Início » Governador Valadares, celebra 85 anos conectada com o mundo

- janeiro 29, 2023
Consagrada como a Capital Internacional do Voo Livre, foi pelas águas do rio Doce que tudo começou

Pelo rio Doce, os canoeiros aportavam mercadorias
Conhecida também como “Princesa do Vale”, a charmosa Governador Valadares remete a uma das primeiras expedições de desbravamento da Colônia no curso do rio Doce. Liderada por Sebastião Fernandes Tourinho, à procura de metais preciosos ainda no século XVI, o rio Doce tornou-se protagonista na conquista e na transformação do leste de Minas Gerais. No entanto, o povoamento foi iniciado somente entre os séculos XVIII e XIX, com a instalação de quartéis destinados a dominar os índios Borun em favor dos colonos que navegavam pelo rio Doce. O quartel de Baguari foi o primeiro em território do atual município. A partir dele surgiram povoamentos próximos, dentre os quais Santo Antônio da Figueira, que em 1923 recebeu o nome de Figueira, local que corresponde à atual sede do município.
Na década de 1930, se iniciaram os primeiros movimentos a favor da emancipação do distrito pertencente à Peçanha, vindo a ocorrer pelo decreto-lei estadual nº 32, em 31 de dezembro de 1937, instalando-se em 30 de janeiro de 1938.

Período da emancipação do ainda Figueira
Em 17 de dezembro do mesmo ano, o município recebeu a denominação de Governador Valadares em referência ao então governador de Minas Gerais Benedito Valadares.
A abertura da EFVM
O povoado consolidou-se mesmo após a abertura da EFVM, iniciada em 1904 em Vitória (ES).
No ainda Figueira do rio Doce, em 1910, a ferrovia construiu sua estação ferroviária. Anos depois, uma oficina de locomotivas e a instalação de uma unidade administrativa da Via Permanente, direcionando para a localidade um expressivo contingente de ferroviários.

Depósito de locomotivas da EFVM
Facilitado pelo transporte ferroviário, na região central da cidade foram abertas 14 serrarias entre 1940 e 1950. A atividade madeireira era abastecida pelas diversas espécies nobres explorada na vasta floreta que cobria todo o vale.

As ruas da cidades eram transformadas em depósitos de madeira

Uma das grandes serrarias das décadas de 1940 e 1950, a Cia Agropastoril, onde localiza hoje o bairro Universitário
Também na década de 1940 ocorreu em terras valadarense a exploração mineral, com a extração de mica e pedras preciosas, favorecendo a atração de consumidores e investidores de várias partes do Brasil, o que impulsionou a população para 20.357 habitantes em 1950 e 70 494 residentes em 1960. A cana-de-açúcar e a pecuária também se mostravam como atividades promissoras, tendo em vista as terras férteis do Vale do Rio Doce.
Casos de malária e outras doenças tropicais eram comuns, situação que começou a ser amenizada após a criação do primeiro serviço de saúde pública em 1942. Ainda na década de 1940, o abastecimento de energia elétrica foi reestruturado com a construção da Usina Hidrelétrica de Tronqueiras, em Coroaci. Na mesma época, o município passou a ser atendido pela BR-116, conhecida como Rodovia Rio–Bahia, sendo mais tarde, atendida também pela BR-381. Por esta última, a região é ligada à capital mineira Belo Horizonte, seguindo pelas margens do rio, até então beneficiada apenas pela estrada de ferro.
Açucareira

Em 1948, a Companhia Açucareira Rio Doce produzia cerca de 600 sacas de açúcar/dia
A Companhia Açucareira Rio Doce (CARDO), subsidiária da Belgo-Mineira, destacou-se como um dos principais investimentos industriais da cidade, tendo sido criada em 1946 e entrado em operação em 1948. Produzia açúcar e álcool a partir de uma plantação de cana-de-açúcar de 85 alqueires. Sua demanda fez com que a lavoura canavieira se expandisse na região, principalmente nos municípios de Açucena e Tarumirim. A Açucareira chegou a produzir uma média de 600 sacas por dia.
Com o esgotamento dos recursos naturais no município, a promissora economia valadarense declinou-se na década de 1960, resultando no fechamento das diversas serrarias existentes na cidade. Outro fator que abalou a economia do município foi a venda da Companhia Açucareira Rio Doce e a transferência de suas operações para São Paulo. Em 1972, a Açucareira encerra suas atividades.
Retomada econômica

