campos, autor dos livros: ‘Vivendo Bem e Ativo Até os 100 Anos. Você Está Preparado?’ e ‘Saúde e Espiritualidade – O segredo para o perfeito bem-estar’.

Em busca da saúde e da boa forma espiritual

Além de escritor, o médico Alysson da Silveira Campos é também palestrante motivacional nas áreas de cuidados da saúde e prevenção de doenças. Este, inclusive, é o tema do seu livro ‘Vivendo Bem e Ativo Até os 100 Anos. Você Está Preparado?’, onde ele ensina que as mudanças de estilo de vida visando boa forma e saúde deve começar o mais cedo possível. Mas que nunca é tarde para iniciá-las, mesmo as pessoas mais idosas.

Segundo o autor, mais de 70% das doenças cardiovasculares e 40% dos casos de cânceres podem ser evitados. ‘A eficácia da prevenção é inquestionável e, muitas vezes, os tratamentos existentes oferecem perspectivas de cura inferiores aos benefícios ofertados pela prevenção’, diz Alysson Campos na introdução do livro.

‘Saúde e Espiritualidade – O segredo para o perfeito bem-estar’ é o segundo livro do médico do então Hospital Vital Brasil, depois São Camilo e atualmente Hospital Vera Cruz, no qual ele explica que a relação saúde e espiritualidade está comprovada por inúmeras pesquisas. ‘…devemos ampliar a definição de saúde para além do plano material, passando a entendê-la como uma dinâmica e equilibrada condição física, mental, social e espiritual..’, trecho da obra, que aborda ainda a silenciosa alienação provocada pelo conforto do materialismo e o consumismo dos tempos atuais.

O médico Alisson da Silveira Campos atuou como Coordenador do Serviço de Clínica Médica e integrante do Serviço de Gestão da Qualidade

Parteiras e médicos em uma época machista

As antigas e eficientes parteiras foram muito importantes mesmo com a chegada dos primeiros médicos. No primitivo Vale do Aço eram elas que atendiam todos os trabalhos de parto. Mas, mesmo com a criação dos primeiros hospitais na região, até meados dos anos 1960 quase todos os partos nas zonas rurais e periferia eram praticados por parteiras.

Elas eram mulheres que mesmo sem conhecimento de técnicas médicas, realizava os trabalhos de parto nas próprias residências das gestantes, sem nenhum equipamento específico, e com eficácia. A medicação era baseada em ervas naturais. As parteiras também orientavam o pós-parto.

Nos casos de tétano, muito comum naquela época, havia a crença de que teia de aranha e pó de fumo ajudava na cicatrização do umbigo do recém-nascido. Porém, tal costume, era justamente um dos fatores que causava a doença.

Segundo o dr. Newton, em razão das equipes médica e da maioria de enfermagem serem formadas apenas por homens, as mulheres continuavam optando pelo auxílio das parteiras. “Só éramos chamados em situações mais complicadas. Ainda assim realizávamos mais partos normais e a fórceps do que cesáreas. Quando não era a mulher que estava constrangida era o marido que proibia o atendimento de médicos homens”, relembra o pioneiro.

As parteiras foram responsáveis pelos primeiros partos nos primeiros núcleos habitacionais rurais a serviço das companhias – Primeiro carvão produzido para a Acesita, na localidade de Licuri (Timóteo)

Dr. Newton, cuidando de meningite a trombada de bicicleta

Formado em 1949 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), dr. Newton de Almeida trabalhava na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, sul do estado do Rio de Janeiro, quando em um encontro com dr. Pedro Guerra recebeu o convite para mudar para Timóteo e dar continuidade em sua carreira médica.

Em 25 de março de 1952, o médico natural de Passagem de Mariana, chega a Timóteo e passa a fazer parte do corpo médico da siderúrgica Acesita. Acostumado com agitação da capital mineira e de Volta Redonda, o médico chegou a cogitar sua volta assim que pisou no antigo distrito, que apresentava uma realidade bem diferente do qual estava habituado e muito distante da que existe hoje.

Primeiras impressões 

“No convite do Pedro Guerra havia muitas promessas, ele dizia que era uma região em alto crescimento e tudo que eu vi quando cheguei foi um lugar sem luz e calçamento, uma situação desanimadora. Tanto que deixei as malas uma semana na estação ferroviária. Sem medicina pública, os moradores viviam em sistema patronal. A companhia arcava com a despesa médica do funcionário e sua família. A assistência era prestada no pequeno posto próximo a igreja São José, onde hoje é o centro da cidade. Lá realizávamos de consultas rotineiras a grandes cirurgias”.

