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Quase tão antiga quanto a construção civil, a arte de dar forma às edificações não se deteve à cultura da época. A arquitetura foi uma das mais importantes ferramentas das transformação e de registro histórico dos espaços humanos

Por José Célio de Sousa

Arquitetura surgiu no Oriente Médio e na Ásia Central

As primeiras residências foram construídas com tijolos de lama secados ao sol

A história da arquitetura está diretamente relacionada ao momento em que o homem começou a construir para se proteger de predadores e dos fenômenos naturais. O crescimento das populações, a interligação entre cidades, o abastecimento de água, o surgimento das religiões ou a busca por formas artísticas forçaram a humanidade a buscar novos materiais, novas ferramentas e técnicas de construção.

Mas é difícil determinar um período histórico ou uma região e concluir onde a arquitetura começou efetivamente. Um dos primeiros vestígios está ligado às cidades que surgiram no Oriente Médio e na Ásia Central no sétimo milênio a.C. Sabe-se que as primeiras residências foram construídas com tijolos de lama secados ao sol, conhecidos como tijolos crus — ainda hoje utilizados em certas regiões.

Para contornar as situações em que o sol não era totalmente eficiente – como os longos períodos de inverno, quando não era possível produzir o tijolo cru -, por volta do sétimo milênio a.C os povos da Europa Central e da Ásia Central começaram a usar argila ou areia em estruturas de tábuas de madeira entrelaçadas, técnica conhecida como madeirame, semelhante à das construções de pau a pique.

Os primeiros projetos arquitetônicos surgiram ainda na Mesopotâmia, no período das primitivas sociedades organizadas

Arquitetura egípcia

Além da construção de casas, os povos pré-históricos ocupavam-se também de outras manifestações arquitetônicas, como erguer tumbas para os mortos e templos de pedra para os deuses. Foi no quarto milênio a.C que a unidade política dos habitantes das margens do Rio Nilo originou a civilização egípcia, cujas principais construções eram templos religiosos e túmulos para os faraós, também utilizando tijolos crus.

Uma das inovações dos egípcios foi a utilização de encaixes de madeira que permitiam empilhar as pedras sem a necessidade de usar massa para prendê-las umas às outras. Assim eles conseguiram construir colunas de pedra, em vez de madeira, e, consequentemente, edificações maiores e com coberturas mais pesadas. Método empregado na construção de templos e túmulos. Mas a grandiosidade das obras egípcias não teve influência significativa na arquitetura atual.

Além de moradias, as pirâmides também foram grandes expressões arquitetônicas no antigo Egito

Arquitetura clássica

Apesar de manter uma forte ligação com a religiosidade, a arquitetura grega – denominada clássica – se destaca pelo grande valor dado à razão. Em tudo que produziam e construíam, os gregos buscavam alcançar o máximo da perfeição por meio de cálculos matemáticos e geométricos, proporções e perspectiva. As esculturas, a perfeição geométrica dos templos, a organização e o planejamento das cidades gregas destacam-se na história da arquitetura.

Existem três ordens arquitetônicas clássicas gregas: jônica, coríntia e dórica, que tem como principal obra o Parthenon, templo construído em homenagem à Atena, deusa da sabedoria. Nele pode-se observar o uso da técnica de êntase: as colunas das paredes do templo se deformam e inclinam levemente. O objetivo dessa distorção ótica é criar a ilusão de que as colunas são perfeitamente retas.

Denominada de arquitetura clássica, as edificações gregas caracterizavam-se perfeição geométrica

Arquitetura romana

A arquitetura romana foi bastante influenciada pelos gregos, com a mesma preocupação da busca pela beleza – e influenciada pelo espírito guerreiro e prático dos romanos, cujas conquistas eram celebradas com esculturas, monumentos, obeliscos e arcos de triunfo. As principais marcas deixadas pelos romanos foram estradas construídas em linha reta (para facilitar o deslocamento rápido das legiões) e os aquedutos.

