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Tropeirismo inspira um dos mais abrangentes projetos turísticos para ciclistas na região, rica em história, belezas naturais e tradições

Para proporcionar que centenas de ciclista da região ávidos por novas aventuras contemplassem a exuberante paisagem natural de 6 municípios localizados na região serrana entre o Vale do Aço e o Médio Piracicaba e vivenciassem uma ruralidade rica em história, costumes e tradições, foi criado o projeto “Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo”.

Inspirado nas longas jornadas deste personagem, o Tropeiro, responsável pela abertura dos primeiros caminhos e conexões entre os povoamentos da região e o favorecimento da circulação de mercadorias produzidas nas primeiras fazendas instaladas, este ícone da história tornou-se indicativo nominal do empreendimento.

Responsáveis pelo desenvolvimento da região, os Tropeiros, seus antigos caminhos transformaram-se em rota cíclística, integrando 6 municípios – Foto: Acervo particular (Tropa de Juca Pontes)

Projetado sobre as antigas trilhas dos Tropeiros, conhecidos também como arrieiros, muleiros ou bruaqueiros, que percorriam a região transportando alimentos e mercadorias, os antigos caminhos, hoje, sinuosas e bucólicas estradas rurais, estendem-se por 196 quilômetros de extensão. Mapeado e sinalizado, o circuito turístico percorre os municípios de Timóteo, Marliéria, Dionísio, São Domingos do Prata, Antônio Dias e Jaguaraçu.

Sinalização

O projeto tem como premissa, sinalizar todo o percurso com placas padronizadas e mapear com georreferenciamento para maior segurança dos ciclistas. As prefeituras ficaram responsáveis pela implantação das placas de sinalização em seus respectivos territórios. Sinalizadas, a Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo estaria pronta para seu lançamento.

Os antigos caminhos, hoje, bucólicas estradas rurais, recebem sinalização da rota ciclística Vales dos Tropeiros – Foto: Acervo Revista Caminhos Gerais

O arrojado empreendimento voltado ao desenvolvimento da economia local de base criativa, que alia entretenimento e aventura, teve início em 2020, quando o Sebrae, o Circuito Turístico Mata Atlântica de Minas Gerais, a Agência da Região Metropolitana do Vale do Aço – ARMVA e a Rede Turismo no Vale, com participação da Associação de ciclistas de Timóteo e Prefeituras, criaram a Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo.

Diversas reuniões foram realizadas entre o Sebrae, Circuito Turístico, Agência Metropolitana, agentes de turismo e empreendedores, definindo diretrizes – Foto: Acervo particular – Foto: Cassandra Reis

Diversidade cultural e ruralidade

A ideia inicial foi responder à excepcional vocação ecoturística do território e transformar seu forte potencial ambiental e cultural em produto turístico de alto valor. Reconstituir os velhos caminhos dos Tropeiros, conectando fazendas históricas, as belezas naturais deslumbrantes, incluindo o Parque Estadual do Rio Doce, mirantes, gastronomia típica, religiosidade, festas tradicionais, artesanato diversificado e um alto número de ciclistas ávidos por novas aventuras, era tudo que a iniciativa precisava para ser um empreendimento bem sucedido.

A interação com o cotidiano rural em Marliéria proporciona sensações diferentes do dia a dia urbano – Foto: Elvira Nascimento

 

Diversas fazendas históricas ao longo do circuito, como a Fazenda Olaria em Marliéria, remetem ao período do intercâmbio comercial por meio dos Tropeiros – Foto: Elvira Nascimento

 

O leite a caminho da cooperativa na tranquila estrada rural de Dionísio – Foto: Isa Klein

 

O modo de fazer da rapadura em Jaguaraçu, é uma das especiarias ancestrais que se pode apreciar – Foto: Acervo Revista Caminhos Gerais

 

O rico e diversificado artesanato, como o coser da palha do indaiá em Antônio Dias, é uma das tradicionais artes populares encontradas na Rota Vales dos Tropeiros – Foto: Elvira Nascimento

 

O primoroso artesanato destaca a beleza da fauna silvestre do Parque Estadual do Rio Doce – Foto: Acervo Revista Caminhos Gerais

 

