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Vendagem dos bolsilivros chegou a 70 mil exemplares por mês, período que a então literatura popular fazia parte do dia a dia da população

Ambientado no velho oeste americano, na Segunda Guerra Mundial e temas de espionagens, os livros de bolso transformaram-se num fenômeno da literatura popular

Antes mesmo do surgimento dos e-Books, os populares livrinhos de bolso, ou pocket book (em inglês), já havia desaparecido das bancas de revistas. Literatura de massa na segunda metade do século 20, estes, impressos em tamanho reduzido, 11 x 15 cm em média e em papel econômico, diferenciavam dos hardcover, (livros tradicionais). Conhecidos também por bolsilivros, com preços populares, os livros de bolso atraiam grande número de leitores com seus contos, principalmente ambientados no velho oeste americano ou na Segunda Guerra Mundial.

Por ser facilmente transportados, os livros de bolso estavam sempre nas mãos de alguém em filas de banco, nos consultórios ou nos transportes públicos. Segundo o revendedor de revistas, Osvaldo, da banca do Horto, em sua antiga banca no centro de Ipatinga, vendia-se e trocava cerca de 100 livros por dia. “Era uma febre”, dizia, entre os diversos livros de bolso antigos, que ele está vendendo para um amigo, que está desfazendo de sua coleção. Osvaldo classifica a população de hoje como uma população que não lê, desinteressada em leitura, priorizando as redes sociais.

História

Reconhecido como o primeiro grande sucesso, o livro de bolso da série El Coyote, do espanhol José Mallorqui Figuerola, consagrou o formato em todo o mundo

Os livros de bolso foram publicados pela primeira vez pela editora alemã, Albatross Books, em 1931. Logo, a britânica Penguim Books introduziu o formato no Reino Unido em 1935, e em 1939, foi a vez da editora americana, Pocket Books.

Já no Brasil, os primeiros livros de bolso publicados foram da Coleção Globo, da Livraria do Globo, lançados em 1933. Em 1956, a Editora Monterrey lançou a série de faroeste Pulp, El Coyote, de José Mallorqui.

O primeiro pocket book de Coyote foi lançado em 1950, na Espanha, influenciado pelas aventuras do Zorro, folhetim de grande sucesso, publicada pela Cliper, sediada em Barcelona.

José Mallorqui Figuerola, autor de El Coyote

José Mallorqui Figuerola, nascido em Barcelona em 1913, teve também seu filho escritor, Cesar Mallorqui. Ambos ficaram famosos com a série El Coyote.

Outro grande sucesso nesse período, também publicado pela Monterrey foi a série de livro de espionagem Brigitte Montfort, de 1965 a 1992, em formato 10 x 15. Já a série de livros de ficção científica alemã Perry Rhodan foi publicada Tecnoprint, em formato 10,5 x 16 cm e 11,5 x 18 cm, e o formato 12 x 21 cm, chamado pela editora de superbolso.

Outro grande sucesso editado pela Monterrey foi a série de espionagem personificada na espiã Brigitte Montfort

Dentre os escritores dos livros de bolso, destacou o brasileiro Ryoki Inoue, recordista no Guinness Book como o autor com o maior número de livros publicados no formato. Escreveu 999 livros de bolso em seis anos, entre histórias de faroeste, guerra, policiais, espionagem, romance e ficção científica.

José Carlos Ryoki de Alpoim Inoue é um escritor brasileiro de ascendência portuguesa e japonesa. Formado em medicina pela USP, em 1986, Ryoki abandonou a profissão para dedicar-se à literatura de ficção e aventuras. Seus primeiros livros de bolso foram os Colts de McLee, publicados pela Editora Monterrey. O escritor utilizou 39 pseudônimos por exigência dos editores. Ryoki foi laureado pelo Guiness Book of Records como o escritor mais prolífico do mundo, com mais de 1079 títulos, dos quais se destacam os romances O Fruto do Ventre, Quinze dias em setembro, E agora Presidente, A Bruxa e Saga.

