Local onde parece que o tempo parou, é onde o visitante desfruta do melhor que a vida preservou
FOTOGRAFIAS: ELVIRA NASCIMENTO
Uma viagem no tempo pelos caminhos da memória, é muito bom, mas, uma viagem no tempo por meio do sabor, do aroma e da prática do saber artesanal, é ainda melhor.
Essa afirmação pode ser comprovada na agradável sensação vivenciada na localidade rural e montanhosa de Ipatinga de nome Tribuna. Ali, a uma altitude aproximada de 1.000 m, sob uma temperatura média de 20º, pode-se ainda contemplar a única fabricação de açúcar e rapadura em território ipatinguense, com as mesmas técnicas originais do passado. E pode-se também admirar a rusticidade da fabricação do fubá em moinho de pedra, movido à água, funcionando desde 1935 e um alambique para a produção de cachaça artesanal.
Tempo do tropeiro
Essa ancestral estrutura, encravada no conjunto de serras da Pedra do Leão Deitado, onde formam os córregos afluentes do ribeirão Ipanema, é preservada desde o tempo que os tropeiros arranchavam no local, denominado na época Fazenda de José Teixeira. Hoje, este precioso patrimônio histórico e cultural ainda em plena atividade, é cuidadosamente mantido por Eva Maria de Oliveira, que nasceu no local. Juntamente com seu marido, José Osvaldo de Oliveira e o filho Ulisses, eles fazem do Outeiros de Minas e do sítio Recanto Vô Teixeira e Vó Inhá, um dos mais significativos empreendimentos turísticos do Vale do Aço e região.
Nas primeiras horas do dia
Este rudimentar método fabril, que resistiu ao tempo dentro do território de Ipatinga, contrapõe de forma abismal ao mecanicismo industrial da Usiminas, há poucos quilômetros serra abaixo.
Cafezais
Ipatinga, cidade que floresceu na primeira metade do século XX, tem suas raízes nos antigos traçados dos tropeiros. Na Tribuna, Ipaneminha, Pedra Branca, ou mesmo no distrito de Barra Alegre, onde tudo começou, essas terras eram cobertas por cafezais. Os tropeiros da região transportavam o café por estreitas trilhas, até Ipatinga, onde eram embarcados para Caratinga, cidade na Zona da Mata, que abrigava armazéns do antigo IBC – Instituto Brasileiro do Café, criado durante o governo de Getúlio Vargas.
O apogeu do café, durou em terras ipatinguenses até a chegada da broca, que dizimou mais de 90% da lavoura.
Quem remonta essa história é José Osvaldo e Eva Maria, que no passado, lecionava para os meninos da região no local onde funcionava também como paiol. Segundo Ulisses, que é professor no Colégio São Francisco Xavier, quando ele estudava no paiol, o recreio das crianças era no antigo curral, que ficava rente a sala de aula improvisada. José Osvaldo e Eva, vivem na antiga sede da fazenda, uma ampla casa construída em pau-a-pique, de onde administra o admirável empreendimento turístico familiar, que tem o engenho, o moinho, o alambique, o aconchegante e bem estruturado sítio Recanto Vô Teixeira e Vó Inhá e o Outeiro de Minas, como atividade econômica 100% sustentável.
José Osvaldo, que produz a rapadura e cachaça com seu filho Ulisses, apenas no período da safra da cana, recorda do tempo em que o seu pai José Anatólio Barbosa, tinha em sua propriedade em Barra Alegre uma máquina de beneficiar café. Também tropeiro, José Anatólio engordava capados, matava-os e vendia as bandas de toucinho em Ouro Preto. José Osvaldo recordava ainda, que seu pai formava uma tropa com cerca de 15 a 20 mulas, carregava de toucinho e vendia a carga juntamente com os animais na antiga capital mineira, voltando para casa apenas com o cavalo que montava e o dinheiro no bolso.
José Osvaldo contou ainda que o atual Bairro Bethânia era a fazenda Barra Grande, pertencente a Pedro Soares de Oliveira, que produzia muares para montaria e para formação de tropas. Segundo ele, Pedro Soares vendeu a fazenda para Celim José de Salles por 830 contos, valor que na época todos acharam uma verdadeira fortuna.
Sítio Recanto Vô Teixeira e Vó Inhá
A rustica produção de rapadura, cachaça e fubá, são parte dos atrativos do complexo turístico que engloba o sítio Recanto Vô Teixeira e Vó Inhá e o Outeiros de Minas, que oferecem locação, turismo de vivências rurais, caminhadas, café e almoço mineiro, e muita hospitalidade.
Junto ao Outeiros de Minas, o sítio Recanto Vô Teixeira e Vó Inhá, dotado de piscina, salão de festa, ampla área gramada e um belo jardim, tem a capacidade de acomodar mais de 70 hóspedes simultaneamente em suas confortáveis instalações.
Vida simples e natureza
No Outeiros de Minas, em sua atmosfera rural, a história de Ipatinga do período pré-industrial é contada em detalhes, em meio ao canto de pássaros, o cacarejo das galinhas, o soprar dos ventos da montanha e um delicioso almoço rural sob encomenda é servido sobre o fogão a lenha.
História, hábitos e costumes da vida simples, natureza preservada e nostalgia, ingredientes que reforçam o turismo saudável, vem consolidando o Outeiros de Minas como um destino turístico único e de grande valor cultural.
Para se chegar neste recanto, privilegiado pela própria natureza, atravesse a ponte sobre o Ribeirão Ipanema antes do Parque das Cachoeiras e pegue a estrada principal da Tribuna. Em poucos minutos, contemplando uma paisagem cênica de rara beleza, chega-se onde parece que o tempo parou.
Agende uma visita no telefone (31) 988655212 e conheça um pouco mais sobre o Outeiros de Minas, no instagram @outeirosdeminas