Fundação Geraldo Perlingeiro de Abreu realiza 3ª etapa do Pulsar Jovem em Ipatinga
FOTOS: ELVIRA NASCIMENTO
Neste sábado (19/10), o líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor, sendo imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, participou como palestrante do “Pulsar Jovem pelo Rio Doce” evento realizado em Ipatinga pela Fundação Geraldo Perlingeiro de Abreu, em parceria com a Fundação Renova.
Mais de 700 jovens de 33 municípios estiveram presentes na sede campestre da AAPI no bairro Bom Retiro onde acompanharam por toda manhã e parte da tarde uma ampla programação composta por palestra, apresentação artística do Grupo Rizoma, certificação de jovens, almoço, atividades integrativas e momento de festas.
O evento que tem como objetivo formar lideranças jovens nos 33 municípios da Bacia do Rio Doce para implementação de projetos socioambientais e ações de reparação no âmbito do desastre da Barragem de Fundão em Mariana, o ambientalista Ailton Krenak interagiu com o público, compartilhando todo o saber acumulado em sua trajetória como cidadão, filósofo, professor e escritor indígena.
Olhar para o próprio território
Krenak afirmou que a sociedade atual é uma sociedade extrativista, que paga por tudo que consome, salientado que ela perdeu a interatividade com a terra, que é plantar e cultivar. O ambientalista fez um desafio ao público presente, perguntando se alguém morava próximo a algum curso d´água e se este morador teria coragem de beber aquela água. Ele destacou que a água brota como um elemento incolor e inodoro, entretanto as águas superficiais próximas as áreas urbanas têm cheiro e são turvas, imprópria para beber.
Respondendo a pergunta de um dos presentes que o indagou como recuperar o Rio Doce, Krenak afirmou que o único instrumento de recuperação do rio após a catástrofe ocorrida a oito anos atrás, é o tempo. O impacto sofrido pelo Rio Doce, segundo ele, foi algo inimaginável e que ninguém tem resposta pronta, há não ser aprender com o próprio rio.
Estrada Salão Dourado
Ailton, que é também professor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e é considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Caminhos Gerais, onde falou de sua impressão sobre o mundo atual e sobre o Parque Estadual do Rio Doce. Na entrevista, o professor afirmou que é um crime contra a mais importante unidade de conservação de Minas Gerais pavimentar a Estrada Salão Dourado. Veja no final dessa reportagem a entrevista inédita de Ailton Krenak.
Para Ailton, o Parque Estadual do Rio Doce deve ser abraçado pela população do Vale do Aço e entorno de forma efetiva. Um abraço nos aspectos físico e especialmente afetivo. O Perd é um patrimônio valiosíssimo que preciso ser encarado com muita responsabilidade pelas pessoas à sua volta.
Entende-se que todas as instituições que se preocupam com o futuro do Perd e das próximas gerações precisam se posicionar contra os interesses políticos e econômicos que estão por traz de reativar uma estrada que poderá se configurar como um retrocesso ambiental.