Ainda no povoado do Calado, a Semana Santa era celebrada com atores e figurantes vindos da própria população
Patrocinada pela Prefeitura de Coronel Fabriciano, a emocionante Encenação da Paixão de Cristo de Coronel Fabriciano, acontece na próxima sexta-feira na Praça da Estação, às 18 horas, com todo o seu bem estruturado e ornamentado espetáculo, onde os dezenas de atores que interpretam personagens bíblicos, são os próprios moradores da cidade, que voluntariamente se dedicam ao máximo para expressar realismo ao evento. Espectadores emocionados é que não faltam na multidão que acompanha todo o espetáculo em silêncio, revivendo a Paixão de Cristo.
Tradicionalmente, os eventos religiosos são preservados com entusiasmo pela população fabricianense, cuja característica é também tomar as ruas em procissões. Ainda por ruas de terra e pedra, as procissões da Semana Santa em Coronel Fabriciano atraiam moradores de toda a região para celebrar a ressurreição de Cristo.
A religiosidade fabricianense e sua história
A partir de 1923, o padre Francisco Dias Fonseca, vulgo padre Chico, vigário de Jaguaraçu, iniciou suas visitas ao Calado (atual região do Centro de Fabriciano) e Santo Antônio de Piracicaba (atual Melo Viana). Nessas ocasiões ocorriam missas, batizados, unção de enfermos e confissões. Ele foi o responsável pela construção da primeira igreja do Calado, ocorrida em 1929, situado onde hoje se encontra o Salão Paroquial, próximo à atual Igreja Matriz, demolida após perder parte de sua edificação num forte temporal.
A paróquia, instalada em 1948, dirigida pela Congregação dos Missionários Redentoristas, recebeu o nome de Paróquia São Sebastião em honra à devoção dos residentes, ao santo religioso, cujo mártir foi exaltado como o padroeiro do povoado. As atividades e celebrações estavam subordinadas à Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, sediada em Antônio Dias.
77 anos de tradição
Implantada pelo padre Deolindo Coelho, a Semana Santa Tradicional da Paróquia São Sebastião acontece desde 1946. O religioso chegou ao então Distrito de Coronel Fabriciano época em que a, instituição religiosa local era o “Curato de São Sebastião”, subordinada à Paróquia Nossa Senhora de Nazareth, de Antônio Dias. Padre Deolindo veio, trazendo um modelo tradicional de atividades religiosas, de inspiração no barroco mineiro. A principal destas comemorações, foi sem dúvida a Semana Santa, que inclui o Teatro da Paixão de Cristo
Para organizá-la, Padre Deolindo reuniu as lideranças da comunidade e juntos traçaram um cronograma de trabalho que solidificou numa Semana Santa ricamente elaborada. Foram compradas as vestes e as indumentárias necessárias. As imagens: Senhor dos Passos, Nossa Senhora das Dores e Senhor Morto, foram doadas por Joaquim Alves Junior, um executivo da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira. Correu nas redondezas um livro de doações, que arrecadou dinheiro suficiente para a compra de outros abjetos, desde cruz processional e lanternas, até os andores e o esquife para o Senhor Morto.
Assim a Semana Santa já começou grandiosa. Em 1946 foram realizadas todos os ritos e procissões. O Teatro da Paixão foi realizado de forma tímida limitando-se a poucas cenas, concluída com o descendimento da Cruz seguido da procissão do enterro.
A Semana Santa como um todo, manteve uma suntuosidade até 1968, com um calendário de atividades litúrgicas, que incluía seis procissões, além dos ritos internos. A partir de 1969, um grupo de padres da Paróquia, numa interpretação particular do Concilio Vaticano Segundo, resolveu eliminara todas as tradições do calendário litúrgico local. E assim, até 1985, a paróquia manteve todos os serviços de forma muito simplificada, quando a instituição foi assumida pelo padre Damião Antunes. O novo pároco reuniu paroquianos para debater o assunto e culminou na reestruturação não só da Semana santa, mas todos as demais, atividades o apoteótico Corpus Christi, com os ricos tapetes confeccionados sobre as ruas do bairro dos professores.
Patrimônio Cultural Imaterial
Este ano, as comemorações da Semana Santa completarão 76 anos de tradição. Em 2014, com base no Decreto Municipal 5013 de 7 de agosto, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Município de Coronel Fabriciano, juntamente com as demais atividades da Semana Santa.
Numa ação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, em parceria com a Fundação Aperam, estão sendo recuperados os sandares e lanternas processionais, tão bonitas como do passado. O Instituto do Inox fabricou as lanternas e mastros de sustentação dos estandartes, utilizando o aço inoxidável fabricado pela Aperam South America.
Reconhecimento do Estado
Em 2018, o teatro obteve reconhecimento ainda maior. A partir de uma parceria foi estabelecida entre a Paróquia e a Associação Cultural do Vale do Aço (Aceciva) foi possível buscar recursos financeiros junto a Secretaria de Estado do Turismo e Cultura, por meio do Fundo Estadual de Cultura-Fec.
Celebrar a Semana Santa, um dos mais significativos eventos religiosos do país, é celebrado em Coronel Fabriciano pelas duas paróquias da cidade, a de Santo Antônio, no Melo Viana e de São Sebastião, no Centro.
Teatro para o Povo – Paixão de Cristo
O projeto, “Teatro Para O Povo – Paixão de Cristo”, realizado pela Aceciva – Associação Cultural do Vale do Aço, em parceria com a Paróquia São Sebastião de Coronel Fabriciano, é patrocinado pelo recurso do Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais. Recebe apoio cultural da Prefeitura, Rádio Educadora, TV Uni, Revista Caminhos Gerais, Central Materiais de Construção e Aperam.
O evento precedido pelo Sermão das Sete Palavras, às 18 horas, acontecerá no dia 15 de abril (Sexta-feira Santa), na Praça da Estação. Da praça, uma procissão seguirá até a Co-Catedral, na Rua São Sebastião, na altura do Colégio Angélica.
Primeira igreja de São Sebastião
A paróquia, instalada em 1948, dirigida pela Congregação dos Missionários Redentoristas, recebeu o nome de Paróquia São Sebastião em honra à devoção dos residentes ao santo religioso, cujo mártir foi exaltado como o padroeiro do povoado. As atividades e celebrações estavam subordinadas à Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, sediada em Antônio Dias.
A forte religiosidade em Coronel Fabriciano fixou-se pelas diversas manifestações públicas. Grandes festejos, longas procissões e a manutenção de programas e projetos visando o combate à desigualdade social quanto à defesa dos direitos sociais e básicos, por meio de suas pastorais sociais foram determinantes para consolidar a cidade como importante centro de relevantes manifestações religiosas.
Colaboração: Amir José de Melo e Ailton Avelino