José Carlos Ryoki, escritor brasileiro foi laureado pelo Guiness Book of Records como o escritor mais prolífico do mundo, com mais de 1000 títulos publicados pela Monterrey

Literatura de menor

Este modelo de livro sofreu muito preconceito por parte de autores consagrados, leitores e algumas livrarias. Considerados como “literatura de menor” e os livros tradicionais como “literatura séria”, os livros de bolso carregavam a fama de livro que proporcionava pouca margem de lucro para as livrarias. Devido a baixa qualidade do acabamento, estes fizeram sucesso nas bancas de revistas e jornais.

Além do mercado paralelo de livros de bolsos antigos, encontrados em bancas e livrarias de sebo, os livros de bolso atualmente podem ser encontrados em diversas editoras, como a L&PM (Coleção Pocket), a Martin Claret, Paz e Terra (Coleção Leitura), Companhia das Letras (Companhia de Bolso), Editora Objetiva (Ponto de Leitura) entre outras. A Editora Paz e Terra iniciou a publicação de livros de bolso em 1995 e inicialmente imprimia seus livros em papel-jornal. Nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, há algumas estações de metrô que disponibilizam máquinas de livros de bolso, que normalmente têm um preço bastante acessível.

Na Banca do Osvaldo, no bairro Horto, em Ipatinga, encontra-se diversos títulos à venda, disponibilizados por colecionadores

 

Banca do Osvaldo, no bairro Horto

Estefânia

A coleção Estefania destacou-se pela qualidade de suas aventuras no velho oeste americano

Estefania também foi uma serie de western lançada em pocket book que caiu nas graças dos leitores, por suas aventuras cheias de ação, tiros e ritmo acelerado. Esta série foi criada e escrita pelo espanhol Marcial Lafuente.

Acredita-se que com o declínio dos livros de bolso cowboys, aos poucos o reinado dos cowboys no cinema, na TV e nas histórias em quadrinhos foram também declinando-se definitivamente.

As series de guerra, aventura, suspense e ficção científica, fortaleceram-se com o espaço deixado pelos cowboys, destacando-se entre eles, a série ZZ7. A série ZZ7 trazia as aventuras da sensual Brigitte Monfort, a espiã filha de Giselle, uma agente da CIA, da série A Espiã nua que abalou Paris.  Há registros de vendas de cerca de 70 mil exemplares de livros de bolsos mensais.

ZZ7

A coleção ZZ7 consagrou-se com eventuras de espionagem

 

Outro grande sucesso da ZZ7, A espiã nua que abalou Pariz,

Perry Rhodan

Perry

A série de ficção científica que notabilizou especialmente na Europa, a alemã Perry Rhodan, publicada publicada pela Tecnoprint, inovou, com os conhecidos superbolso, com 11,5 x 18 cm, e o formato 12 x 21 cm.

O desenhista Benício

Benício, um dos mais importantes ilustradores contemporâneos, além de inúmeras capas de livros de bolso, ilustrou para a publicidade, folhinhas, cartazes de cinema e muitos outros

Junto às grandes aventuras, grandes mestres da ilustração também surgiram dessa era de ouro dos pockets books. Um dos grandes mestres foi o ilustrador Benício, que desenhou inúmeras capas. Haviam até leitores que colecionavam livros cujas capas eram ilustradas por Benício, tal era a beleza de suas artes. Benício produziu também para a publicidade, cartazes de filmes nacionais, folhinhas entre outras.

Um de seus famosos trabalhos, o cartaz do filme “dona Flôr e seus dois maridos”

Com o advento da internet, o surgimento dos e-Books e as inúmeras funções dos smartphone, acredita-se que os livros de bolso desaparecerão definitivamente, deixando apenas recordações que confirmam que num passado recente, as pessoas dedicavam-se mais à leitura.

Telefone da banca do Osvaldo, onde pode encontrar alguns títulos: (31) 983423873

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Um Comentário

  • José Luiz Arruda disse:

    Rapaz…que viagem no tempo, era viciado, ainda leio de vez enquanto, parabéns pela matéria, foi gratificante e tbem por valorizar o pessoal das bancas de revistas???

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