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Alex Ferreira
Jornalista graduado em Comunicação Social, atuou no radiojornalismo e atual editor do Diário do Aço e gestor do Portal Diário do Aço

Sair numa bicicleta de casa, seja para o trabalho, um simples passeio ou uma atividade mais intensa, requer grandes cuidados para que o deslocamento não termine de forma trágica

 

Por Alex Ferreira

 

Em uma época em que o endeusamento dos carros chegou ao patamar em que montadoras desativam linhas de compactos para produzir os SUVs (Sport Utility Vehicle) parece improvável que a velha bicicleta esteja na moda. Mas está. Quando digo “velha” é apenas para lembrar que o veículo de duas rodas vem sendo aperfeiçoado desde os anos 1.800. A um amante do ciclismo, seja de passeio, cicloturismo ou competição interessa investir todo o tempo disponível fora dos compromissos profissionais e familiares para duas coisas: os treinos ou passeios ou ainda estudo sobre as bicicletas.

Cada vez mais leves como resultado de pesquisas de materiais nas linhas de montagem, esse incrível veículo que tem na força da gravidade a sua maior aliada, ganhou o gosto de uma parcela considerável da população.  Além do antigo uso, de levar as pessoas ao trabalho, a bicicleta está no topo do interesse de práticas de lazer ou esporte diários atualmente. Sozinhos, em duplas, grupos maiores ou menores, os ciclistas estão integrados aos cenários, urbanos e rural.

Os “giros”, como costumam chamar pode ser tanto um pedal bate-volta entre Ipatinga e o distrito de Cordeiro de Minas, em Caratinga, até a Volta da Mata via Pingo D’água e a lendária Ponte Queimada, a volta do Pico Jacroá, em Marliéria, ambos com mais de 120 quilômetros de percurso, até uma viagem mais profissionalizada, como fez em 2017 o grupo Pedal do Vale, que saiu do Vale do Aço e vou parar em Aparecida do Norte (SP), na Rota da Fé.

O grupo Pedal do Vale, do Vale do Aço, faz a Rota da Fé em 2017: destino Aparecida do Norte (SP) – Foto Alex Ferreira

Quem adotou a bicicleta como meio de transporte acaba estimulado por uma constatação muito prática. A economia orçamentária com o corte no gasto com combustíveis, estacionamento e manutenção dos carros. Outros relacionam o ciclismo a um estilo saudável de vida, interação com outras pessoas e com a natureza. Motivos nunca faltarão para justificar o uso das bicicletas.

Dívida histórica

Mas, enquanto junto à natureza o ciclismo é só alegria para quem pratica alguma atividade, não é essa a realidade nas ruas, avenidas e rodovias, construídas sem levar em conta a demanda por esse modal de locomoção.

Parece inacreditável que as cidades do Vale do Aço, embora tenham nas bicicletas um importante meio de locomoção desde os primórdios da ocupação industrial, ainda não tenha um centímetro de ciclovia sequer. Isso mesmo, tudo o que existe na região até hoje não passa de calçadas compartilhadas de pedestres, ciclistas e até veículos de tração animal. Essa é uma dívida histórica com quem usa bicicleta na região.

Sair numa bicicleta de casa, seja para o trabalho, um simples passeio ou uma atividade mais intensa, requer grandes cuidados para que o deslocamento não termine de forma trágica. Não raro a crônica policial local traz casos de vidas que foram levadas nos acidentes. Pessoas a caminho do trabalho são as vítimas mais frequentes.

E isso ocorre pela falta de condições de segurança no trânsito. Começa com a falta de conscientização de quem vai usar uma bicicleta. Mas, passemos à infraestrutura. Com exceção de Ipatinga, que recentemente reformou pistas em três importantes regionais, Bethânia, Canaã e Veneza, na maioria dos casos as pistas compartilhadas estão em péssimo estado. Na prática, nenhum gestor na região apresentou, até hoje, um projeto para redesenhar espaços urbanos para acomodar as novas formas pelas quais as pessoas se locomovem.

O ciclista do Vale do Aço, vez ou outra depara com a ciclofaixa bloqueada por um veículo estacionado – Foto: Mário Carvalho Neto

E em um momento em que o mundo tenta se livrar dos impactos do coronavirus, desencorajando a aglomeração – o que inclui o transporte coletivo – a bicicleta é uma alternativa que não pode deixar de ser considerada.

No lazer ou no trabalho, a bicicleta remonta sua história no dia a dia das pessoas – Foto: Elvira Nascimento

Por essas e outras, o modal cicloviário não pode ser mais ignorado. Não apenas pela quantidade de pessoas que praticam o ciclismo ou usam esse veículo para se locomover diariamente. Soma-se a isso outro fator: ultimamente tem barateado e crescido também o uso de bicicletas motorizadas, entre elas, as elétricas. E a demanda cresce a cada dia.

Então é preciso lembrar que num cenário em que empregos estarão mais escassos, um meio de transporte econômico deve ser incentivado. E nesse contexto condutores de carros e bicicletas precisarão encontrar meios de conviver no espaço urbano. Aos gestores públicos caberá o mínimo de interferência possível, nas vias públicas de forma a garantir que todos tenham seus espaços respeitados. Há lugar para todos.

Alex Ferreira numa selfie, na volta do Mirante do Pico Jacroá, em Marliéria – 130 quilômetros

* Jornalista e ciclista.

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