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Proposta arquitetônica que altera formato original da cobertura teve ampla aceitação

Apresentado recentemente à população de Coronel Fabriciano e a imprensa, a proposta arquitetônica da nova cobertura da Co-Catedral de São Sebastião, uma das mais arrojadas construções da região, a reação da população foi de significativa aprovação. Segundo o Pe. José do Carmo Zambom, um dos coordenadores da campanha de reconstrução do telhado do templo, corroído pelo tempo, a reação da população o surpreendeu pela ampla aceitação.

Inaugurada em 1993, a Co-Catedral tornou-se um belo cartão postal da cidade – Foto: Elvira Nascimento

 

Da Co-Catedral, seguia-se na procissão de Corpus Christi

 

Sua ampla área interna comportava mais de 1.500 pessoas assentadas – Foto: Elvira Nascimento

Desabamento

Construída nos anos 1980, sob o incansável esforço de Padre Élio Athayde, a Co-Catedral, que tornou-se uma das mais imponentes construções da região, e um belo cartão postal da cidade, teve em seu telhado uma extensa ruptura, vindo ao chão parte da cobertura em 2022. Fechada desde então, a comunidade redentorista do Vale do Aço inicia uma campanha voltada à reconstrução da cobertura do templo e o retorno de suas missas, batizados, casamentos, formaturas, e suas tradicionais festas religiosas e procissões.

Em 2022, parte do teto do templo desabou em decorrência do desgaste de sua estrutura – Foto: Divulgação

Diversas avaliações técnicas foram realizadas no intuito de fornecer um diagnóstico sobre as condições da complexa estrutura metálica que durante 30 anos ficou expostas ao tempo e a chuva deteriorando-se, bem como qual seria a melhor solução para que o templo voltasse a celebrar suas missas, que foram transferidas para o Salão Paroquial Dom Lélis Lara.

Com estes dados conclusivos, a Paróquia de São Sebastião iniciou a campanha SOS Co-Catedral, que incluía levantamento do custo da remoção total do antigo telhado; de um projeto arquitetônico que levasse em conta a preservação de alguns aspectos da igreja; facilidade de manutenção do telhado; aproveitamento da iluminação e ventilação natural; a readequação do espaço litúrgico a partir das novas orientações da Santa Sé para interiores de igrejas e instalação do campanário (projeto original) com sino e colocação do monumento de São Sebastião do lado externo da igreja.

A imagem ilustrativa da fachada da Co-Catedral mostra o campanário (projeto original) que abrigará um sino e uma imagem de São Sebastião – Arquiteta Lígia Araújo

Devido ao alto custo de reconstruir o telhado no mesmo formato original, que remetia às tendas das remotas populações do período das escrituras bíblicas, a paróquia optou por um formato arquitetônico mais compatível com as condições do momento. A reconstrução do novo telhado contará também com o apoio financeiro da população.

O projeto concebido pela arquiteta Ligia Araújo, vencedor de um concurso entre outros arquitetos, que oferecia uma solução mais plausível, apresenta um telhado plano, sem as inclinações acentuadas do antigo projeto. Em sua proposta, as paredes originais serão preservadas, mantendo as ondulações e as cores. Nas extremidades do telhado, novas colunas em aço darão reforço ao longo vão, evitando assim, colunas no interior da igreja. O projeto da arquiteta recebeu o aval do bispo diocesano, da comunidade redentorista e de pessoas da comunidade pastoral.

Início dos serviços

Em entrevista à revista Caminhos Gerais, Padre Zambom afirmou ainda que o contrato com a empresa que desmontará o órgão de tubos foi consolidado, vindo a iniciar dentro de alguns dias sua transferência para a Matriz de São Sebastião, onde ele estava instalado. Outra atividade que o líder religioso assegurou que terá início em breve, é a retirada dos parafusos que prendem as cadeiras ao chão. As cadeiras, que também tem um significado histórico bastante intrínseco na vida da população, serviu no passado ao Cine Marrocos. Segundo o fabricianense Alexandre Magno, a transferência das cadeiras do antigo cinema para a Co-catedral, foi feito pela população. Alexandre, que participou dessa maratona épica, afirmou que centenas de pessoas, entre homens, mulheres e jovens, carregavam as cadeiras uma a uma, pelas ruas Maria Matos e Angélica, até o interior do novo templo, que impressionava a todos com sua monumental dimensão.

