A cultura sempre notabilizou-se ao longo dos 74 anos do município que comemora sua emancipação em 20 de janeiro
Coronel Fabriciano abriga um riquíssimo patrimônio cultural diversificado que remete aos mais importantes períodos de sua história. Seja na forma de monumentos, edificações, artefatos arqueológico, manifestações artísticas e culturais, religiosas, ou mesmo, por meio do vasto acervo histórico salvaguardado no Museu Histórico Municipal José Avelino Barbosa e no Memorial do Rádio, estes contam um pouco da trajetória histórica da “cidade mãe do Vale do Aço”, emancipada na primeira metade do século XX.
Muito além das avenidas, do comércio, das faculdades, das áreas de lazer, da vocação econômica ou outros elementos que contribuem para a identidade de um povo, as cidades guardam um imensurável acervo de artefatos relacionados à sua história, sua cultura e tradições, configurados primariamente como patrimônios culturais. Seu conceito no viés antropológico, inclui o conjunto do conhecimento, costumes, hábitos, a arte, e outros aspectos de uma dada sociedade.
Coronel Fabriciano, o primeiro município da Região Metropolitana do Vale do Aço, emancipado em 948, seguido por Ipatinga e Timóteo, emancipados em 1964 e Santana do Paraíso em 1992, é o município com o maior número de bens patrimoniais inventariados e tombados nas categorias material e imaterial.
Primeiras manifestações artísticas, culturais e religiosas
Além da Terpsícore, outra escola coordenada pela professora de dança Bia Antunes se destacou neste segmento cultural, inclusive tendo um bailarino fabricianense no segundo maior balé da Rússia.
Política pública cultural
Uma política vigorosa, voltada ao reconhecimento dos valores artísticos e culturais do município, implementada pelo poder público, propiciou ao povo fabricianense ter salvaguardado um vasto acervo de bens tombados de valor inestimável. São referências históricas que contam a sua trajetória nos aspectos artístico, arquitetônico, fotográfico, literário, mobiliário, profissional e comercial.
Dentre elas, obras do pintor renomado internacionalmente, Carlos Oswald, que realizou os desenhos finais do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Nascido em Florença (Itália), Carlos Oswald possui gravuras nos Palácios São Joaquim e Pedro Ernesto, também no Rio de Janeiro. Obra de Carlos Oswald em Coronel Fabriciano pertence a Paróquia de São Sebastião.
Outras obras de expressivo valor cultural na forma de monumentos são: a escultura em aço inoxidável dedicada à Declaração Universal dos Direitos Humanos, do escultor também reconhecido internacionalmente, Leo Santana, autor da estátua de Carlos Drummond de Andrade, na praia de Copacabana e também a escultura de São Sebastião, na co-catedral de Coronel Fabriciano. De Wilma Nöel, a escultura “Terra Mãe”, reverencia Coronel Fabriciano como a cidade pioneira do Vale do Aço.
Na área de artes plástica, a importante obra da artista plástica fabricianense Celma Deuse Franco, uma aquarela de nome “Equilíbrio Ecológico”, pertencente à pinacoteca do Museu Histórico Municipal José Avelino Barbosa, teve orientação de um dos mais consagrados artista plástico do país, Alberto da Veiga Guignard, quando Celma foi sua aluna no Instituto de Belas Artes de Belo Horizonte, fundado por Juscelino Kubitschek.
Edificações e arquitetura marcante no centro
No aspecto arquitetônico, Coronel Fabriciano conta também com um inestimável conjunto de obras civis. No centro da cidade, há pouca distância um do outro, pode-se contemplar o belo prédio da Prefeitura, totalmente restaurado pelo governo Marco Vinicius. A edificação, em frente à Praça Louis Ensch, é um marco da arquitetura moderna na região, projetado pelo arquiteto José Luiz Batista da Silva.
Ao lado da Prefeitura, localiza-se o prédio revestido em tijolinho, da antiga Telemig. Pouco adiante, uma casa construída na primeira metade do século 20 pela Belgo Mineira para seus funcionários, totalmente original. À frente desta, o prédio do Grupo Escolar Professor Pedro Calmon, o primeiro prédio escolar construído em Coronel Fabriciano. Seu nome foi dado pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, em homenagem ao professor baiano Pedro Calmon.
Pouco à frente, o Salão Paroquial, inaugurado em 1959, foi projetado pelo arquiteto Wilmar Krantz. Sua construção possui estilo moderno de vanguarda, influenciado pelo marcante estilo arquitetônico da construção de Brasília.
Memorial do Rádio
Ao lado do Salão Paroquial, as instalações da Rádio Educadora – a primeira emissora AM da região, inaugurada em 1968 – abriga o relevante “Memorial do Rádio PE Marcos Guabiroba C.Ss.R”. O espaço cultural conta a rica história da radiofonia brasileira por meio da linha do tempo. Ainda, uma exposição de rádios antigos, centenas de discos em vinil e a primeira mesa de transmissão da rádio conta a história da emissora.
