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A cultura sempre notabilizou-se ao longo dos 74 anos do município que comemora sua emancipação em 20 de janeiro

Coronel Fabriciano abriga um riquíssimo patrimônio cultural diversificado que remete aos mais importantes períodos de sua história. Seja na forma de monumentos, edificações, artefatos arqueológico, manifestações artísticas e culturais, religiosas, ou mesmo, por meio do vasto acervo histórico salvaguardado no Museu Histórico Municipal José Avelino Barbosa e no Memorial do Rádio, estes contam um pouco da trajetória histórica da “cidade mãe do Vale do Aço”, emancipada na primeira metade do século XX.

Antes mesmo de emancipar-se de Antônio Dias, o povoado já se desenvolvia com o nome de Calado

 

Em 1938, o Calado passa a se chamar Coronel Fabriciano

 

Em 1948, emancipa-se, tendo como distritos Ipatinga e Timóteo

Muito além das avenidas, do comércio, das faculdades, das áreas de lazer, da vocação econômica ou outros elementos que contribuem para a identidade de um povo, as cidades guardam um imensurável acervo de artefatos relacionados à sua história, sua cultura e tradições, configurados primariamente como patrimônios culturais. Seu conceito no viés antropológico, inclui o conjunto do conhecimento, costumes, hábitos, a arte, e outros aspectos de uma dada sociedade.

Coronel Fabriciano, o primeiro município da Região Metropolitana do Vale do Aço, emancipado em 948, seguido por Ipatinga e Timóteo, emancipados em 1964 e Santana do Paraíso em 1992, é o município com o maior número de bens patrimoniais inventariados e tombados nas categorias material e imaterial.

Tendo o comércio e a prestação de serviços como vocação econômica, Coronel Fabriciano é hoje uma cidade dinâmica e bem estruturada para novos investimentos – Foto: Elvira Nascimento

Primeiras manifestações artísticas, culturais e religiosas

Desde os primórdios, as procissões religiosas são manifestações de fé do povo fabricianense

 

Ainda na década de 1940, o primeiro grupo de teatro era formado entre os empregados do escritório da Cia. Belgo Mineira, o Clube Dramático Cordélia Ferreira

 

Em 1943, o então superintendente da Cia. Belgo Mineira cria a Corporação Musical Nossa Senhora Auxiliadora

 

A dança tem seu reconhecimento ainda no Colégio Angélica, vindo a consolidar-se como forte influência cultural com a abertura da Terpsícore Academia e Dança

Além da Terpsícore, outra escola coordenada pela professora de dança Bia Antunes se destacou neste segmento cultural, inclusive tendo um bailarino fabricianense no segundo maior balé da Rússia.

 

As festas populares, como as Festas Juninas reforçavam também a manutenção da tradicional gastronomia típica do evento

Política pública cultural

Uma política vigorosa, voltada ao reconhecimento dos valores artísticos e culturais do município, implementada pelo poder público, propiciou ao povo fabricianense ter salvaguardado um vasto acervo de bens tombados de valor inestimável. São referências históricas que contam a sua trajetória nos aspectos artístico, arquitetônico, fotográfico, literário, mobiliário, profissional e comercial.

Via Sacra, obra de Carlos Oswald, o mesmo artista que finalizou os desenhos do Cristo Redentor do Rio de Janeiro

Dentre elas, obras do pintor renomado internacionalmente, Carlos Oswald, que realizou os desenhos finais do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Nascido em Florença (Itália), Carlos Oswald possui gravuras nos Palácios São Joaquim e Pedro Ernesto, também no Rio de Janeiro. Obra de Carlos Oswald em Coronel Fabriciano pertence a Paróquia de São Sebastião.

Monumento dedicado à Declaração Universal dos Direitos Humanos, de Leo Santana, o mesmo escultor da famosa estátua de Carlos Drummond de Andrade, na praia de Copacabana

 

Terra Mãe, escultura concebida pela artista reconhecida internacionalmente, Wilma Nöel

Outras obras de expressivo valor cultural na forma de monumentos são: a escultura em aço inoxidável dedicada à Declaração Universal dos Direitos Humanos, do escultor também reconhecido internacionalmente, Leo Santana, autor da estátua de Carlos Drummond de Andrade, na praia de Copacabana e também a escultura de São Sebastião, na co-catedral de Coronel Fabriciano. De Wilma Nöel, a escultura “Terra Mãe”, reverencia Coronel Fabriciano como a cidade pioneira do Vale do Aço.