Os romanos não habitavam um território quente o suficiente para a produção de tijolos crus de boa qualidade e não tinham acesso a pedreiras de mármore até conquistarem a Grécia. A solução encontrada por eles foi o opus cementicium, uma mistura de areia vulcânica com calcário e ladrilhos quebrados – um ‘cimento’ primitivo, possibilitando estruturas monumentais, como a cúpula do Panteão, que tem 43,2 m de altura e nenhum pilar de sustentação.

Os grandes aquedutos e os coliseus marcaram a arquitetura romana

Arquitetura na Idade Média

Na Idade Média foram construídas algumas das igrejas mais importantes e uma marca registrada dessa época são as catedrais góticas, cujo maior exemplo é a Catedral de Notre Dame, em Paris, construída entre 1163 e 1250. As igrejas da Idade Média são gigantescas, simbolizando a tentativa de alcançar os limites celestes e servindo para acolher o maior número possível de fiéis, o que era difícil de fazer nas igrejas de estilo românico.

Surgiram inovações arquitetônicas como os arcobotantes, que escoravam as altas paredes externas para liberar o interior da igreja; colunas nervuradas mais delicadas e capazes de suportar maior peso; arcos ogivais responsáveis pela elevação vertical da construção e pela distribuição do peso das abóbadas em vários pontos simultaneamente. Os castelos, com grossas muralhas e torres de vigia, também se destacam no panorama da arquitetura medieval.

As igrejas marcaram a arquitetura na Idade Média, como a famosa Notre Dame em Paris (França)

Renascimento

No Renascimento começa a aparecer o nome do autor de cada obra de arte ou construção, destacando a figura do artista e do arquiteto – funções que, em muitos casos, eram exercidas pela mesma pessoa. São dessa época nomes como Brunelleschi, Bramante, Palladio, Michelangelo, Rafael e Leonardo da Vinci. Os dez livros do arquiteto romano Vitrúvio proporcionaram aos renascentistas noções e técnicas de perspectiva, proporções e planejamento – incluindo a construção de maquetes.

A exemplo da Idade Média, as principais construções do Renascimento foram as catedrais, com destaque para as cúpulas, assim como na antiga Roma. Os principais exemplos são a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma (idealizada por Bramante e finalizada entre 1588 e 1591 por Michelangelo e Giacomo della Porta) e a cúpula de duas conchas, em Florença, construída entre 1420 e 1436 e idealizada por Brunelleschi, o pioneiro da arquitetura renascentista. Os palácios deixaram de serem clausuras defensivas para virarem espaços amplos e agradáveis.

Basílica de São Pedro, em Roma, é um exemplo da arquitura que floresceu no período do Renascimento

O barroco e o iluminismo

A arquitetura barroca apareceu na Europa no início do século XVII. Sua principal característica era tentar emocionar e impressionar com o tamanho das obras e no uso de elementos decorativos. O barroco coincidiu com o período da contrarreforma da igreja católica, que buscava barrar o crescimento do protestantismo, e acabou sendo usado pela instituição com a finalidade de impressionar as pessoas e resgatar fiéis.

O barroco coincidiu também com o período do absolutismo e, aos poucos, os chateaus foram dando lugar a palácios, prédios propositadamente largos que serviam como símbolos do poder e da riqueza do monarca. Todo palácio também tinha que ter um gigantesco jardim, que deveria ser o mais elaborado possível, com canais artificiais, fontes, estátuas e uma grande diversidade de flora e fauna.

Estilo arquitetônico praticado durante o período barroco, precedido pelo Renascimento e Maneirismo. Ele foi predominante na Europa entre os séculos XVI e primeira metade do século XVIII. A palavra barroco significa “pérola irregular, imperfeita”. Isso até que faz mesmo muito sentido se comparado ao tipo de arte que ficou conhecida por estilo barroco.