As belas cachoeiras ao longo do circuito são paradas obrigatórias para refrescar e fotografar – Foto: Elvira Nascimento

 

Travessias históricas estão no caminhos dos ciclistas, como a Ponte do Amorim em Antônio Dias – Foto: Elvira Nascimento

 

A exuberância do Parque Estadual do Rio Doce é um dos belos cenários naturais na Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo – Foto: Elvira Nascimento

Comida de verdade e calor humano

A iniciativa respondia à proposta do Vale do Aço Destino Turístico e sua derivação, o Vale além do Aço, que preconizava que além do aço, produzimos também entretenimento, prazer, qualidade de vida, alimentação saudável, com comida de verdade, ar puro, calor humano, elementos da cultura mineira nas fazendas, nos lugarejos e suas gentes, nas histórias locais, nas quitandas e cafezinhos, nos almoços com memórias afetivas e caipiras, nos produtos rurais como queijos, doces, farinhas, mel, cachaça, palmito, frutas, verduras, legumes, ovos frescos entre outros nos meios de hospedagem seja no campo ou nos espaços urbanos das acolhedoras cidades por onde se pode passar, parar, desfrutar da vida calma e seguir viagem.

A gastronomia tradicional assegura a qualidade da comida servida ao longo da rota – Foto: Elvira Nascimento

 

A quitanda remete aos deliciosos cafés da manhã das acolhedoras cozinhas rurais – Foto: Elvira Nascimento

Estava então colocado todo um cenário riquíssimo de possibilidades: favorecer uma nova economia incrementada por meio do turismo de base sustentável, em um movimento participativo e contínuo, com planejamento e capacitação empreendedora.

 

O profissionalismo na produção artesanal de Santana do Alfié, distrito de São Domingos do Prata – Foto: Café com Design

O primeiro passo foi organizar um grupo de trabalho com representantes de todos os seis municípios, que incluía o poder público, a sociedade civil e empreendedores do setor de turismo para avaliar o que fazer, como fazer e onde fazer.

Com a definição dos municípios que integrariam a extensa rota turística e um inventário sobre as reais potencialidades locais, juntamente com o dimensionamento geográfico da região, o grupo de trabalho iniciou um plano de ação que incluía: traçar uma rota, criar uma identidade visual, sinaliza-la, capacitar as pessoas para consolidar a ampla cadeia produtiva, levantar a história e a influência do tropeirismo na região e um plano de marketing.

Identidade visual

Identidade visual do projeto Vales dos Tropeiros Cicloturismo – Arte Café com Design

Para a execução de todas as etapas, o grupo de trabalho buscou no Sebrae consultoria técnica, que agregasse maiores conhecimentos focados na profissionalização do empreendimento.

Uma série de encontros e reuniões foram realizadas nas diversas localidades em toda a extensão da rota ciclística. A cada encontro, reafirmava o comprometimento entre os parceiros com o cooperativismo. Neste espírito de cooperação, os atrativos dos municípios eram compartilhados na mesma relevância estratégica.

No arco da rota ciclística, um minucioso levantamento históriográfico, focado no resgate da memória destes pioneiros foi colocado em ação, como levantamento e mapeamento das antigas trilhas; quais as mercadorias transportavam; quais os seus destinos; quais as fazendas produziam; o que produziam; o que os alimentavam; quais suas devoções e sincretismos entre outros dados que reforcem a identidade material e imaterial ao longo do circuito.

Mapa da Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo, abrange 6 municípios

História

Consta na história, que o tropeirismo começou por volta do longínquo ano de 1695 quando da criação da Vila de Taubaté no Estado de São Paulo. Devido a necessidade de se transportar ouro, prata e pedras preciosos das Minas Gerais para o porto do Rio de Janeiro, foi necessário o emprego do transporte animal, os muares (cruzamento de jumento com égua). Segundo levantamentos em história oral, uma tropa era constituída de 12 animais, entre mulas ou burros. A partir dessa época, precisamente de 1730 em diante, o tropeirismo tornou-se mais intenso, percorrendo por outros caminhos. Estes percorriam um percurso diário de 25 km ou 5 léguas em média. Os animais carregando em torno de 100 kg ou 7 arrobas, eram repontados sob gritos e assovios por longas distâncias, muitas vezes até cerca de 2000 km.