Aquarela de Celma Deuse Franco, pertencente à pinacoteca do Museu Municipal. A relevante arte foi supervisionada por Guignard, quando Celma foi sua aluna no Instituto de Belas Artes em Belo Horizonte, fundado por Juscelino Kubitschek

Na área de artes plástica, a importante obra da artista plástica fabricianense Celma Deuse Franco, uma aquarela de nome “Equilíbrio Ecológico”, pertencente à pinacoteca do Museu Histórico Municipal José Avelino Barbosa, teve orientação de um dos mais consagrados artista plástico do país, Alberto da Veiga Guignard, quando Celma foi sua aluna no Instituto de Belas Artes de Belo Horizonte, fundado por Juscelino Kubitschek.

Edificações e arquitetura marcante no centro

No aspecto arquitetônico, Coronel Fabriciano conta também com um inestimável conjunto de obras civis. No centro da cidade, há pouca distância um do outro, pode-se contemplar o belo prédio da Prefeitura, totalmente restaurado pelo governo Marco Vinicius. A edificação, em frente à Praça Louis Ensch, é um marco da arquitetura moderna na região, projetado pelo arquiteto José Luiz Batista da Silva.

Inaugurado em 1970, o prédio da Prefeitura marcou o início das construções modernas na região

Ao lado da Prefeitura, localiza-se o prédio revestido em tijolinho, da antiga Telemig. Pouco adiante, uma casa construída na primeira metade do século 20 pela Belgo Mineira para seus funcionários, totalmente original. À frente desta, o prédio do Grupo Escolar Professor Pedro Calmon, o primeiro prédio escolar construído em Coronel Fabriciano. Seu nome foi dado pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, em homenagem ao professor baiano Pedro Calmon.

O Salão Paroquial, inaugurado em 1959, remete à expansão da arquitetura modernista, baseado na racionalidade, funcionalidade e simplicidade das linhas, influenciada especialmente pela construção de Brasília

Pouco à frente, o Salão Paroquial, inaugurado em 1959, foi projetado pelo arquiteto Wilmar Krantz. Sua construção possui estilo moderno de vanguarda, influenciado pelo marcante estilo arquitetônico da construção de Brasília.

Memorial do Rádio

Ao lado do Salão Paroquial, as instalações da Rádio Educadora – a primeira emissora AM da região, inaugurada em 1968 – abriga o relevante “Memorial do Rádio PE Marcos Guabiroba C.Ss.R”. O espaço cultural conta a rica história da radiofonia brasileira por meio da linha do tempo. Ainda, uma exposição de rádios antigos, centenas de discos em vinil e a primeira mesa de transmissão da rádio conta a história da emissora.

Memorial do Rádio, história da radiodifusão brasileira e da Rádio Educadora AM

 

Importante acervo de discos em vinil contam a história da indústria fonográfica brasileira

Matriz de São Sebastião

Logo adiante, a Matriz de São Sebastião, iniciada sua construção em 1946 e inaugurada antes de sua conclusão em 1949 para celebrar a missa de instalação do município. A matriz pertence a primeira paróquia criada da região do Vale do Aço, a Paróquia de São Sebastião.

Matriz de São Sebastião, construída com ajuda da população em 1946, até 1965, pertencia à Diocese Mariana – Diamantina

A torre da matriz guarda dois sinos, que desde a década de 1970, repicavam de acordo com as tradições também repicadas nas igrejas históricas de Minas Gerais. Seus sinos eram tocados também para acordar a população para a missa das 6 horas da manhã, na noite de Natal e Ano Novo, anunciando as procissões, ou mesmo em celebrações fúnebres. Entretanto, esta tradição permaneceu até a década de 2010, quando o sineiro Pedrinho faleceu. Com apoio do setor de cultura da prefeitura, a beleza sonora dos sinos, está sendo resgatada conforme as tradições, e estes voltam a fazer parte da vida dos fabricianenses, tendo como novo sineiro, Alexandre Magno Lopes Dias. Desde 2009, o “Toque dos Sinos” em Minas Gerais foi inscrito no Livro das Formas de Expressão, do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.

O sineiro Alexandre Magno, resgata os tradicionais toques dos sinos que marcaram no passado momentos de celebração religiosa

Ainda na parte superior, um raro maquinário, com um complexo sistema de engrenagens todo em aço, aciona os quatro relógios da torre. Fabricado no Sul de Minas pela Metalúrgica Tabu, no ramo de relógios para Torreões e Pêndulos, o equipamento fabricado artesanalmente que aciona o sino nas horas marcadas, foi instalado em 1954.