A arquitetura barroca surgiu em um momento especial da história humana. As pessoas estavam questionando a visão espiritualizada e teocêntrica pregada pela Igreja Católica durante a Idade Média.

A mais famosa obra barroca, o Palácio de Versalles em París, passou por várias adaptações ao longo dos anos

 O barroco no Brasil

O barroco foi introduzido no Brasil pelos jesuítas. Seu auge foi durante o ciclo do ouro, quando o barroco já começava a entrar em declínio na Europa. As construções do final do século XVIII nas cidades históricas mineiras são consideradas as mais importantes do período. Após a segunda metade do século XVIII, a tendência racionalista do Iluminismo começou a questionar os exageros do barroco.

Os racionalistas não viam razão para a ornamentação e ostentação exageradas e resgataram modelos arquitetônicos que eles consideravam mais puros e objetivos, de períodos históricos anteriores. Esse período é chamado de neoclássico, pois a maioria das construções lembrava padrões estéticos gregos e romanos. A Escola de Belas Artes da França deu liberdade ao arquiteto de misturar estilo grego e cúpula bizantina. Surgiram os estilos neogótico e neobizantino.

A cidade colonial de Ouro Preto, em Minas Gerais, é a maior concentração da arte barroca em um só lugar

Revolução industrial

A partir de 1750 as construções passam a ser voltadas à praticidade, rapidez e economia de tempo e dinheiro. Com a Revolução Industrial as pontes passaram a ganhar o destaque que até então cabia às catedrais na arquitetura. Modelos construídos em arco, utilizando o ferro, tornaram-se a ordem do dia a partir de 1779, quando foi construída a Ironbridge, em Coalbrookdale, Inglaterra.

No final do século XVII os ingleses investiram em novas técnicas de se produzir ferro em larga escala, revolucionando as construções, produzindo estruturas mais leves, sem paredes internas e com janelas enormes em menos tempo. Mas o ferro era corrosivo e não era forte o suficiente para atender as necessidades da Revolução Industrial. A solução surgiu em 1855, quando Henry Bessemer patenteou um novo tipo de fornalha que permitia a produção de aço em escala industrial.

Com a Revolução Industrial, o aço passou integrar aos projetos arquitetônico, a exemlo da escada do Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas Gerais, em Belo Horizonte

O concreto armado

Diferentes tipos de concreto foram inventados ao longo dos tempos, mas somente no século XVIII os ingleses conseguiram desenvolver um tipo de fácil produção e que pudesse ser disponibilizado em escala industrial. A utilização do material em grandes obras era um pouco limitada, até que, no final do século XIX, ele passou a ser despejado sobre varas de aço. Surgiu, então, o concreto armado, que permite a construção de grandes estruturas, pois suporta muito bem o empuxo, sem desmoronar. Ao longo do século XX, ele se tornou o principal material para a construção de pontes.

O concreto armado desde sua aplicação inicial,  é um dos insumos mais utilizados na construção – Viaduto Vila Rica

Arquitetura ModernaA arquitetura moderna passou a ser o estilo dominante no início do século XX. As tendências modernistas buscavam romper com todos os padrões históricos anteriores. A ordem era priorizar a finalidade da obra e eliminar ao máximo os ornamentos; e as residências e construções comerciais passaram a ter destaque arquitetônico. O principal marco do modernismo são os gigantescos prédios de escritórios e apartamentos.

Só foi possível construir arranha-céus após a disponibilização do ferro (1707), do aço (1885), do concreto (final do século XIX) e do vidro (1827) em escala industrial. Construções com mais de seis andares também eram ineficazes até a invenção dos elevadores (1853) e da bomba d’água (início do século XIX). O moinho Flaxmill, construído na Inglaterra, em 1797, pode ser considerado a primeira edificação com vigas e colunas de ferro.

