Por quase 23 anos, o engenheiro eletroeletrônico Ferdinand L. A. Zeppelin morou no bairro Cariru, enquanto trabalhou na Usiminas
Quase que no anonimato, um dos herdeiros do conde Ferdinand Adolf Heinrich August Graf Von Zeppelin, inventor do dirigível Zeppelin, o engenheiro eletroeletrônico Ferdinand Louis Andre von Zeppelin Obermüller, viveu em Ipatinga por quase de 23 anos.
Vindo trabalhar na Usiminas em 1977, Zé Pelim – como chegou a ser anunciado no serviço de alto-falante do Cariru Tênis Clube – foi responsável pela implantação de 230 km de rede de fibra ótica na siderúrgica.
Nascido em Haia, na Holanda, Ferdinand Louis Andre chegou ao Brasil em 1962, com seu pai, Hendrik von Zeppelin Obermüller e seu irmão Rudolf. Seu pai ingressara na Companhia Cinematográfica Vera Cruz, no Rio de Janeiro. Ainda criança, Ferdinand participou dos filmes, Sinhá Moça e O Cangaceiro.
Formado em Engenharia de Telecomunicações no Inatel, em Santa Rita do Sapucaí, Ferdinand Louis Andre Zeppelin integrou a equipe da Usiminas durante a implantação do sistema de telecomunicação da empresa. Aposentou-se em 1998 e continuou residindo no bairro Cariru. Em sua casa, ele guardava um pouco do que sobrou de herança da família: o anel de conde, pintura de artistas holandeses e uma coleção de vasos chineses de 600 anos, da era da dinastia Ming, que ganhou de seu avô, o ex-embaixador da Holanda no Brasil, Karel von Zeppelin Obermüller.
Tal fato foi publicado na revista Carta de Notícias, edição nº 101 de 2000, pelo jornalista Willian Saliba. Zeppelin mudou-se do bairro Cariru no início dos anos 2000, porém não se tem informação se ele retornou para seu pais de origem, a Holanda.
O dirigível
O inventor do dirigível, Ferdinand Zeppelin, tio-avô do engenheiro eletroeletrônico, nasceu em 1838 e foi um famoso aviador alemão. Como militar, participou da Guerra da Secessão nos EUA. Na Europa, participou das guerras austro-prussiana, de 1866 e franco-prussiana, de 1870. Estudioso de aerostática, ele abandonou a carreira militar para dedicar-se ao projeto de aeronaves, obtendo grande sucesso com o dirigível que tinha seu nome. Orientou ainda a construção de vários dirigíveis empregados na Primeira Guerra Mundial. Mesmo após sua morte, os dirigíveis continuaram a ser fabricados e utilizados em linhas aéreas regulares até 1930.
No primeiro dirigível construído em 1900, o conde Zeppelin empregou o hidrogênio para flutuar, elemento mais leve que o ar. Com uma estrutura rígida formada por treliças de alumínio e recoberta por um resistente tecido impermeável, o aparelho tinha 128 metros de comprimento, tendo em seu bojo, 17 balões menores. A cabine de comando e de passageiros localizava-se sob a fuselagem, que abrigava dois motores que acionavam as hélices. Viajar pelos confortáveis dirigíveis Zeppelin tornou-se um hábito elegante, principalmente nas linhas regulares das seis cidades alemãs.
Empregado inicialmente apenas na rota do Atlântico Norte, a partir de 1931 o Zeppelin passou a fazer o trajeto Alemanha-Estados Unidos-Brasil, com desembarque em Recife. Um ano depois a linha foi estendida até o Rio de Janeiro.
Apesar do grande sucesso dos dirigíveis em todo o mundo, um terrível acidente em 1937, com o dirigível Hindenburg, em Nova Jersey (EUA), pôs fim à era dos Zeppelins. O Hinderburg explodiu matando 36 pessoas. Vindo da Alemanha, o dirigível tinha 245 metros de comprimento e era sustentado no ar por 200 mil metros cúbicos de hidrogênio. Com o título de maior dirigível em operação, o Hindenburg detém ainda hoje o título de maior nave a cruzar os céus. Impulsionado por quatro motores Mercedes-Benz de 1.200 HP cada, que moviam hélices de mais de 6 metros de altura, o dirigível tinha autonomia de voo de 16 000 km quando completamente abastecido.
Em 1937, a tragédia com o dirigível Hindenburg, em Nova Jersey – EUA, 36 pessoas perderam a vida. O trágico acidente pôs fim a era dos dirigíveis e também da fortuna da família.