 Equipe médica 

“Além de chefe do serviço médico, Pedro Guerra era o cirurgião principal; o exame laboratorial e a patologia ficava a cargo do dr. Virgilio Mosci; a traumatologia era atendida pelo medico alemão Peter Kux, que serviu na guerra. Os demais médicos, eu, dr. Edmundo Araújo, dr. Jayme Andrett Abreu, dr. Alfredo Sampaio Guerra e dr. Benjamim da Silva Neto exercíamos como clínicos geral. Quando necessário vinha de Belo Horizonte o oftalmologista, dr. Osvaldo, e o novaerense dr. Expedito Rolla, vinha como otorrino.  Éramos um bom número de médicos, tanto que mesmo com o Hospital Siderúrgica, recebíamos pacientes de Fabriciano, que contava apenas com dois médicos, dr. Albeny e dr. Rubens, funcionários da Belgo”.

Região endêmica 

“Em uma região endêmica, atendíamos pacientes com todos os tipos de doenças e muitos dos casos de tétano eram em recém nascidos com partos feitos em casa. Os surtos de tuberculose, difteria e coqueluche fizeram com que a companhia exigisse dos funcionários a vacina, arcando com as despesas. Depois de um tempo, o estado passou a enviar de BH as vacinas acondicionadas em saco plástico com gelo, mas com a distancia muitas eram perdidas. Também havia muito caso de doença mental, que era tratado pelos próprios médicos, mas dependendo do estado do paciente, era preciso dopá-lo e mandar para Belo Horizonte para tratamento adequado”. 

“Com a inauguração do Hospital Acesita em 52, tudo melhorou. O hospital disponha de um aparelho chamado abreugrafia. Nele é possível diagnosticar doença pulmonar e, como muitos funcionários da Acesita vinham de cidades de áreas de mineração, a empresa passou a exigir os exames para fichar. Nestes locais, é comum que os trabalhadores sofram de silicose e dependendo do caso não podem fichar.  O carro da Acesita passava cedo levando os médicos para o hospital. Para melhorar o atendimento passou a ter uma ambulância no posto médico da usina e outra no hospital. Antes, o atendimento era feito por enfermeiros montados a cavalo, já que muitos lugares eram de difícil acesso. Dependendo da situação ligávamos para a Acesita e ela nos liberava o jipe”.

Escola de Enfermagem

“Enfermeiro de formação, naquela época, só dona Vivi, depois dona Íris. Os demais eram preparados por nós mesmo. Observávamos quem tinha aptidão para trabalhar no hospital e os convidava. Em uma sala dentro do hospital Acesita fundamos a primeira escola de enfermagem da região. Supervisionada pela enfermeira Iris Martins, as pessoas que já prestavam assistência como auxiliar de enfermagem recebiam cursos de capacitação. Após o curso, os auxiliares faziam exame no Hospital das Clinicas, em BH, para provar que estavam aptos para receber o certificado de enfermeiro. Depois de capacitados muitos foram trabalhar nos hospitais Siderúrgica, Nossa Senhora do Carmo e Márcio Cunha.  Na ala da maternidade atendiam as enfermeiras Sá Nega, Maria Pirâmides, as Madalenas, Celeste e Maria Viana. Elas também atendiam a domiciliar e nos postos de carvão.  No centro cirúrgico eram Laura Fonseca e Odaléia de Carvalho. Os enfermeiros homens eram Juel Moreira, Daniel Pinto de Lima, Mauricio de Souza, Odilon Cunha, Santana, Tarcisio, Mário, Prendice, José Pinto Rezende, José Camilo. Dois desses enfermeiros tiveram filhos que seguiram a carreira da saúde. O Odilon, pai do urologista Renato Cunha, e Mário, pai do cirurgião e gastroenterologista Eduardo.

 Primeiro posto de saúde 

“Na década de 60 ainda não tinha serviço médico público. Então procurei o Ciro Cota Pogially, na época prefeito de Coronel Fabriciano (1963-1967) e grande amigo meu, e propus a construção de um posto de saúde em Timóteo (Centro Sul). Por interveio do deputado Simão da Cunha foi construído o posto em uma casa antiga de dois pavimentos, onde realizávamos consultas e aplicávamos vacinas. Fui chamado para chefiar, mas como já era o chefe do departamento de saúde do hospital Acesita passei a responsabilidade para o dr. Jayme”.

Meningite em 1974

“A chegada dos corpos carbonizados de vitimas da queimada da Mata do Parque foi umas das situações mais difíceis que passei na profissão, assim como a epidemia de meningite em 1974. Os pacientes chegavam já bastante debilitados e muitos faleciam em nossas mãos. Chegamos a fazer o pedido da vacina ao governo, mas como era importada, custamos a receber o medicamento. Nesta época, a dedicação do neurologista dr. Carlos Vieira foi de grande importância para a população. O neuro passava praticamente 24 horas dedicando ao auxilio dos pacientes vítimas de meningite”.

