Muita arte marcou a noite no Centro Comunitário U.D.C.B.J, no bairro Bom Jardim
Fotos: Elvira Nascimento
A arte tem duas características que se conectam entre si, a arte erudita e a arte popular. Mais valorizada do que a arte popular, a erudita é vista como arte que da lucro, isto é, atende uma população que pode compra-la. A arte popular, em geral é vista como espontânea, que vem das ruas, das praças, das raízes, dos guetos e de todos os lugares que inspiram a sua criação.
Entretanto, as duas artes têm o mesmo impulso artístico. Todos os artistas são movidos pela vontade de produzir e inovar sempre, tendo a criatividade como combustível. A arte popular, de certa forma alijada do status quo da arte comercial, é uma arte pulsante, criativa, vibrante e inclusiva, e que vem se tornando visível por meio de programas de apoio à arte e a cultura, nas esferas municipais, estaduais e federais. Os programas têm como objetivo dar oportunidade à todas as manifestações artísticas e culturais no âmbito popular.
Foi nessa jornada que o Comitê de Cultura em Minas Gerais uniu a comunidade de Ipatinga para assistir e vivenciar a extensa e diversificada apresentação de diversos artistas regionais. Cortejo de congadeiros, dança, poesia, musicalidade, canto, debates e rodas de conversas entre outras manifestações, surpreenderam o público que lotou o espaço, com sua versatilidade e qualidade artística.
O evento
Na última quarta-feira, 28 de agosto de 2024, o Comitê de Cultura em Minas Gerais realizou sua esperada apresentação pública no Centro de Convivência Esaú José da Silva (Centro Comunitário U.D.C.B.J.), localizado no bairro Bom Jardim, Ipatinga. O evento, que se estendeu desde o início da noite até as 22h, foi um verdadeiro sucesso, reunindo mais de 200 pessoas, incluindo crianças, jovens e adultos da comunidade local.
O público teve a oportunidade de vivenciar um evento cultural rico e diversificado, conduzido pelos mestres de cerimônia Diego Martins, ator e drag queen, e Reny Batista, professora de história e integrante do Educafro Núcleo Atitude.
A programação incluiu performances de dança, teatro, poesia, música, capoeira, bloco carnavalesco, rodas de conversa e atividades para todas as idades, com pipoca, algodão doce, pula-pula e espaço kids, garantindo diversão e engajamento para as crianças.
A noite teve início antes mesmo da chegada ao U.D.C.B.J., com um cortejo conduzido pelo Congado do Ipaneminha Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário, que trouxe sua força e ancestralidade para as ruas do bairro Bom Jardim. Em seguida, o público foi recepcionado pelo Grupo Violaço, que manteve viva a tradição da música raiz com suas apresentações de viola caipira.
A Associação Coreográfica Hibridus Cia. de Dança, responsável por articular o Comitê de Cultura na região, trouxe sua presença marcante para o evento, com discursos de seus fundadores, Luciano Botelho e Wenderson Godoi, que destacaram a importância da cultura periférica e das iniciativas que promovem a inclusão social. A dupla também apresentou um trecho de seu espetáculo ADEÓ, celebrando as ancestralidades e o poder transformador da dança.
Outro destaque da noite foi a apresentação do grupo de Revolution Break Crew, que trouxe a energia do breaking, além da performance de Preta Lua, MC e professora de dança afro, que encantou o público com sua apresentação.
O evento também contou com uma importante Roda de Conversa, reunindo representantes dos conselhos de cultura das esferas municipal, estadual e nacional. Sávio Tarso, Morrison Deolli e João Michel discutiram o tema “Cultura em Movimento: Diálogos entre Conselhos e Territórios”, aprofundando o debate sobre as políticas públicas de cultura em Minas Gerais.
A AIC – Agência de Iniciativas Cidadãs, organização da sociedade civil (OSC) que lidera a articulação do Comitê de Cultura em Minas Gerais, em parceria com a Hibridus e outras duas OSCs mineiras (Associação Carla Rosa, em Viçosa, e Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, em Araçuaí) apresentou o propósito do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC), do Ministério da Cultura, do qual o Comitê faz parte. Foi reforçada, ainda, a importância da articulação entre diferentes sujeitos e instituições na promoção da cidadania.
A apresentação pública ainda contou com performances artísticas do ECOAR – Espaço Cultural Ofício e Arte Básico Coletivo Artístico; Banda TOM, da Escola Municipal de Música Tenente Oswaldo; Drag Queen Nayarah Carraroh; Bloco Cultural e Carnavalesco Afoxé; e Quilombo do Queimado.
A noite foi, sem dúvida, uma celebração da diversidade e do poder da cultura de base comunitária. O bairro Bom Jardim, com sua energia e história, foi o palco ideal para esse encontro, onde arte, cultura e cidadania se entrelaçaram, mostrando a força da cultura popular de Minas Gerais.