Desde o período da mineração primitiva, os Tropeiros da colônia já percorriam as regiões de Antônio Dias e Santana do Alfié

Na região que engloba a Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo, os antigos tropeiros que transportavam cereais da região para os principais centros de povoamento da região central de Minas Gerais, foram responsáveis pelo desenvolvimento da atividade agropastoril na região, que dependiam do transporte para o escoamento e comercialização da produção local.

Na primeira metade do século XX, quando se inicia na região do atual Vale do Aço a implantação das usinas siderúrgicas, o advento atrai para um elevado número de trabalhadores. Para o abastecimento do grande número de trabalhadores, os Tropeiros exercem o papel fundamental, no transporte da produção agrícola da região para os armazéns das empresas.

Refazendo as trilhas

Fundamentada na história e na cultura destes pioneiros, a Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo, que traz consigo a tradição dos deslocamentos pelos caminhos percorridos pelos tropeiros, serão hoje, refeitos por ciclistas em suas bikes. Estes favorecerão a troca de experiências com as comunidades rurais, novas perspectivas de fomento da tradicional indústria artesanal e incremento nos serviços de hospedagem.

Um grande número de ciclistas do Vale do Aço, ávidos por novas aventuras, resignificarão em suas bikes os antigos caminhos dos Tropeiros – Foto: Alex Ferreira

Onde dormir e comer

Os municípios de Timóteo, Marliéria, Jaguaraçu, Dionísio, São Domingos do Prata e Antônio Dias, contam com um diversificado padrão de hospedagens e alimentação, sejam em áreas urbanas ou no campo. Refinadas pousadas, campings, sítios de aluguel, hotéis, casa de família, bares, restaurantes, lanchonetes, bistrôs entre outros serviços, oferecem conforto, experiências e hospitalidade diferenciados.

Segundo a empreendedora no Turismo, Denise Castro Pereira, proprietária do aconchegante Canto Dadê Pousada e Bistrô, inaugurado recentemente no centro de Marliéria, aprimorar na qualidade da recepção e atendimento ao ciclista, ao turista ou ao excursionista, seja nos tradicionais ou novos negócios integrados, poderá fortalecer em muito a cultura e o desenvolvimento local. Denise, salientou ainda que investir em Turismo de base local, é investir em cultura, em sustentabilidade e no futuro.

Inaugurado recentemente, o aconchegante Canto Dadê Pousada e Bistrô, é uma das qualificadas estruturas turísticas do circuito Vale dos Tropeiros Cicloturismo – Foto: Denise Castro Pereira

Outra empreendedora que aposta no cicloturismo, é Edilma Marina Vieira Martins, moradora do distrito colonial de Santana do Alfié. Ela assegura que o projeto é uma alternativa para a melhoria da economia das pequenas cidades por meio do aproveitamento do potencial já existente. Edilma aponta ainda, que o circuito ciclístico, trará incentivo à produção, gerará trabalho e renda e benefícios coletivos, além de incentivar o resgate cultural e integrar as pessoas em novas vivências com saberes e sabores especiais.

Edilma Marina Vieira Martins, moradora do distrito colonial Santana do Alfié, enaltece a importante historicidade do distrito, pertencente a São Domingos do Prata – Foto: Acervo particular

 

No perímetro urbano de Timóteo, os ciclistas conhecerão as origens do processo de industrialização do Vale do Aço – Foto: Elvira Nascimento

Pré-Lançamento

O pré-lançamento da Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo aconteceu na Feiraço Edição 2024, feira de negócios e serviços, realizada em Ipatinga no mês de maio.

O sucesso foi além das expectativas. Um expressivo público circulou pelo espaço onde todo o potencial da Rota Vale dos Tropeiros Cicloturismo foi apresentado por seus protagonistas.

Lançado na Feiraço edição 2024, a Rota Vales dos Tropeiros Cicloturismo surpreendeu o grande público com o significativo stand, que lembra os antigos casarões – Foto: Elvira Nascimento

 

Um grande público conheceu o elevado potencial turístico do Vales dos Tropeiros Cicloturismo, no stand – Foto: Elvira Nascimento

 

 

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