 Bicicleta contra bicicleta

“Das situações engraçadas, lembro da vez que fui chamado para atender uma mulher no Cachoeira do Vale. O lugar era de difícil acesso e quando cheguei fui avisado que ela estava na casa da vizinha ouvindo novela no rádio. Aguardei, e quando a paciente chegou para ser examinada, descobri que se tratava de uma dor de dente. Como não tinha luz nas ruas, à noite era normal chegar pacientes machucados por terem se envolvidos em trombadas de bicicleta com bicicleta. Toda noite tinha um acidentado”.

Dr. Newton atende à mulher de um carvoeiro que deu a luz à três filhos e abaixo, no laboratório do hospital

Dona Íris, enfermeira coordenadora

“Estudava enfermagem na UFMG, quando nas vésperas da formatura, dr. José Silvério, diretor clinico do Hospital Acesita, visitou faculdade em busca de enfermeiros para contratação. Fui escolhida, e em 1964 mudei para Timóteo e comecei a trabalhar no Hospital Acesita como coordenadora de enfermagem. Havia uma carência muito grande de mão de obra especializada e a única enfermeira formada tinha ido embora. A maioria dos enfermeiros que trabalhavam no hospital eram “enfermeiros atendente”, que hoje equivale a técnico, e os prático, profissionais que mesmo sem cursos tinham anos de atuação na área. Só após alguns anos, a companhia admitiu mais cinco enfermeiros.

Como coordenadora e para passar o que eu tinha aprendido, ajudava desde a nutrição dietética ao manuseio correto no banco de sangue, que na época não tinha médico especializado. Foi através desses cursos que montamos a primeira escola de enfermagem que funcionava dentro do hospital e tinha apoio da Escola Profissional. Doutor Newton era o paraninfo da turma.  Só na década de 1970 que o HMC abriu a “Escola de Auxiliares de enfermagem”, porém funcionou por um curto período.

Exceto no bloco siderúrgico a esterilização era feita de maneira precária, usava-se o método de ebulição ou flambagem. Aos poucos fui implantando a forma mais correta. Não se fazia por mal, mas sim pela escassez de recurso.

Atendíamos com frequência baleados e esfaqueados da zona rural e acidentados na usina. Logo que foram implantadas as campanhas de prevenção da Acesita o número de acidentados diminuiu. Por já estarmos mais preparados e estruturados, o surto de meningite que ocorreu nos meados de 1970, deixou o hospital lotado, mas com menos número de óbitos do que se tivesse sido em décadas anteriores.

Íris Martins de Oliveira Andrade, natural de Ponte Nova/MG

A enfermeira Iris Martins de Oliveira atendia com frequência baleados e esfaqueados da zona rural e acidentados da usina

Doutor Zé Maria, atendimentos feitos a cavalo ou em jipes

Em 1961, recém formado pela UFMG, o médico José Maria Morais foi convidado pelo dr. Albeny, então diretor do Hospital Siderúrgica, para trabalhar na instituição. Ao aceitar o convite, passou a fazer parte de uma equipe formada pelos médicos Albeny, Maurício Anacleto e Aydes. O dr. Zé Maria, como ficou popularmente conhecido, no início morava no próprio hospital.

Em 1966, os quatro médicos se juntam ao também médico Walter Luiz Winter Maia e compram o hospital da Belgo Mineira, sediada em João Monlevade. O grupo paga uma parte em dinheiro e a outra parte em serviços. Na época, as instalações do Siderúrgica contava com 60 leitos. Mesmo com a construção do Hospital Nossa Senhora do Carmo e do Hospital Acesita, a demanda por atendimentos ainda era grande.

O dr. José Maria recorda que chegava a trabalhar até 24 horas seguidas, como também viajava muitas léguas de jipe ou a cavalo para atender pacientes na região que se estendia de Mesquita a Antônio Dias. “Como não existiam institutos voltados ao atendimento da saúde, o hospital tinha que atender a todos sem discriminação”, recorda o médico.

Além de atender pacientes particulares ele também atendia funcionários de empresas da região. As doenças relacionadas ao pulmão eram muito freqüentes, sem falar nas doenças venéreas e o grande número de feridos a tiros ou a facadas.

O médico aposentado lembra que a doenças infantis, como a difteria (crupe), vitimou muitas crianças. Católico praticante, dr. José Maria acredita que muitas orações o ajudaram na atividade que exerceu por cerca de 50 anos ininterruptos. Ele recorda que a relação entre comunidade e médicos era muito afetivas. “As pessoas traziam presentes regularmente, como leitões, galinhas, doces ou mesmo promessas de orações”, diz.