Recursos provenientes de valadarenses no exterior aqueceu o mercado imobiliário principalmente na área urbana – Foto: Elvira Nascimento
Nas décadas seguintes, um novo fator foi determinante para a retomada da atividade econômica do município, a integração de recursos proveniente de valadarenses residentes em outros países, principalmente dos EUA. A construção civil, a prestação de serviços e o comércio, foram impulsionados por investimento de cerca de 25 mil valadarense residentes no exterior.

O Ibituruna Tower, o mais alto prédio do Leste de Minas, erguido pela WR Construtora comprova o bom momento do mercado imobiliário – Foto: Elvira Nascimento
Atualmente, a atividade comercial constitui a principal fonte de renda gerada na cidade, juntamente com a agroindústria e o beneficiamento de produtos regionais.
Turismo

Sede do Circuito Turístico Trilhas do Rio Doce, a atividade turística que já despontava promissora, vem se fortalecendo a cada dia – Foto: Elvira Nascimento
Outro segmento que vem influenciando significativamente na economia de Governador Valadares é o Turismo. O município, sede do Circuito Turístico Trilhas do Rio Doce, além de suas tradicionais manifestações culturais, seus diversos atrativos naturais e históricos e seus grandes eventos como o agropecuário no Parque de Exposições e campeonatos de voo livre, Governador Valadares é um dos quatro territórios que está sendo implantado o Arranjo Produtivo Local para o Turismo. Tal iniciativa faz parte dos programas de reparação do Rio Doce promovido pela Fundação Renova, em decorrência do desastre ocorrido na barragem de Fundão, em Mariana.
Cidade com localização estratégica e notabilizada como a maior e mais charmosa cidade do Vale do Rio Doce, oferece a seus visitantes atrativos únicos como:
o Pico da Ibituruna, tombado como monumento natural e ponto de encontro de praticantes de voo livre de todo o mundo. O local possui as melhores térmicas do mundo e se consagra como cenário nacional e internacional na prática do voo livre. Além de oferecer uma deslumbrante vista para a cidade, a região abriga diversas estruturas de hospedagens.

O voo livre é responsável por inserir Governador Valadares no calendário mundial da modalidade – Foto: Elvira Nascimento
O Museu Histórico de Governador Valadares, fundado em 1983, onde abriga uma variada gama de objetos, com mais de 1.200 peças. Em seu acervo é possível encontrar desde instrumentos de suplício, até trajes litúrgicos antigos, aparelhos telefônicos, cerâmicas indígenas, documentos e fotografias.
A Praça Serra Lima que homenageia um dos pioneiros de Governador Valadares, José Serra Lima, que projetou a área central da cidade. Ela é um dos pontos mais tradicionais e exuberantes para quem passa pelo centro. Possui um chafariz com iluminação.
O Mercado Municipal Governador Valadares, ponto de encontro de valadarenses para compra de produtos típicos regionais; o Clube Filadélfia e o Garfo Clube; a Galeria Wilson Vaz; a Lagoa do Pérola; o New Shopping Feira; o Parque Natural Municipal; a Praça da Rodoviária; a Praça dos Pioneiros; o Aeté Clube; a Catedral de Santo Antônio, o centro de compras GV Shopping entre outros.
Soma-se a isso, o comércio de pedras preciosas que ocorre no município todos os anos o “Brazil Gem Show”, evento que consiste no comércio de gemas e pedras preciosas e que recebe visitantes do Brasil e de todo o mundo.
Com linhas de ônibus para as principais capitais do país, aeroporto, estação ferroviária com trem diário, visitar Governador Valadares é muito fácil, é surpreender com uma cidade conectada com o mundo e vivenciar experiências que só a Princesa do Vale pode proporcionar.