No mês que a capital mineira celebra 124 anos, mostramos um pouco das maravilhas do Mercado Central
Com a Proclamação da República, em 1889, e a descentralização federal, as capitais tiveram maior relevo e ganhou vigor a ideia de mudança da sede do governo mineiro. Com topografia limitada, Ouro Preto, a primeira capital do estado não oferecia as condições ideais para o então crescimento previsível. Nesse contexto, o governador de Minas, Augusto de Lima encaminhou o tema ao Congresso Mineiro, em reunião realizada em Barbacena. Cinco localidades foram sugeridas: Barbacena, Juiz de Fora, Paraúna, Várzea do Marçal e Belo Horizonte. Após extensivos debates, concluiu-se que fosse construída no arraial de Belo Horizonte.
Localizada a 100 km de Ouro Preto, o que muito facilitava a mudança, água em abundância, clima ameno, acessível por todos os lados. A área destinada à nova capital parecia um grande anfiteatro entre as Serras do Curral e de Contagem, contando com excelentes condições climatológicas, protegida dos ventos frios e úmidos do sul e dos ventos quentes do norte, e arejada pelas correntes amenas do oriente que vinham da serra da Piedade ou das brisas férteis do oeste que vinham do vale do Rio Paraopeba.
Em 1893, o arraial foi elevado à categoria de município e capital de Minas Gerais, sob a denominação de Cidade de Minas. Em 1894, foi desmembrado do município de Sabará. No mesmo ano, os trabalhos de construção foram iniciados pela Comissão Construtora da Nova Capital. Ao 12 de dezembro de 1897, em ato público solene, o então presidente de Minas, Crispim Jacques Bias Fortes, inaugurou a nova capital. Em 1901, a Cidade de Minas teve seu nome modificado para o atual, em virtude da dualidade de nomes, já que o distrito e a comarca se chamavam Belo Horizonte.
Mercado Central
No mês que a agradável capital mineira celebra seu aniversário, a Caminhos Gerais publica uma breve reportagem sobre um de seus mais queridos lugares, o Mercado Central. Entre os dez melhores mercados do mundo, o Mercado Central de BH ficou em terceiro lugar, perdendo apenas para o Mercat de la Boqueria, de Barcelona, e o Borough Market, localizado em Londres.
Com mais de 400 lojas, em seus corredores, um grande público que frequenta diariamente unindo compras ao lazer e diversão, encontra produtos com qualidade inquestionáveis. Uma vasta variedade de temperos, o queijo da Serra da Canastra, artesanato, bares e restaurantes espalhados pelos corredores do Mercado, hortifrutigranjeiros sempre frescos, doce, ervas, raízes, artigos religiosos, goiabada, a cachaça da roça, tira-gosto de carne acebolada ou linguiça e a cerveja sempre gelada, pássaros, vasilhas e um pouco mais de tudo. O letrista Fernando Brant, parceiro do compositor Milton Nascimento, assim define o local: “É uma festa para todos os sentidos, a síntese mais perfeita da cultura de Minas”. Cerca de 15 mil pessoas passam diariamente pelos seus 13.442 m2.
A ideia de um mercado municipal vem do início da história de Belo Horizonte. Em 1900, a prefeitura baixou um decreto que regulamentava o mercado da capital, com normas de higiene e organização. Para facilitar a vida dos tropeiros, o município providenciara ranchos e pastos fechados para os animais. No final daquele ano, foi inaugurado o Mercado Municipal, no local onde hoje está a Rodoviária. Foi construído todo em ferro e vidro, importados da Bélgica.
Com o crescimento da população, aquele mercado ficou pequeno. As 40 mil pessoas que moravam na cidade na época da sua inauguração se transformaram em mais de 120 mil quase 30 anos depois. Assim, no dia 7 de setembro de 1929, foi aberto o atual Mercado Central, na avenida Paraopeba, hoje Augusto de Lima.
O novo mercado atendeu os apelos de comerciantes e pequenos produtores das colônias agrícolas que existiam nos arredores da cidade. Em seu novo endereço, começava a traduzir as transformações que ocorriam em Belo Horizonte e na sociedade urbana da capital.
Nas décadas de 1950 e 1960, a comunidade comercial enfrentou uma crise com as disputas políticas e concessões sem critérios para lojas, o que levou a prefeitura a lançar o edital de privatização do mercado, em 1963. Para concorrer com a empresa japonesa Cotia, os feirantes se organizaram e formaram uma cooperativa. Liderados pelo lojista Olímpio Marteleto, conseguiram comprar o imóvel da prefeitura.
Em ensaio publicado no livro BH, História de uma Cidade Centenária, a geógrafa Ana Lucy Oliveira Freira ressalta o valor social do mercado. Segundo ela, a importância do Mercado Central para a cidade é menos econômica (lugar de abastecimento) e geográfica (ponto central de articulação espacial) e mais social, tendo caráter folclórico, pois guarda a tradição e os costumes de Minas.
Fontes: Os Primeiros 100 Anos (Ana Cristina Novato e Eduardo Costa, 1997, Gráfica e Editora 101), BH, História de uma Cidade Centenária (Organização Eduardo França Paiva, 1997, Faculdades Integradas Newton Paiva), Mercado Central (Fernando Brant, 2004 Conceito Editorial) e Belotur