Realizado, ele se orgulha de que seus cinco filhos e doze netos nasceram no hospital, onde de funcionário, aposentou-se como um dos sócios.

Dr. Walter Maia: cirurgia ao visitar hospital

Walter Luiz Winter Maia, cirurgião geral formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, em 1963, também faz parte da história da medicina na região. Filho do também médico pioneiro Ruben Siqueira Maia, e superintendente da Companhia Belgo Mineira, ao voltar para Fabriciano recém formado, Walter foi convidado pelo médico Pedro Guerra para trabalhar no Hospital Nossa Senhora do Carmo, que acabara de ser construído.

Mas, antes mesmo de assumir sua atividade, o dr. Albeny o convidou para conhecer as dependências do Hospital Siderúrgica. Ao chegar ao hospital, Walter realizou cirurgia numa paciente que se encontrava no centro cirúrgico em situação grave. Ao terminar, a secretária do hospital o comunicou que seu consultório já estava montado, e que a partir daquele instante ele era funcionário do Siderúrgica.

Ao aceitar o trabalho no hospital, dr. Walter impôs uma condição, ser também sócio no arrendamento da instituição. No final dos anos 1970, os médicos Maurício e Aides se desligam do hospital e Walter Maia é nomeado diretor geral da instituição. Em seguida, implanta uma série de novas especializações, novos leitos e convênios.

Nessa época, novos médicos passam a integrar a equipe do Siderúrgica, como Márcio Rabelo, sua mulher, a pediatra Terezinha de Jesus Rabelo, o cirurgião Germano Turner, o ginecologista obstetrício Sérgio Lováglio e o urologista Ivan Célio.

Em 1977, dr. Walter é nomeado coordenador do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), de Acesita, onde criou os cargos de supervisor hospitalar e revisor técnico. Doutor Walter lembra que o Siderúrgica tinha a fama de hospital filantrópico, por atender a todos que necessitassem de atendimento.

O médico Walter Maia era filho do também médico Ruben Siqueira Maia, então diretor do Hospital Siderúrgica

Hospital Nossa Senhora do Carmo: nome religiosamente imposto

O terceiro hospital a ser criado no Vale do Aço, mais precisamente em Coronel Fabriciano, a primeira cidade da região a ter dois hospitais, foi a Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo – popularmente conhecida como ‘hospital do doutor Pedro’ -, inaugurada em 1960 e atualmente administrado pela Unimed Vale do Aço. Seus fundadores foram os médicos Pedro Sampaio Guerra, Virgílio Moss, Newton Almeida Barros e Edmundo Araújo.

Numa entrevista a edição 21 da Caminhos Gerais, que comemorava os 61 anos de emancipação política de Coronel Fabriciano, o ‘doutor Pedro’, como era conhecido o médico Pedro Sampaio Guerra, contou que o nome do estabelecimento foi definido contra a sua vontade. Por ser agnóstico, ele considerava o nome religioso do hospital como de forte apelo comercial. Teve que enfrentar, na época, a firme decisão das Irmãs Carmelitas, que administravam o Colégio Angélica, de querer instalar a todo custo uma imagem de Nossa Senhora do Carmo no hall do estabelecimento.

Para reforçar a iniciativa, em julho de 1960 as religiosas convocaram as alunas do Angélica e junto com um grande número de católicos formaram uma procissão até o hospital, onde entronizaram a imagem da santa, padroeira da ordem Carmelita. Em 17 de julho de 2003 a direção da Unimed instalou a imagem em outro local do hall do hospital, numa cerimônia dirigida pelo bispo d. Lélis Lara. Através do decreto 1.285, de 28 de abril de 199, a imagem foi declarada como patrimônio cultural de Coronel Fabriciano.

Cooperativa médica UNIMED

A Unimed Vale do Aço foi criada em 19 de maio de 1980 por um grupo de médicos que acreditava na cooperação como fortalecimento da classe e melhoria da qualidade dos serviços. Começou com quatro funcionários e hoje passam de 500, atendendo cerca de 40 mil clientes. A instituição disponibiliza ampla rede de laboratórios e clínicas conveniadas, além de dois hospitais próprios (Fabriciano e Ipatinga) e dois credenciados: Siderúrgica e Vital Brazil.

A diretoria da instituição, classificada entre as 300 maiores empresas de Minas Gerais pelo jornal Estado de Minas e Federação das Indústrias de Minas Grais (Fiemg), era composta pelos médicos Jeferson Almeida Miranda (diretor presidente), Inaldo Régis da Silva (diretor administrativo), Luiz Antônio Hooper de Souza (diretor financeiro) e José Maurício Nolasco Nascimento (diretor de recursos próprios).