Grandes dimensões

Toneladas de aço doados pela Usiminas foram empregados na complexa estrutura – Foto: Celso Magalhães (O Vale em Notícias)

Até essa fase de implantar os assentos, a obra vinha somando superlativos em termos de dimensionamentos. Um imenso volume de vigas de aço fabricado pela Usimec, seus mais de 15 metros de pé direito na parte mais alta do telhado, um vão livre com mais de 20 metros e capacidade para mais de 1.500 pessoas, comprovavam a ousadia do projeto de engenharia. Sua construção motivada devido a Matriz de São Sebastião contar apenas com 126 lugares assentados e não comportar a crescente população fabricianense, Padre Élio então decide empreender na grande obra, formando uma verdadeira corrente de participação da comunidade, inclusive das cidades vizinhas que também abraçaram o sonho do líder religioso. Outro esforço que Padre Élio também contou, foi da Usiminas, Usimec, Cenibra e outras empresas de menor porte. Somente a Acesita negou-se a participar, sem explicar os motivos que a levaram a tal decisão.

Uma obra apoteótica

As obras tiveram o início em 1987, vindo a ser sagrada em 4 de julho de 1993. Dom Mauro Gurgel presidiu a primeira missa sob o olhar de admiração do grande público que lotou o templo.

Sob a liderança técnica de Ronei Lombardi e os construtores, Milton e José Benevenuto, as obras ocupavam um terreno de 3.000 m2, pertencente ao Colégio Angélica e doado pelas Irmãs Carmelitas. Este, localizado na esquina da rua São Sebastião com a rua Angélica.

Os construtores Milton e José Benevenuto – Foto: Celso Magalhães (O Vale em Notícias)

Foram 1.250 m2 de construção em estilo parabolóides, tipo a catedral de Tóquio. Nenhuma coluna interna em vão livre e direto e capacidade para 1.560 pessoas assentadas. As paredes construídas em formato conoidal, em forma de cone e curvas, eram auto-portantes, isto é, dispensava colunas, chegando a 15 metros de altura na parte mais alta.

Durante as obras, Padre Élio exaltava o poder de Deus naquele momento, de convergência e consciência a favor de uma realização. Segundo ele, em carta publicada na revista O Vale em Revista, a Catedral tornava-se um símbolo e significação de uma “nova proposta” de humanização do Vale do Aço. Para ele, além do aço, existiam outros valores humanos, morais e espirituais, todos essenciais a cultivar, que fluía numa região de grandes transformações.

Diante da monumental construção, dom Lélis Lara e padre Élio – Foto: Celso Magalhães (O Vale em Notícias)

Padre Élio, admirava o empenho da população, que sentia como se a obra fosse dela. Os donativos não esgotavam, dizia. Segundo ele, o sentimento de pertencimento que movia tanta gente, comprovava que a catedral estava mesmo sob o “dedo de Deus”, e que tinha caído na simpatia do povo. Em sua carta, Padre Élio salientava que a população estava construindo sua própria história, destacando uma passagem em que um armador de ferragens se ofereceu a trabalhar na obra em seus horários de folga, dizendo querer deixar seu nome na história da Catedral. Este sentimento tomava conta da população, apontou o padre.

Padre Élio acompanhava diariamente os serviços – Foto: Celso Magalhães (O Vale em Notícias)

Confiante de que a Co-Catedral será reinaugurada com todo o seu esplendor, padre Zambom salienta que todo o processo de reconstrução será feito sem pressa, porém com muita responsabilidade e segurança. Primeiramente, com a limpeza, quando também se realizará a remoção do órgão, das cadeiras, e da imagem artística de São Sabastião. A imagem, tombada como patrimônio cultural do município, foi concebida por Leo Santana, escultor reconhecido nacionalmente. Em seguida, o complexo trabalho de demolição do teto e o levantamento dos custos da execução do novo projeto, com o fortalecimento do processo de arrecadação.

A Co-Catedral de Coronel Fabriciano é o segundo templo mais importante da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, que tem a sua Catedral diocesana em Itabira. A Diocese Itabira-Coronel Fabriciano congrega 24 cidades, num extenso território, desde Itambé do Mato Dentro, no Centro do estado, a Belo Oriente, no Médio Rio Doce. A Diocese, desmembrada da Arquidiocese de Mariana, sua instalação Canônica como Catedral Diocesana aconteceu em Itabira em dezembro de1965 e consagrada como nova Catedral em dezembro de 1985. Na cidade da mineração, situa-se a sede do bispado da Diocese. O termo Co-Catedral, advêm do fato do território da Diocese ser de longa extensão, permitindo então a instalação e construção de uma segunda Catedral, vindo a receber o nome de Co-Catedral.

Um Comentário

  • Alexandre Magno Lopes Dias disse:

    Muito esclarecedora a reportagem. Deixa a gente mais seguro, quanto as decisões a serem tomadas, no presente e futuro do patrimônio.

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