Sede da maior concentração da ave mutum do país, ruralidade, inúmeros atrativos naturais e proximidade com o Vale do Aço: Ipaba descobre seu potencial turístico
Banhada pelo Rio Doce e com uma imensa lagoa dentro do perímetro urbano, característica rara em cidades do interior mineiro, rodeada pelo ribeirão da Água Limpa, córrego do Beija-Flor e mais quatro lagoas, do Piauzinho, da Maromba, da Cenibra e do Queixada, daí a derivação do termo ‘upaba’, que em tupi-guarani significa ‘muita água’, a cidade de Ipaba está apostando no potencial turístico da zona rural do município. Recentemente ingressou no Circuito Turístico Mata Atlântica e faz parte do Projeto Turismo no Vale.
A proximidade com as três principais cidades do Vale do Aço, a menos de 20 km de distância de Ipatinga, é outro fator preponderante para atrair visitantes nos finais de semana aos mais de 40 sítios, chácaras e pousadas existentes em Ipaba, região que até o início do século XIX era habitada pelos remanescentes dos índios krenak, dizimados pela ‘guerra justa’ do governo português e depois pelos primeiros colonizadores do local.
Considerada como um ‘tesouro natural’ de Ipaba, a lagoa Central, quase no meio da cidade, possui mais de 192 mil metros quadrados de lâmina d´água e dois quilômetros de extensão, mas desde os anos 1970 ela vem se deteriorando em razão do processo desordenado de ocupação de suas margens. Sua recuperação e revitalização dependem de esforços urgentes e obtenção de recursos oficiais.
Projeto Lagoa Parque
A situação foi alvo, inclusive, no início do ano, de ação civil pública requerendo medidas para a despoluição. Em resposta, a administração alega que faz um constante trabalho de conscientização para que a população não jogue lixo nos bueiros e que regularmente é realizada a manutenção nas bombas das estações elevatórias que bombeiam o esgoto da lagoa para a rede principal da cidade.
Sobre a obtenção de verbas oficiais para evitar a degradação da lagoa, o prefeito Geraldo dos Reis Neves disse que no modelo atual do pacto federativo, no qual a maior parte dos tributos arrecadados fica com a União, o município fica dependente de emendas parlamentares, que se mostram insuficientes para os recursos que o projeto exige. “O jeito é fragmentar o projeto, mas isso faz com que o nosso sonho demore mais a virar realidade”, comentou. Sua esperança é firmar parceria pública privada para exploração do potencial turístico do Projeto Lagoa Parque.
Principal incentivador do turismo rural em Ipaba, o secretário de Desenvolvimento Social e Econômico, Diego Franco Reis, destaca as festas tradicionais e as feiras (a de agricultura é realizada às sextas-feiras e a de artesanato no primeiro sábado de cada mês), como atrativos paralelos que podem atrair visitantes; além das belezas naturais como as lagoas, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Macedônia, e o próprio Rio Doce.
Ele comentou que depois da criação do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), em junho, e a inserção do município no Circuito Turístico Mata Atlântica de Minas, o próximo passo, o chamado turismo de base, é fazer com que a própria cidade acredite no potencial local. “É um trabalho de conquista e convencimento. É preciso mostrar que existem oportunidades além do que os olhos podem ver. E os setores interessados estão vendo que o turismo é possível em Ipaba”. Acrescentando a importância da parceria com o Sebrae-MG e a elaboração do Plano Municipal de Turismo, já aprovado pelo Comtur.
Sua estratégia vem dando certo. O município já conta com a “Rota do Mutum”, um roteiro de vivências que tem levado centenas de pessoas das cidades vizinhas a conhecer o importante projeto de reintrodução da ave mutum na natureza e vivenciar hábitos e costumes de sua bucólica área rural. O setor rural vem contabilizando ganhos diretos e indiretos com a presença dos turistas nos finais de semana. Outras iniciativas como valorização da arte e da cultura local vem confirmando indicativos de que Ipaba está no caminho certo.
Antes da estrada de ferro e das siderúrgicas, Ipaba desenvolvia-se da agropecuária
Os primeiros desbravadores da região de Ipaba foram João Antônio de Oliveira, João Caetano do Nascimento, João da Cruz e João Tomás, que por volta de 1849 vieram das terras da atual cidade de Caratinga. Lá pelos idos de 1890, Regino Cândido iniciou o povoamento do patrimônio denominado Penha, próximo ao atual distrito de Vale Verde, mas uma epidemia de febre amarela obrigou a transferência do arraial para as margens do Rio Doce.
Como dezenas de outras localidades, Ipaba também tem seu desenvolvimento ligado à construção da estrada de ferro Vitória-Minas. Com a paralisação dos trabalhos da ferrovia em razão da I Guerra Mundial, os irmãos Mafra e Abrantes, que abriam trilhas para a instalação dos trilhos, montaram uma máquina de limpar café onde fica hoje a Rua Gessi de Assis Pena, no Centro de Ipaba. Pode-se dizer que o empreendimento foi responsável pelo crescimento inicial do povoado que nascia às margens do Rio Doce.
A história recente de Ipaba está diretamente ligada primeiramente à construção da Usiminas, em Ipatinga, no final dos anos 1950 e, depois, à instalação da Cenibra, no início da década de 70 do século passado, no vizinho município de Belo Oriente. Tornado cidade em 27 de abril de 1992, após emancipar-se de Caratinga, Ipaba experimentou um rápido desenvolvimento por sua proximidade com a siderúrgica e a fábrica de celulose.
Rio Doce: beleza natural e agradável travessia de bote
Além das muitas lagoas, tanto a zona urbana quanto a rural de Ipaba são banhadas pelo Rio Doce, rio este que tem importância significativa na história mineira. Descoberto em 1501 por uma esquadra portuguesa que descia a costa brasileira.