O prmeiro hospital da Unimed em Ipatinga, atendia a todos os beneficiários do sistema, na região do Vale do Aço

Hospital Metropolitano

Até o final de 2013 e início de 2014 deverá estar concluído o Hospital Metropolitano Unimed, no bairro Mangueiras, em Coronel Fabriciano, que contará com equipamentos médicos para atendimento de alta complexidade e 75 leitos – além de 10 leitos de UTI e 8 salas de cirurgia. Quando estiver em pleno funcionamento o hospital terá capacidade para 6.450 atendimentos de emergência e 560 cirurgias por mês. O prédio contará com tecnologia de ponta no controle energético e reaproveitamento da água.

 

O Hospital Metropolitano da Unimed atende a toda a Região Metropolitana do Vale do Aço

 

Atualmente, a Unimed, instituição fundada em 1967, em Santos (SP), e que significa União de Médicos, é a maior cooperativa médica do mundo, estando presente em 4.125 municípios brasileiros, com 377 cooperativas. São mais de 106 mil médicos e 3.244 hospitais credenciados – além de pronto-atendimentos, laboratórios, ambulâncias e hospitais próprios.

Atualmente, a Unimed, instituição fundada em 1967, em Santos (SP), e que significa União de Médicos, é a maior cooperativa médica do mundo, estando presente em 4.125 municípios brasileiros, com 377 cooperativas. São mais de 106 mil médicos e 3.244 hospitais credenciados – além de pronto-atendimentos, laboratórios, ambulâncias e hospitais próprios.

Hospital Márcio Cunha

A exemplo do Siderúrgica e do Acesita, o Hospital Márcio Cunha (HMC), em Ipatinga, também foi construído para atender principalmente os empregados (e respectivas famílias) de uma grande empresa, no caso, a Usiminas. Quando o estabelecimento foi inaugurado, em 1º de maio de 1965, com a presença do então presidente do Brasil, general Castelo Branco, a siderúrgica estava em operação há quase três anos. O hospital funcionava inicialmente apenas com unidades básicas como serviços de raios X e laboratório, bloco cirúrgico, centro obstétrico e duas alas de internação – geral e maternidade. Possuía apenas 50 leitos.

O HMC, que desde 1969 é administrado pela Fundação São Francisco Xavier, é o segundo hospital com maior número de internações no estado. O último registro foi de 32.332 internações. A instituição, que emprega 1.540 funcionários e 260 médicos, possui 496 leitos. A maioria do atendimento é pelo SUS (65%), o restante refere-se a convênios e particulares. Cerca de 50% dos pacientes são de Ipatinga, e 50% de outras cidades da região.

A maior unidade hospitalar do leste mineiro está apta para realizar cirurgias cardiovasculares e vasculares, além de procedimentos de cardiologia intensivista. Foi o primeiro hospital no país a ser certificado com excelência nos critérios do Manual das Organizações Prestadoras de Serviços Hospitalares da Organização Nacional de Acreditação (ONA).

O HMC, que em 2011 incorporou o Centro de Oncologia e Radioisótopos (COR), ampliou e modernizou suas instalações, totalizando R$ 33,6 milhões em investimentos próprios. Uma das mais relevantes obras é a reforma e ampliação do Pronto Socorro, que contará com uma área exclusiva para pediatria, com consultórios, leitos, ambulatórios de trauma e atenção aos pacientes em choque. A UTI contará com mais dez leitos.

Unidade II

Em 2004, no bairro Bom Retiro, foi inaugurado a Unidade II do Hospital Márcio Cunha. Com 7.400 m² de área construída e mais outros 33,5 mil de área pavimentada e ajardinada, o novo centro hospitalar possui áreas de convivência para os pacientes, contando com132 leitos, centro cirúrgico com quatro salas de cirurgia e recuperação pós-anestésica, hospital dia e serviço auxiliar de diagnóstico e tratamento. ‘Com muito esforço, dedicação e competência, procuramos oferecer uma assistência médico hospitalar segura, com qualidade e humanizada’, ressalta o médico José Carlos de Carvalho Gallinari, que desde julho de 1991 é diretor do HMC.

Construído para atender aos funcionários da Usiminas, o Hospital Márcio Cunha tornou-se referência hospitalar no estado de Minas Gerais

Engenheiro Márcio Cunha

O nome do moderno hospital é uma homenagem a um ex-engenheiro da Usiminas. Márcio Cunha morreu precocemente aos 39 anos, vítima de um trágico acidente aéreo ocorrido em 4 de setembro de 1964, quando um avião da Vasp bateu na Pedra do R, no Pico da Caledônia, na região de Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Ele retornava do Porto de Tubarão, em Vitória, onde acompanhou a chegada de uma peça que seria usada na construção do alto-forno da Usiminas.

