
Seu novo trabalho é um mergulho nos principais rios do planeta, com destaque para os rios de Minas Gerais
O engenheiro, ambientalista e professor Cláudio Bueno Guerra lançou recentemente seu mais novo livro “Quem são eles, os rios?” O evento reforçou a importância dos rios como elementos históricos, econômicos e culturais, promovendo uma reflexão sobre a relação entre sociedade e os recursos hídricos.

A relação de Cláudio Guerra com o rio vem do tempo de sua infância em Nova Era, cidade literalmente cortada pelo rio Piracicaba – Foto: Elvira Nascimento
Sua mais nova obra, faz uma abordagem mais ampla sobre os rios, diferentemente de seu relevante trabalho literário científico, lançado em 1999, “Expedição Piracicaba, 300 Anos Depois.”
O livro mergulha nos rios de Minas Gerais, com destaque para o São Francisco, o Doce, o Santo Antônio e o Piracicaba, esse último carregado de memórias afetivas do autor, pois é o rio que passa pela sua aldeia, destacando também alguns rios emblemáticos no mundo.

A capa do livro: Quem são Eles, Os Rios?
Para o autor novaerense, que dividiu sua infância e adolescência entre a escola e as águas do rio Piracicaba, que corta literalmente o perímetro urbano de sua cidade natal, tem um conceito bastante pertinente sobre os rios: “Um rio não é apenas um traço azul no mapa. Ele é um ser vivo, dotado de força, beleza e magia.” “Os rios possibilitam a integração social e cultural, ligando regiões, pessoas, atividades econômicas e manifestações culturais.”
Segundo ele, o professor e historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-82) já chamava a atenção, na década de 1940, sobre a relevância dos rios na ocupação do Brasil, apontando que eles desrespeitaram a linha oficial do Tratado de Tordesilhas e redefiniram a geografia nacional.

A dificuldade para desencalhar o bote na travessia do rio Piracicaba na região do Vale do Aço contrasta com o caudaloso rio em menos de meio século – Foto: Arquivo CG
Motivação
Cláudio Guerra enfatiza que “A motivação deste livro é a preocupação com o futuro da água. Vivemos um cenário de mudanças climáticas, desmatamento e poluição, e precisamos reinventar nossa relação com os rios,” enfatizou Guerra.
O livro aborda também as tragédias ambientais que marcaram Minas Gerais e impactaram profundamente a população e o meio ambiente. Ele dedica um espaço significativo ao desastre-crime que devastou o rio Doce, após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em 2015, e ao colapso da barragem de Brumadinho, em 2019.

O Rio Doce atingido pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana, nas imediações do Parque Estadual do Rio Doce – Foto: Arquivo CG
“O desastre do rio Doce foi um crime, não um acidente. Foram milhões de toneladas de rejeitos tóxicos despejados no rio, impactando dezenas de municípios e o Oceano Atlântico. Uma década depois, ainda esperamos justiça,” pontuou Guerra.
“O Piracicaba é um rio que precisa de atenção urgente. Sua bacia hidrográfica é fundamental para a economia local, mas sofre com a poluição e o descaso ambiental. Os Comitês de Bacia precisam ser fortalecidos para garantir sua preservação,” defendeu.
Com a publicação do livro “Quem são eles, os rios?”, Cláudio Guerra convida à reflexão e à ação, reforçando que o futuro da água depende do engajamento da sociedade e que a preservação é uma urgência que não pode ser ignorada.
Cláudio Guerra é graduado em Engenharia de Produção pela UFMG, especializado em Engenharia da Qualidade na Inglaterra e Alemanha, com Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental no Unesco-IHE, Instituto de Educação para a Água, em Delft, Holanda. Atuou como consultor ambiental, em orientação técnica na formação de comitês de bacias dos rios Caratinga, Piracicaba, Santo Antônio e trabalhou para o Unicef, Unesco e ANA – Agência Nacional de Águas,
Serviço
O livro Quem são eles, os rios? está disponível para venda em Itabira na livraria Clube da Leitura, localizada no hall da Fundação Carlos Drummond de Andrade.