Embora castigado pela poluição urbana e industrial, o Rio Doce ainda conserva traços de sua antiga pujança, que pode ser observada bem de perto em vários trechos localizados no perímetro urbano de Ipaba. Quem quiser pode atravessá-lo de barco a motor e ir até à localidade de Ipabinha, em terras do município de Santana do Paraíso. Trajeto que é feito diariamente entre as 6h e 18h por muitas pessoas a trabalho ou interesse pessoal. O antigo Porto do Bote já foi rota dos tropeiros.
Reserva florestal Fazenda Macedônia: estudos e monitoramento ambientais
O município abriga um dos mais importantes projetos ambientais do país, o Projeto Mutum, patrocinado pela Cenibra, que já reintroduziu centenas de aves silvestres ameaçadas de extinção ao habitat natural.
Desde 1990 a Cenibra mantém, à margem direita do Rio Doce, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Macedônia, uma área de quase três mil hectares, cerca de 50% deles cobertos com vegetação nativa, que formam um dos principais remanescentes de Mata Atlântica em Minas. É desenvolvido no local o Projeto Mutum, acordo de cooperação técnico-científica entre a Cenibra e a Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre (CRAX).
Os estudos e monitoramentos ambientais realizados possibilitaram o registro de 161 espécies de aves e 27 espécies de mamíferos de médio e grande porte, sendo que seis espécies de aves e três de mamíferos estão em listas de espécies ameaçadas de extinção. A parceria possibilitou ainda a reintrodução de espécies de aves silvestres ameaçadas de extinção em seu habitat natural, como o mutum-do-sudeste, do macuco, da capoeira, do jaó, do inhambuaçú, do jacuaçú e da jacutinga.
Infraestrutura para receber turistas
Além da proximidade com o polo siderúrgico Vale do Aço, fácil acesso com apenas 18 km, Ipaba possui inúmeros sítios e pousadas e chácaras em sua zona rural. Segundo levantamento feito recentemente existe mais de 40 sítios no município com capacidade para locação. Com o acompanhamento do Comtur, o setor avalia a necessidade das propriedades estarem preparadas para agregarem valor à locação e oferecerem novos serviços aos clientes.
Grande parte dos estabelecimentos possuem infraestrutura necessária para realização de eventos sociais, encontros organizados por empresas e igrejas ou mesmo passar fim de semana com famílias e amigos.
Produtos Boachá: onde a fruta é fruta!
O maior empregador do município, a fábrica dos famosos sorvetes, picolés, poupas de frutas, sucos e creme de açaí Boachá, é um dos orgulhos da população
Situada em Ipaba, na região do Vale do Aço, em Minas Gerais, a fábrica dos Produtos Boachá conta com uma estrutura física de 4.000 m², um complexo de instalações interligadas, onde são produzidos diariamente os seus famosos picolés e sorvetes, além de polpas de frutas, sucos naturais, creme de açaí e mini-paletas, sempre preservando a principal diretriz estabelecida por seu fundador e presidente José Magno, em manter uma receita natural e artesanal para todas as linhas de produtos, como também uma política ecologicamente correta na destinação dos resíduos gerados durante todos os processos da fábrica. A preocupação com a natureza sempre foi um pilar da marca, que recentemente investiu em energia solar como fonte geradora para todo seu ciclo de produção, além de um sistema de reciclagem e tratamento de água que está em fase de implantação. Mantendo rigorosamente por mais de duas décadas um alto padrão de qualidade de seus produtos, com preços acessíveis ao consumidor, responsabilidade social e ambiental, como também um incentivador regional do esporte, os Produtos Boachá se tornaram uma das maiores indústrias do interior mineiro e já estão presentes em cidades do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A empresa prima pela excelência em todo ciclo produtivo, utilizando as melhores matérias-primas e frutas, utilizadas na fabricação dos picolés e sorvetes de frutas tradicionais, típicas, exóticas e silvestres, além de inúmeras combinações de dar água na boca. A linha “Natural do Brasil” conta com saborosos picolés produzidos com frutas tropicais brasileiras como: açaí, açaí com banana, acerola, banana, cupuaçu, graviola, jabuticaba e melancia com limão. Outra linha em destaque da marca é a “Sabores Reais”, que traz os mais tradicionais doces da culinária brasileira em forma de palito. Doce de leite, cocada, pé de moleque, doce de abóbora com coco, queijo com goiabada, entre outras delícias, preparados de forma artesanal, com leite e ingredientes selecionados do interior de Minas Gerais. A linha de picolés dos Produtos Boachá é extensa e possui mais de 45 sabores. A marca atualmente vem investindo em pesquisa e produção de uma nova linha (zero açúcar, zero lactose e zero gorduras) e ampliando as linhas zero açúcar e zero lactose, considerando o grande público adepto e que necessita de produtos que se adaptem às suas necessidades. Os Produtos Boachá também são conhecidos pelas excelentes polpas de frutas. As polpas Boachá são 100% naturais, de frutas selecionadas, colhidas no ponto certo de maturação, processadas, congeladas e embaladas de acordo com um rigoroso processo de produção. Elas não possuem açúcar, conservantes ou corantes, e mantêm praticamente intactos os excepcionais valores nutricionais da fruta fresca brasileira. A empresa também lançou recentemente sua linha Premium de sorvete, com combinações irresistíveis que já caíram no gosto dos consumidores: Yogurte Grego com Morango, Ninho Trufado e Boachá Maltine. Os produtos Boachá possuem mais de 25 sabores de sorvetes, distribuídos em embalagens de 200 ml, 1.7 litro, 2 litros e 10 litros. Em 2019 a marca completará 25 anos, onde trará muitas novidades aos consumidores e também iniciará um plano de expansão.