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Em Antônio Dias, uma das mais importantes edificações do Vale do Piracicaba, conhecido como Casarão, construído no século XIX pelo Coronel Manoel de Barros de Araújo Silveira, está na fase final de seu restauro

Construído antes mesmo da “Villa de Antônio Dias Abaixo”, pertencente a Itabira, se elevar a município, em 8 de junho de 1912, a edificação era conhecida pelo nome de “mansão” pelos moradores, devido sua imponência, principalmente vista de sua parte frontal para o rio.

Historicidade

“Villa de Antônio Dias Abaixo”, fazia referência à localidade Antônio Dias, centro de mineração de ouro, na então Vila Rica (Ouro Preto). O local é hoje um importante bairro ouropretano. Ali está situada a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias. Antônio Dias da nome também a uma ponte, denominada também de Ponte dos Suspiros ou Ponte de Marília, no Largo de Dirceu. De acordo com narrativas históricas, Antônio Dias teria avistado pela primeira vez o Pico do Itacolomi em 1698.

Escavando aluviões na busca do metal nobre ao longo do Rio Piracicaba, o bandeirante Antônio Dias de Oliveira, paulista, de Taubaté encerra sua jornada no que veio ser, a “Villa de Antônio Dias Abaixo” (Antônio Dias), onde faleceu e foi sepultado no adro da igreja de Nossa Senhora de Nazaré, na área central do povoado.

Apesar do sólido irmanamento histórico do município do Vale do Aço com a antiga capital mineira Ouro preto, muito pouco se fez nesta direção, isto é, desenvolver políticas públicas voltadas ao empreendedorismo cultural.

A reinauguração do “Casarão”, totalmente restaurado, obra que dignifica a atual gestão do prefeito Ditinho e do vice, Elcinho, propiciará infinitas investidas historiográficas no contexto regional e local. Poderá ser a oportunidade de recriar laços com a cidade ouropretana e estabelecer na pequena cidade da Micro Região do Vale do Aço o seu real valor histórico, nem sempre reconhecido pelos seus descendentes visinhos, que formam a Região Metropolitana do Vale do Aço.

 

O “Casarão”, quando servia a uma escola estadual – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

No início do século XX, o prédio foi adquirido pela Estrada de Ferro Vitória a Minas, quando na abertura da ferrovia, onde a empresa instalou seu escritório. Anos depois, o prédio foi integrado ao patrimônio do município, onde no local funcionou uma escola estadual.

Construção da estação ferroviária de Antônio Dias, quando na chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Vitória a Minas, nas décadas 1920 e 1930. Nesse período, a ferrovia adquire o “Casarão” e instala seu escritório

O importante patrimônio histórico e cultural tombado pelo município, berço da região do Vale do Aço, foi construído para abrigar o então proprietário, que residia em sua fazenda de nome Caxambu, há menos de uma légua do então povoado. A fazenda, hoje dividida em duas, sendo seus proprietários Levi de Souza e herdeiros de Abel de Carvalho respectivamente, produzia-se neste período cachaça, rapadura e açúcar. Produção distribuída para diversas regiões.

Fazenda Caxambu, antiga residência de Coronel Manoel de Barros, produzia cachaça, rapadura e açucar – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

Abandono

Desocupado durante anos, o imóvel foi se deteriorando sob o olhar desencantado da população, apesar do reconhecimento de todos quanto a sua relevância histórica

Totalmente deteriorado, o “Casarão” permaneceu abandonado durante anos (Lado frontal para o rio Piracicaba) – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

 

Aos poucos, suas portas, janelas e grades eram vandalizadas – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

Entretanto, na década de 1990, um projeto de lei de incentivo à cultura, elaborado pela Unileste, em parceria com a Alpha, Associação Local do Patrimônio Histórico e Artístico de Antônio Dias, sob coordenação de Ricardo Maia e o bispo emérito, Dom Lélis Lara, o Casarão passou por intervenção em sua estrutura física e a substituição de todo o telhado.

Na década de 1990, o “Casarão” recebe reforço em sua estrutura e um novo telhado. O telhado contrubuiu para a conservação da alvenaria – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

Desde a década de 1990, o “Casarão” permaneceu abandonado até 2017, quando o prefeito Benedito de Assis Lima (Ditinho) PSD, assume o compromisso público de restaurar definitivamente o imóvel.

