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Há mais de 500 km do mar, mineiro sonha navegar pelo litoral brasileiro e pelo rio Amazonas

Edgar de Oliveira prevê a finalização do veleiro em 2023

Há uma máxima que diz: sonho não tem preço. Quem pode garantir a veracidade deste senso comum é Edgar de Oliveira, morador da cidade de Capelinha, no Alto Jequitinhonha, onde atualmente é colaborador da Aperam Bio Energia.

Apaixonado pela navegação desde criança, Edgar vem a passo a passo realizando seu maior sonho, construir um veleiro e partir para o mar. Segundo ele, ainda criança, construía jangadas com tronco de bananeira ou bambu para brincar no lago formado na propriedade de seu pai. Com o passar do tempo, Edgar foi sendo atraído por literaturas focadas na navegação, impelindo-o ainda mais a embrenhar-se pelos horizontes do conhecimentos de modos construtivos de embarcações e métodos de navegar, até que em 2017 construiu seu primeiro barco, um PP-135.

Edgar revela que essa audaciosa inspiração de construir seu próprio barco e navegar pela costa brasileira e pelo Amazonas, teve origem no navegador Amir Klink. Após ler o livro “100 dias entre o céu e o mar, Edgar sentiu-se plenamente à vontade para empreender na realização de seu sonho.

TIKI-30

Modelo TIKI-30, semelhante ao construído por Edgar de Oliveira – Site James Wahrram.

O barco que Edgar está construindo em sua própria casa, é um veleiro TIKI-30, estilo catamarã oceânico com 30 pés de comprimento (9.144 metros). À base de compensado naval e madeira maciça, especialmente o cedro, a embarcação que comporta até seis tripulantes é um projeto do famoso construtor inglês James Wahrram. Segundo Edgar, ele descobriu o projeto da embarcação na internet, quando adquiriu a licença do projetista para construí-lo.

Na fase de acabamento, o veleiro recebe a pintura

Outro fator que Edgar considera como importante na decisão de construir o TIKI-30, é a facilidade de acesso à novas tecnologias e aquisição de materiais específicos para construção de navegações na internet, como colas, resinas epox, fibras de vidro, tintas especiais entre outros itens. Edgar assegurou que o veleiro, estará pronto para navegar em 2023, levando embarcado um pequeno motor de 10 HP, utilizado apenas em caso de emergência, ou para ancorar em algum estacionamento. Entre as diversas opções, Edgar ainda não escolheu o nome da embarcação que até a fase de acabamento, custou 100 mil reais.

A experiência com que o então instrutor de operação de máquinas pelo Senar vem implementando na construção do TIKI-30, vem de um outro barco que ele construiu em 2017, o modelo PP-135, bem menor que o atual. Este, cuja construção durou um ano, foi projetado pelo brasileiro Gustavo Dantas. Este permitiu que Edgar adquirisse tal experiência tanto na área de construção, como na navegação, onde nos dias de folga, navegava nas lagoas da região onde vive, ou seguia para o Rio de Janeiro.

Após a conclusão do veleiro, Edgar pretende velejar pelo litoral brasileiro e embrenhar-se pelos rios do Amazonas. Um de seus planos como navegador, é contatar com ribeirinhos dos grandes rios amazônicos, vivenciar a diversidade cultural da região, ou até mesmo escrever um livro sobre sua aventura.

Quem é James Wahrram

James Wharram e uma maquete de seu projeto

Wharram nasceu em Manchester , Inglaterra. Em 1953, após longos estudos sobre os registros de barcos do Pacífico nas bibliotecas e museus da Grã-Bretanha, e inspirado no livro de Eric de Bisschop, The voyage of the Kaimiloa, ele projetou e construiu o primeiro navio oceânico britânico, catamarã de canoa dupla, o Tangaroa. Em 1955-1956 navegou com Jutta Schultze-Rohnhof e Ruth Merseburger, através do Atlântico para Trinidad – o início do cruzeiro e travessia transatlântica com catamarã.

A partir de 1973, Wharram foi auxiliado por seu co-designer Hanneke Boon. Em 1987-92, James e seus parceiros construíram um novo navio-almirante, o catamarã de 63 pés Spirit of Gaia , que eles navegaram para o Pacífico e ao redor do mundo, para estudar canoas no Indo-Pacífico.

Projetos de catamarã Wharram

Os designs do Wharram são inspirados nas canoas duplas polinésias e normalmente têm um convés aberto, com pequenos decks para abrigo da tripulação. Wharram combinou a construção de barcos com estudos da cultura polinésia. A maioria dos catamarãs modernos são construídos como uma única estrutura rígida, sustentando assim maiores forças e tensões nas ondas, enquanto nos Wharrams os cascos separados são conectados às vigas com amarrações de cordas (sintéticas), no verdadeiro estilo polinésio. A flexibilidade do sistema Wharram faz com que os barcos sofram menos estresse nas ondas do mar.

Wharram morreu em 14 de dezembro de 2021, aos 93 anos.

 

https://www.youtube.com/watch?v=AkNskq4Tfc0

 

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