Matriz de São Sebastião
Logo adiante, a Matriz de São Sebastião, iniciada sua construção em 1946 e inaugurada antes de sua conclusão em 1949 para celebrar a missa de instalação do município. A matriz pertence a primeira paróquia criada da região do Vale do Aço, a Paróquia de São Sebastião.
A torre da matriz guarda dois sinos, que desde a década de 1970, repicavam de acordo com as tradições também repicadas nas igrejas históricas de Minas Gerais. Seus sinos eram tocados também para acordar a população para a missa das 6 horas da manhã, na noite de Natal e Ano Novo, anunciando as procissões, ou mesmo em celebrações fúnebres. Entretanto, esta tradição permaneceu até a década de 2010, quando o sineiro Pedrinho faleceu. Com apoio do setor de cultura da prefeitura, a beleza sonora dos sinos, está sendo resgatada conforme as tradições, e estes voltam a fazer parte da vida dos fabricianenses, tendo como novo sineiro, Alexandre Magno Lopes Dias. Desde 2009, o “Toque dos Sinos” em Minas Gerais foi inscrito no Livro das Formas de Expressão, do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.
Ainda na parte superior, um raro maquinário, com um complexo sistema de engrenagens todo em aço, aciona os quatro relógios da torre. Fabricado no Sul de Minas pela Metalúrgica Tabu, no ramo de relógios para Torreões e Pêndulos, o equipamento fabricado artesanalmente que aciona o sino nas horas marcadas, foi instalado em 1954.
Tradições religiosas
Paisagismo urbano cultural
Por um bom acaso da história, estes importantes patrimônios culturais estão bem próximos uns dos outros, o que favoreceria a integração destes por um projeto paisagístico urbano cultural no centro da cidade, em menores proporções, exemplificado com complexo cultural da Praça da Liberdade na capital mineira que aglomera prédios históricos.
O espaço ocioso no adro da igreja inspira sua revitalização com a instalação de um Marco Zero, o que proporcionaria maior ênfase à administração pública, que vem demonstrando uma ativa vocação para a preservação do patrimônio cultural do município.
Rico acervo preservado no Museu Histórico Municipal José Avelino Barbosa
No mesmo conjunto de edificações históricas, no coração da cidade, cortado pela rua Dr. Querubino, funciona também a Biblioteca pública e o Museu Municipal. No Museu – espaço que se torna cada dia insuficiente diante do crescente surgimento de novos objetos, como o raro hormônio do ex bispo emérito da Diocese Itabira-Fabriciano, dom Lélis Lara – a trajetória histórica do povo fabricianense está ali, na forma de relíquias domésticas, relatos, imagens, itens que remetem a arte e o ofício do passado entre outros catalogados.
Segundo a coordenadora da cultura, Bia Antunes, ela e o diretor Teco Teixeira, vem manifestando junto à prefeitura a necessidade de adquirir um espaço adequado para a instalação do importante acervo, para cumprir seu papel cultural, que é receber visitantes. Inspirado no Museu Abílio Barreto de Belo Horizonte, o museu de Coronel Fabriciano é referência cultural no âmbito do Médio Rio Doce.
Ainda no centro da cidade
Pouco distante, mas, ainda no centro, estão o Colégio Angélica, um belíssimo conjunto arquitetônico, construído no início de 1950, porém, um tanto ofuscado pelas cores fortes de um supermercado ao lado e o Sobrado dos Pereira, o primeiro sobrado construído na região.
Importância histórica
Patrimônio, palavra que vem do latim ‘pater’, que significa pai, é um conceito atrelado à noção daquilo que é passado como herança entre as gerações ou tudo aquilo que possui importância histórica e cultural para um país ou uma pequena comunidade, como a arquitetura, festas, danças, música, manifestações populares, artes, culinária, entre outros.
No Brasil, a discussão sobre o que é Patrimônio Histórico e Cultural vem da Constituição de 1937, cujo artigo 1º do Decreto de Lei nº 25, apresenta o seguinte conceito:
“Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional (com reflexo nos Estados e Municípios), o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.”
O artigo 134 da Constituição de 1937 afirma que esses monumentos devem ser protegidos pela Nação (Estado ou Município), sendo que atos danosos a eles devem ser comparados a um atentado contra o patrimônio nacional.
Art 134 – Os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza, gozam da proteção e dos cuidados especiais da Nação, dos Estados e dos Municípios. Os atentados contra eles cometidos serão equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.
Tipos de Patrimônios Culturais
O Patrimônio Cultural é dividido em dois grupos, que variam de acordo com a sua natureza. São eles: Patrimônio Imaterial e Patrimônio Material. Além desses, há também o Patrimônio Artístico, que reúne os bens artísticos, e o Patrimônio Natural, referente aos bens naturais de uma região.
Patrimônio Imaterial
É o tipo de patrimônio considerado intangível e abrange as expressões simbólicas e culturais de um povo, como as festas, as danças, músicas, saberes, costumes, formas de expressão, entre outros.
Patrimônio Material
Diz respeito aos bens materiais, ou seja, tangíveis, de um povo. Abrange os museus, monumentos arquitetônicos, igrejas, bibliotecas, etc.