
“Carioca – Família e Amigos”, é uma forma de homenagear os amigos
José Rodrigues do Amaral, conhecido como Carioca lançou recentemente seu livro “Carioca – Família e Amigos”, pela Scrithos Gráfica Editora e Papelaria Ltda. Segundo o autor, lançar o livro foi de certa forma, uma maneira de atender aos pedidos de algumas dezenas de amigos.

O autor atribui a motivação de escrever o livro, aos familiares e os amigos – Foto: Arquivo CG
Nascido no ainda Estado da Guanabara, em 21 de março de 1935, no bairro Vila Isabel, reconhecido como o berço do Samba, Carioca chegou ao Vale do Aço em 1953, o mesmo ano em que Ipatinga era elevado a distrito de Coronel Fabriciano.
Com sua memória enciclopédica, Carioca faz uma viagem no tempo, e trouxe para as páginas de seu livro uma rica e feliz convivência com o que ele considera o mais precioso de sua vida, sua família e seus amigos.
Viúva de Clara, Carioca mora em Coronel Fabriciano, no bairro Santa Helena. Ele tem um casal de filhos, sendo Edson, médico urologista e Paula, advogada e três netos.
No Vale do Aço, Carioca foi um dos precursores do jornalismo impresso, vindo a ser fundador do jornal FLAN em Coronel Fabriciano na década de 1960, bem como proprietário do Diário da Manhã em Ipatinga. Além de jornais, Carioca atuou também como radialista.
Carta de apresentação
Carioca chegou à região com uma carta de apresentação de um funcionário graduado no escritório da Acesita, localizado na rua Teófilo Otoni no Rio de Janeiro. Fichado imediatamente, Carioca morou na pensão de Dona Garfe no bairro Brolelias. Em pouco tempo trocou a Acesita pela empresa do empreiteiro João Alves de Azevedo, pai de seu amigo Célio Azevedo da Pedreira Um Valemix.
Após 10 anos como apontador da empresa, em 1961, o jornalista Euclides Diogo Sabará, editor chefe do jornal O Canaã, o convida para trabalhar no periódico como gerente. Segundo Carioca, o periódico estava para fechar. Seus vários donos com suas diferentes preferências políticas não se entendiam quanto aos artigos que publicariam. Carioca então assume a direção do jornal, porém com uma condição: ser o editor e ter carta-branca para determinar qual matéria será publicada e em qual a página. Em seu comando, o Canaã, reconquistou a credibilidade perdida vindo a ser novamente um jornal estável economicamente e bem conceituado.

Como jornalista, Carioca entrevistou Juscelino Kubitschek em Coronel Fabriciano – Foto: Acervo particular
Tempos depois, Carioca deixa o Canaã e funda junto com Sabará outro jornal em Coronel Fabriciano, o “FLAN”. Antes porém, antes de deixar o Canaã, Carioca cobre o famoso conflito entre a polícia e os trabalhadores da Usiminas, conhecido como “O Massacre de Ipatinga”.
Carioca via pela frente um grande desafio, pois Sabará não era bem quisto pela elite da região, especialmente em Coronel Fabriciano. Era controverso, publicava notícias desfavoráveis ao interesse do que ele chamava de “oligarquia”.
O primeiro desfio foi conseguir uma entrevista com a primeira dama Nilza Maia, que tinha desapreço por Sabará. Além da entrevista, Carioca conseguiu três anúncios para o jornal, sendo um para a loja da família, outro da Belgo Mineira e outro para um posto de gasolina. A partir daquele momento o FLAN – Fotos, Literatura, Anúncio e Notícia, nasceu forte. Anos depois, o FLAN foi desativado e Carioca adquire com um socio um restaurante em Ipatinga, que durou pouco. Ocioso, Carioca recebe uma proposta de Antônio Brum, proprietário do Diário da Manhã de Ipatinga para trabalhar na redação e no setor de publicidade. Tempos depois, Carioca compra o Diário da Manhã, sediado à rua Belo Horizonte no imóvel de Walter Salles. Do centro de Ipatinga, em 1973, o Diário da Manhã muda-se para o bairro Cidade Nobre em imóvel próprio, construído por Carioca. O jornalista presta homenagem ao que ele considera seus maiores colaboradores, a colunista Martha Azevedo e o jornalista Kadyll.
Como autônomo, Carioca trabalhou nas Rádios Vanguarda, Educadora, Itatiaia e na TV Cultura.
Com sua humildade característica, Carioca enumera algumas homenagens recebidas ao longo dos anos na região, como do Colégio São Francisco Xavier, onde proferiu palestra sobre o jornalismo, recebeu Medalha a Honra ao Mérito do Clube Industrial, uma placa da Rádio Vanguarda como comentarista esportivo, Moção do Unileste como profissional de mídia, Mérito Legislativo de Coronel Fabriciano entre outros homenagens.
Muito bem relacionado com o Samba no Rio de Janeiro, Carioca conta em seu livro inúmeras visitas pelas escolas de Samba e sobre amizades com sambistas carioca. Na seção de cartas, o jornalista publica também cartas amorosas escrita para sua mulher.
Fato histórico
Perguntado se ele havia testemunhado algum fato político do tempo em que o Rio de Janeiro era a capital do Brasil, isto é, o centro dos acontecimentos políticos nacionais, Carioca relatou uma passagem que não foi publicado em seu livro. Segundo ele, ainda criança, vendendo boton de lapela do partido comunista em um comício do líder Luiz Carlos Prestes no Largo da Carioca, Getúlio Vargas que havia colocado o partido na ilegalidade, ordenou que a cavalaria dissolvesse o comício. Entrando em meio à multidão com as espadas em punho, a cavalaria deixou muita gente ferida, inclusive sua mãe, que era comunista. Carioca que ganhava um conto de réis por cada boton vendido, escondeu debaixo do palanque e por ali ficou até o fim da confusão.