Márcio Aguiar Cunha, nome completo do engenheiro nascido em Belo Horizonte, foi convidado por Amaro Lanari e Luiz Verano para trabalhar na Usiminas em 1958, como chefe da Divisão de Transportes. Um ano depois chefiou o Departamento de Construção de Ipatinga. Como urbanista, elaborou o planejamento de urbanização ordenado da cidade. Márcio Cunha, que deixou esposa e seis filhos quando morreu, também dá nome a uma escola ipatinguense.

Engenheiro Márcio Cunha trabalhou na Usiminas a convite de Amaro Lanari

Usiminas contrata os primeiros médicos de Ipatinga

Assim como Coronel Fabriciano e Timóteo, a história dos primeiros médicos em Ipatinga está relacionada com a chegada das usinas, neste caso, a Usiminas, em 1956. No ano em que começaram as obras para a construção da usina, Ipatinga era um pequeno vilarejo, com aproximadamente sessenta casas e trezentos habitantes, sem nenhuma infraestrutura para atender as pessoas que vinham de outras regiões atraídas pela siderúrgica. Os primeiros a chegar enfrentaram todas as dificuldades impostas por uma localidade que não dispunha ainda de saneamento básico.

A Usiminas assumiu, então, paralela à sua construção, o desenvolvimento de uma estrutura que oferecesse uma melhor condição aos seus funcionários, uma vez que na época, os poderes públicos e a iniciativa privada não estavam em condições de realizar tais serviços. Entre essas melhorias, estava o acesso ao serviço de saúde.

Em 1959 chega a Ipatinga os médicos contratados pela Usiminas. O chefe de ambulatório, dr. Paulo Pinto, e o dr. Emílio Gomes Fernandes, que aceitou o convite de um dos diretores da empresa, Mário Rolla. O diretor acreditava que ao apoiar a chegada dos médicos conseguiria votos da população para sua candidatura a deputado.

Dr. Emilio Fernandes

Formado em medicina na Federal do Rio de Janeiro, em 1958, dr. Emílio convenceu sua mulher, dona Terezinha, que  trabalhando durante um ano em Ipatinga juntariam dinheiro suficiente para voltar para o Rio de Janeiro e comprar um apartamento. Além de ficar um tempo próximo a sua cidade natal, São Domingos do Prata. “Quando chegamos só havia o posto médico da Usiminas, que ficava perto do Escritório Central da empresa. Só realizávamos consultas rotineiras de funcionários da empresa e seus familiares. Casos mais graves eram levados para o Hospital Siderúrgica, em Coronel Fabriciano”, comenta o médico.

A ideia de retornar ao Rio de Janeiro foi esquecida quando dr. Emílio percebeu que como uns dos poucos médicos e primeiro obstetra da cidade, poderia prosseguir a carreira mais prosperamente na própria região, que já prometia um rápido crescimento econômico. A partir do momento que resolveu fixar residência em Ipatinga, a sua carreira como médicos toma caminhos parecidos com a história do progresso da medicina local.

A abertura da Casa de Saúde Santa Terezinha, em 1961, idealizada por dr. Emílio, no Centro de Ipatinga, oferece  para todos os moradores do distrito, independente da  sua ligação com a Usiminas,  mais um local de assistência médica, apesar de continuar sem infraestruturas para casos que necessitavam de cirurgia.

Na ocasião, Ipatinga contava com um número maior de médicos. Na Casa de Saúde passaram a atender os médicos dr. Paulo Pinto, dr. José de Ávila, dr. Derly Mendes Gormide, dr. Paulo Franco, dr. César Villamarim, dr. Abner Pena e dr. Maurício Mauro Martins. Fora da usina, o médico obstetra passou a dedicar-se ao trabalho na Casa de Saúde e nos atendimentos domiciliares, que apesar de não tão constantes, era às vezes necessário atravessar o rio Doce para realizar partos.

Camisas com o sinal da cruz

Nos anos 1960 a região estava livre de epidemias características de regiões tropicais. “Mesmo com a aparente melhoria, ainda improvisávamos com os recursos que tínhamos. Com o episodio de 1963 (conhecido como Massacre de Ipatinga), tivemos muitos feridos, e para pode prestar primeiros socorros desenhávamos em nossas camisas o sinal da cruz para não sermos confundidos e poder realizar o nosso trabalho” recorda dr. Emílio.

Em 1965, com a inauguração do Hospital Márcio Cunha, a Usiminas instalou em Ipatinga um centro de pneumologia, um centro de medicina preventiva, três ambulatórios com gabinetes dentários, um pronto-socorro dentro da usina e um posto de puericultura.