A restauração cuidadosamente elaborada pela prefeitura com recursos próprios, contou com apoio da Vale, Cenibra e Bemisa. Além do restauro, a prefeitura está construindo próximo ao prédio uma praça à margem do rio Piracicaba para prolongamento do espaço cultural.

A prefeitura inicia a restauração total do prédio – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

 

Sua área externa, como o muro, também passa por restauro – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

Utilizando madeira nobre nos assoalhos, forros, barrotes, colunas e escadas, o interior do “Casarão” abrigará um Centro Cultural voltado à valorização da arte e do ofício da população e um centro de pesquisas históricas dotado de um Museu.

Interior do “Casarão” – Foto: acervo Revista Caminhos Gerais

Sua transformação em Centro cultural é uma oportunidade para a população ter seu espaço para suas manifestações culturais, exposições temporárias e permanente, biblioteca e principalmente abrigar um relevante museu histórico, onde um rico acervo contará um pouco da história dos ofícios ancestrais do município.

Origem histórica

Anúncio publicado no jornal de Itabira do estabelecimento comercial de Coronel Fabriciano Felisberto de Brito no período da construção do “Casarão”

O livro “Josefa e sua Gente”, que conta a saga de uma das noras de Coronel Fabriciano Felisberto de Brito, da autora Maria Cecília Maurício da Rocha, narra: “Coronel Barros era estimado por seus valores, sendo pessoa mais categorizada da redondeza. (…) Frequentador da então capital mineira, Ouro Preto, como deputado, o político diariamente visitava sua fazenda, a Caxambu, a meia légua da rua. Chamada de mansão, tal a grandiosidade do imóvel e o conforto oferecido, a mobília da residência era toda em jacarandá trabalhado. Acredita-se que as demais mobílias foram compradas no Rio de Janeiro, tal era o requinte. Da capital carioca, veio também o artista italiano que pintou o quadro do casal. Coronel Barros, que possuía vários escravos e afilhados, segundo relato, tratava todos com humanidade e espírito cristão”.

Emancipado em 8 de junho de 19012, o território de Antônio Dias abrangia desde a divisa com São José da Lagoa (Nova Era), indo até o ribeirão Alfié e Oncinha à direita, e à esquerda até a divisa com Santana de Ferros, no alto da cordilheira dos Cocais, seguindo até o Rio Doce.

Em 1948, seu distrito Senador Melo Viana emancipa-se, e no povoado de nome Calado instala-se a sede do município com o nome Coronel Fabriciano, integrando ao seu território Timóteo e Ipatinga, localidades onde instalou-se as siderúrgicas Acesita e Usiminas.

O Centro Cultural que poderá se chamar Centro Cultural Manoel de Barros, deverá ser um ponto de encontro de pesquisadores em busca de complementação da história do Baixo Piracicaba, fragmentada em artefatos que ainda perpassam por coleções particulares, acervos públicos e afins.

Consultoria técnica para a utilização do “Casarão”

A ocupação do amplo espaço interno do imóvel conta, com a consultoria da turismóloga Kátia Maíse, Bacharela em Museologia pela Universidade de Ouro Preto.
“Bacharela em Museologia pela Universidade Federal de Ouro Preto. Foi bolsista de iniciação científica com apoio da FAPEMIG. Atuou no projeto de extensão/PROEX no Museu da Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto (MPH/UFOP). Fez parte do Projeto de extensão/Proex: Preservação e Difusão do Acervo Museológico do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas; e da Empresa Júnior Somus Consultorias. Atualmente é estudante do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia da Universidade Federal de Alfenas MG e é Analista Universitária da Universidade do Estado de Minas Gerais.”

Empenho político para a realização da histórica obra pública

O prefeito Ditinho e seu vice Elcinho

O prefeito Ditinho e seu vice-prefeito, Elcinho, escrevem seus nomes no livro de ouro da história do município, entregando para a população um de seus mais valiosos patrimônios culturais em estado de novo, restaurado e pronto para reescrever a história desta importante cidade, berço do Vale do Aço.

Um Comentário

  • Daniel disse:

    Parabéns Mário! Excepcional sua narrativa sobre toda a história desse símbolo da nossa amada Antônio Dias. Tenho muito carinho por este cantinho. Cresci correndo por todos os cantos dele. Minha mãe trabalhava em um antigo posto telefônico que funcionava ali. Sucesso sempre pra vc e parabéns a todos que tornaram essa obra possível!

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