Um complexo e raro maquinário movido por um pêndulo, por meio de quatro longas hastes garantem a hora certa dos quatro relógios da imponente torre e os toques do sino nas respectivas horas

Tradições religiosas

A montagem de tapetes pela população no dia de Corpus Christi, é uma longa tradição religiosa, que acontece após outra fervorosa tradição, a celebração da Semana Santa

 

As comemorações no dia de Nossa Senhora do Rosário, em Santa Vitória do Cocais, área rural de Coronel Fabriciano, é abrilhantada pelos Marujos do Cocais – Foto: Elvira Nascimento

Paisagismo urbano cultural

Por um bom acaso da história, estes importantes patrimônios culturais estão bem próximos uns dos outros, o que favoreceria a integração destes por um projeto paisagístico urbano cultural no centro da cidade, em menores proporções, exemplificado com complexo cultural da Praça da Liberdade na capital mineira que aglomera prédios históricos.

O espaço ocioso no adro da igreja inspira sua revitalização com a instalação de um Marco Zero, o que proporcionaria maior ênfase à administração pública, que vem demonstrando uma ativa vocação para a preservação do patrimônio cultural do município.

Rico acervo preservado no Museu Histórico Municipal José Avelino Barbosa

No mesmo conjunto de edificações históricas, no coração da cidade, cortado pela rua Dr. Querubino, funciona também a Biblioteca pública e o Museu Municipal. No Museu – espaço que se torna cada dia insuficiente diante do crescente surgimento de novos objetos, como o raro hormônio do ex bispo emérito da Diocese Itabira-Fabriciano, dom Lélis Lara – a trajetória histórica do povo fabricianense está ali, na forma de relíquias domésticas, relatos, imagens, itens que remetem a arte e o ofício do passado entre outros catalogados.

A história do comércio e da prestação de serviço por meio de suas máquinas registradoras e calculadoras

 

A história da Estrada de Ferro Vitória a Minas por meio de acessórios e ferramentas

 

A história dos pioneiros tropeiros por meio de utensílios de montaria

Segundo a coordenadora da cultura, Bia Antunes, ela e o diretor Teco Teixeira, vem manifestando junto à prefeitura a necessidade de adquirir um espaço adequado para a instalação do importante acervo, para cumprir seu papel cultural, que é receber visitantes. Inspirado no Museu Abílio Barreto de Belo Horizonte, o museu de Coronel Fabriciano é referência cultural no âmbito do Médio Rio Doce.

Ainda no centro da cidade

Pouco distante, mas, ainda no centro, estão o Colégio Angélica, um belíssimo conjunto arquitetônico, construído no início de 1950, porém, um tanto ofuscado pelas cores fortes de um supermercado ao lado e o Sobrado dos Pereira, o primeiro sobrado construído na região.

O Colégio Angélica, uma das mais belas edificações do Vale do Aço, inaugurado em 1952, sediou a primeira escola particular da região – Foto: Elvira Nascimento

 

Sobrado dos Pereira, o primeiro sobrado da região, erguido em 1928

Importância histórica

Patrimônio, palavra que vem do latim ‘pater’, que significa pai, é um conceito atrelado à noção daquilo que é passado como herança entre as gerações ou tudo aquilo que possui importância histórica e cultural para um país ou uma pequena comunidade, como a arquitetura, festas, danças, música, manifestações populares, artes, culinária, entre outros.

No Brasil, a discussão sobre o que é Patrimônio Histórico e Cultural vem da Constituição de 1937, cujo artigo 1º do Decreto de Lei nº 25, apresenta o seguinte conceito:

“Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional (com reflexo nos Estados e Municípios), o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.”

O artigo 134 da Constituição de 1937 afirma que esses monumentos devem ser protegidos pela Nação (Estado ou Município), sendo que atos danosos a eles devem ser comparados a um atentado contra o patrimônio nacional.

Art 134 – Os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza, gozam da proteção e dos cuidados especiais da Nação, dos Estados e dos Municípios. Os atentados contra eles cometidos serão equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.

Tipos de Patrimônios Culturais

O Patrimônio Cultural é dividido em dois grupos, que variam de acordo com a sua natureza. São eles: Patrimônio Imaterial e Patrimônio Material. Além desses, há também o Patrimônio Artístico, que reúne os bens artísticos, e o Patrimônio Natural, referente aos bens naturais de uma região.

Patrimônio Imaterial

É o tipo de patrimônio considerado intangível e abrange as expressões simbólicas e culturais de um povo, como as festas, as danças, músicas, saberes, costumes, formas de expressão, entre outros.

Patrimônio Material

Diz respeito aos bens materiais, ou seja, tangíveis, de um povo. Abrange os museus, monumentos arquitetônicos, igrejas, bibliotecas, etc.

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