Acompanhando o pré-natal de esposas de diretores da Usiminas, dr. Emílio passou a realizar partos dentro do Hospital Márcio Cunha, que dispondo de maiores recursos era o local escolhido pelas mulheres gestantes. Cada vez mais frequente nos corredores do hospital, o médico decidiu fechar então a Casa de Saúde Santa Terezinha. “O Márcio Cunha atendia a todos e possuía toda aparelhagem necessária para uma cirurgia, que antes era feita somente no Siderúrgica. Assim como é hoje, era seguro operar dentro do hospital”, finaliza dr. Emílio.

Natural de São Domingos do Prata, ainda criança dr. Emílio Gomes Fernandes alimentava a vontade de se tornar médico, mesmo com a condição financeira da família o impedindo de continuar os estudos. Viu no alistamento para o exército uma chance de não interromper os estudos e se formar em medicina. Em Ipatinga construiu uma carreira respeitada e criou seus filhos.  Ainda atuando, o médico contabiliza ter realizado cerca de 20 mil partos desde seu primeiro ano como estudante de medicina.

Dr. Emílio Fernandes  “O Márcio Cunha atendia a todos e possuía toda aparelhagem necessária para uma cirurgia, que antes era feita somente no Siderúrgica.”

1977, UTI provisória com dois leitos

Depois da criação do Hospital Márcio Cunha, a medicina no Vale do Aço fica estável até 1970 e só no decorrer da década toma um novo impulso com a criação do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Márcio Cunha, a primeira do Vale do Aço.  Para coordenar a montagem a UTI, a diretoria do HMC convidou o Aloísio Benvindo, médico especialista em terapia intensiva formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 1970.  Assim que chegou em 1977, nos primeiros dias de trabalho dr. Aloísio montou uma UTI provisória com  apenas dois leitos. A dificuldade em encontrar profissionais especializados em trabalhar dentro de uma UTI, fez com que Aloísio trabalhasse por quase dois anos praticamente sozinho, mas com equipamentos adequados, de grande tecnologia para época e comprados pela Usiminas.

Até então, com hospital sem recurso para atender pacientes em estado grave, somente os funcionários da Usiminas, quando necessário eram transferidos para os grandes centros. Os que não tinham condições financeiras para pagar o tratamento fora e dependiam do sistema de saúde público, na época era INAMP (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), ficavam a própria sorte. Hoje a realidade é outra, “a UTI possui uma equipe multiprofissional com aproximadamente 90 profissionais divididos entre enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e outros. E são raros os casos de transferência de pacientes para as capitais. E todos têm o mesmo direito”, diz dr. Aloísio.

De acordo com o médico atualmente, somando todos os  hospitais são quase 60 leitos  na UTI e a perspectiva é que em dois anos o Vale do Aço  mais 40 sejam criados.

Aloisio Benvindo montou uma UTI provisória e trabalhou praticamente só por dois anos sozinho

Médicos especializados e infraestrutura hospitalar

Desde a chegada dos pioneiros a região contou com período de grande crescimento na área médica com outros de pura estagnação.  O que de acordo com o radiologista Amílcar Mosci era causado pela própria estrutura regional. “Fazíamos o básico, mas ainda assim estávamos muito além de outras cidades do interior. A medicina era altamente clinica, o plantonista atendia todos os tipos de casos”, diz o médico, filho do dr. Virgílio Mosci, um dos precursores da medicina no Vale.

Os últimos anos marcaram uma nova era na medicina regional, há mais médicos especializados e mais infraestrutura hospitalar. Para o dr. Aloísio, o progresso da medicina na região está relacionado  com o avanço do atendimento público. “Há programas de atenção às gestantes, diabéticos, hirpertensos, DSTA, além de medicamentos gratuitos. Os acessos a exames se tornaram mais acessíveis, o problema é a demora, a infraestrutura que não suporta a demanda”, diz.

O médico reconhece as discrepâncias no atendimento a um paciente do SUS e a outro com plano de saúde, garantindo que a saúde publica no Brasil necessita de uma gestão mais qualificada. “O dia em que o SUS cumprir 60, 70 por cento do que promete, com certeza teremos um dos melhores planos do mundo”, conclui

Dr. Amilcar Mosci: “A medicina era altamente clinica, o plantonista atendia todos os tipos de casos”

Faculdade de Medicina: escola é a primeira do leste mineiro

A Faculdade de Medicina do Vale do Aço teve sua origem após a criação da Faculdade de Direito de Ipatinga – Fadipa. Na época, a cidade contava apenas com uma escola de curso superior, a Faculdade de Educação Física, mantida pela Universidade Católica de Minas Gerais. Funcionava no Colégio Padre Cícero de Castro, no bairro Areal. O prefeito de Ipatinga, Jamil Selim de Salles, teve participação decisiva na instalação da faculdade. Sua vontade era criar um centro universitário federal, o que não foi possível em decorrência de entraves no Ministério da Educação (MEC).

