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Com um laboratório caseiro, Gilson Lanna produziu um rico acervo fotográfico de Coronel Fabriciano

Portando uma Kodak Brownie fabricada nos anos 1940, o jovem Gilson Lanna chega ao Calado.

Sua câmera fotográfica registrou as canoas que ainda faziam a travessia no Rio Piracicaba – Foto: Gilson Lana

 

Poucas casas formavam o centro do Calado quando Gilson Lanna por aqui chegou. Na fotografia, a Rua Moacir Birro ainda de terra batida – Foto: Gilson Lanna

Vindo de Ponte Nova em 1942 para trabalhar no escritório da Belgo Mineira, nas horas de folga, Gilson fotografava amigos, o povoado e locais onde a população se divertia, como as limpas praias do Rio Piracicaba. Em depoimento a Caminhos Gerais, ele disse que ao se formar no curso ginasial, seu tio, o padre e diretor do colégio, Alcides Lanna, que era amigo do engenheiro Joaquim Gomes da Silveira Neto, solicitou ao então superintendente da Belgo Mineira na região, uma vaga para o sobrinho na empresa.

Gilson Lanna e amigos no local onde se construía canoas, próximo à Ponte Mauá – Foto: Gilson Lanna

Joaquim Gomes determinou ao jovem que o procurasse no Calado para conversar sobre o emprego. Gilson Lanna lembra que ao chegar à estação pelo trem da EFVM, às 16 horas, numa quarta-feira, o antigo povoado não passava de um lugarejo, com apenas algumas casas. Da estação, Gilson dirigiu-se ao antigo Hotel Maracanã, tendo em sua mala algumas peças de roupa, a sua Kodak e uma carta do tio Alcides para Joaquim Gomes.

A antiga Casa de Hóspedes da Belgo Mineira, fotografada por sua Kodak. No local funciona atualmente um clube de recreação, o Clube Casa de Campo – Foto: Gilson Lanna

 

Mulheres fabricianenses no adro da Matriz São Sebastião, no período de sua construção, em 1944 – Foto: Gilson Lanna

No outro dia, ao se apresentar no escritório da Belgo Mineira, ele foi fichado imediatamente para os serviços administrativos. Poucos anos depois, ele foi transferido para o almoxarifado, situado próximo ao atual prédio da prefeitura de Coronel Fabriciano, sob a chefia de Luiz Magalhães, pai do atual empresário de combustíveis Antônio Magalhães.

Início da construção da antiga Ponte do Rio Doce. Construída pela Belgo Mineira – Foto: Gilson Lanna

 

Uma das poucas opções de lazer, curtir as praias do Rio Piracicaba – Foto: Elvira Nascimento

Ao deixar a Belgo Mineira para montar a torrefadora de Café São Luiz, que funcionou na rua Duque de Caxias até os anos 1970, Gilson Lanna assume a gerência do almoxarifado, onde ficou até se aposentar. Em 1950 casou-se com Djanira Dod Lanna.

O fotógrafo e seu caiaque, utilizado como hobby, navegar no ainda caudaloso Rio Piracicaba

Entre seu importante acervo estão fotografias de passeio de bote no rio Doce, da construção do Hospital Siderúrgica, da igreja matriz de São Sebastião e do Colégio Angélica, entre outros imóveis atualmente tombados como patrimônio histórico da cidade.

O Colégio Angélica, fotografado em sua inauguração – Foto: Gilson Lanna

O pioneiro revelava suas fotografias em seu próprio laboratório instalado em casa. Ele recorda da beleza da Lagoa do Piau, da Cachoeira Santana e da Lagoa Silvana, que era rodeada por uma mata densa. Testemunha da emancipação de Coronel Fabriciano, em 1949, Gilson Lanna se espanta em relação a velocidade com que a região se transformou em tão pouco tempo. Quanto a sua Kodak Brownie, anos atrás ele a emprestou a um amigo, e desde então, parou de fotografar.

As primeiras estradas abertas pela Belgo Mineira para a exploração do carvão vegetal. No local, amigos de Gilson vindos de uma pescaria nas proximidades da Lagoa Silvana – Foto: Gilson Lanna

Após se aposentar, Gilson trabalhou por 27 anos no Sinttrocel – Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário. Filho de Antônio Gonçalves Lanna e Luíza Assis Lana, Gilson Lanna nasceu em 1922, vindo a falecer em Coronel Fabriciano em 2019. Ele foi homenageado pela edição especial Gente de Aço, publicada no Diário do Aço.

Gilson Lanna em sua casa quando entrevistado pela revista Caminhos Gerais, em 2015 – Foto: Arquivo CG

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