O único caminho para a instalação de cursos superiores em Ipatinga deveria, então, partir da iniciativa privada. Em 1993, os educadores Adalberto Maia Barbosa, Fábio Mathias Ferreira e o ex-secretário de Educação de Ipatinga, Jésus Nascimento da Silva, propuseram à Fundação Presidente Antônio Carlos (Fupac) e ao Conselho Estadual de Educação, a criação do curso superior de Direito. A aprovação ocorreu no mesmo ano, e as atividades tiveram início em fevereiro de 1994.

Dois anos depois, os diretores da Fadipa começaram o projeto da Faculdade de Medicina. Em 1996 fazia 21 anos que não se criava em Minas Gerais um curso de Medicina. Para dinamizar o processo convidaram os empresários Ronaldo de Souza e Ubiratan de Castro, que foram fundamentais para a realização da iniciativa. Nascia a Associação Universitária do Vale do Aço.

Em1998 o governador Eduardo Azeredo assinou o decreto de criação da Faculdade de Medicina do Vale do Aço, tendo ficado como mantenedora a Fundação Comunitária Educacional e Cultural de João Monlevade (Funsec). O curso teve seu início em princípios de 1999, com 75 vagas anuais. Na primeira etapa, direcionada ao ciclo básico, a faculdade dispunha de três laboratórios para áreas de Anatomia, Fisiologia e Histologia.

Posteriormente, numa segunda etapa, foram viabilizados laboratórios para novas áreas, como Embriologia, Técnica Cirúrgica, Imunologia. As aulas eram realizadas no período diurno com 30 horas-aulas semanais, perfazendo uma carga-horária semestral de 540 horas/aulas. Formar médicos generalistas com um amplo conhecimento do seu campo de atuação representava um dos objetivos da faculdade de medicina, conforme ideais de seus idealizadores.

A instalação da Faculdade de Medicina em Ipatinga supriu uma lacuna no leste mineiro. Todo o estado contava apenas com dez faculdades do curso, sendo três na região sul, duas no Triângulo Mineiro, duas em Belo Horizonte, duas na Zona da Mata e outra em Montes Claros.

Reestruturação

No ano de 2001 a Associação Universitária do Vale do Aço foi extinta e em seu lugar nasceu a Univaço – União Educacional do Vale do Aço Ltda. No mesmo ano foi também criado o Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES) credenciado pelo MEC, com foco na oferta de cursos na área da saúde e visando a formação de profissionais de competência técnica e humana.

Em 2002 a Univaço passou por uma reestruturação administrativa, permanecendo apenas os diretores Fábio Matias e Jésus Nascimento, que se uniram a seis novos sócios, sendo escolhida como presidente Rosângela de Oliveira Tavares Esteves. Com o reconhecimento do curso de Medicina em novembro de 2004, o número de vagas foi ampliado para 100 anuais. Em junho do ano seguinte, o curso de medicina foi transferido para o IMES, tendo a Univaço como mantenedora.

A Univaço, sediada no bairro Veneza, dispõe de modernas instalações e laboratórios. Em dezembro de 2011 a faculdade graduou a sua 15ª turma, colocando no mercado mais 48 novos médicos.

Evolução da medicina oftalmológica

De fato, a oftalmologia em Ipatinga evoluiu bastante. Além da tecnologia avançada, profissionais se impenham dia a dia, procurando se atualizar, adquirindo conhecimento das técnicas mais modernas, para proporcionar ao paciente, o que há de melhor  para a saúde dos olhos.

Falo, como diretor do Hospital de Olhos, onde contamos com oftalmologistas competentes e capacitados para a realização de cirurgias bastante complexas com: transplante de córnea, cirurgia da catarata sem ponto, anestesia tópica, cirurgias de miopia a laser, astigmatismo e hipermetropia. A cirurgia para correção de ceratocone  e demais doenças oculares, estética facial e plástica ocular, também fazem parte dos procedimentos realizados com sucesso pela nossa equipe.

Temos ainda,implantado com sucesso, as lentes intraoculares multifocais, quando o paciente, após cirurgia da catarata, não mais necessita do uso de óculos.

Posso dizer, portanto, que Ipatinga possue excelentes profissionais, clínicas equipadas com  tecnologia de ponta, e, nada fica devendo aos grandes centros; sendo, sem dúvida, polo em oftalmologia no país.

Um Comentário

  • Welington disse:

    Boa noite. Gostaria de adquirir as revistas Caminhos Gerais. Existem exemplares impressos? Resido no Vale do Aço e sou admirador de nossa história.
    Obrigado.

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