Durante o período imperial e nos primeiros anos da República, o Brasil sofreu fortes influências dos padrões da Escola de Belas Artes da França. Porém, não havia matéria-prima disponível em escala industrial no Brasil. O Modernismo só conseguiu se desenvolver por aqui após o início do processo de industrialização nos anos 1950.

O edifício do Masp, em São Paulo é um exemplo da arquitetura moderna

Arquitetura contemporânea

A tendência mais difundida na arquitetura contemporânea é o pós-Modernismo, que prega a colisão de estilos anteriores e a adoção de assimetria e formas geométricas não lineares (desconstrutivismo), como a Torre do Banco da China, em Hong Kong, e o edifício sueco Turning Torso. Outra corrente atual são as obras ambientalmente sustentáveis, ou seja, que causem o menor impacto possível no meio ambiente. O maior exemplo é o ‘30 St. Mary Axe’, em Londres, edifício de 180 metros que consome metade da energia que um prédio do mesmo porte.

O extremo dessa tendência está na China, maior poluidor do planeta. Dongtan é o nome da ‘ecópole’ construída na Ilha de ChongMing, com a ambiciosa meta de emissão zero de CO². São prédios baixos que não precisem de elevador, sistema inteligente de distribuição de água que permite gastar metade de uma cidade normal, transformação do lixo e esgoto em gás de cozinha e uso apenas da energia solar. O povoamento será gradual, de forma a estabelecer um crescimento organizado, até a marca de 500 mil habitantes em 2050.

Construções sustentáveis como o Banco da China em Hong Kong tem como características, a economia de energia, água e outros

(Fonte: Camila Souza, César Munhoz, Ederson Santos Lima, Maria Eugênia Gomez e Ricardo von Staa)

Oscar Niemeyer, expoente da arquitetura universal

Nascido no Rio de Janeiro, em 1907, Oscar Niemeyer tem sido o arquiteto brasileiro que acumula o maior número de prêmios internacionais, bem como exibe um conjunto de obras realizadas no Brasil e no exterior que o colocam como um dos expoentes da arquitetura universal. Formou-se em 1934 pela Escola Nacional de Belas Artes. Em 1939, em colaboração com Lúcio Costa, executa o projeto Pavilhão do Brasil para a exposição em New York.

Em 1940, com a obra da Pampulha – Cassino, Casa do Baile, Iate Club e a Igreja de São Francisco de Assis – passa a ser conhecido internacionalmente, demonstrando com formas livres as possibilidades do concreto armado, destoantes da linguagem corrente da arquitetura racionalista de então. Em 1947 participa da equipe responsável pelo projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

Alcança prestígio e reconhecimento internacional ao projetar os principais edifícios públicos e palácios-sede do governo de Brasília, como o Palácio da Alvorada, da Justiça, do Planalto, dos Arcos, e a Catedral, todos eles marcados pelo arrojo estrutural e inovadores da estética arquitetônica. Criador e fundador da Universidade de Brasília, mas com a implantação do regime militar exila-se e aceita diversos convites de trabalho no exterior. Ainda hoje mantém seu escritório.

Oscar Niemeyer, reconhecido internacionalmente por diversas obras, tendo Brasilia sua principal produção arquitetônica

Catedral de Brasília, um dos marcos na capital do país

Lúcio Costa, construtor de Brasília

Autor do Plano Piloto de Brasília, uma das maiores realizações urbanísticas do século passado, Lúcio Costa foi um pioneiro na moderna arquitetura brasileira. Nascido em Toulouse, França, em 27 de fevereiro de 1902, filho de pais brasileiros, graduou-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, em 1924, onde sete anos depois, como diretor, reformulou o ensino de Arquitetura.

Os métodos de ensino foram abandonados e adotou-se em seu lugar um currículo baseado nas teorias funcionais da Bauhaus e de Le Corbusier. Mas em razão de resistência às suas ideias, demitiu-se. Em 1936, liderou a equipe de jovens arquitetos, entre eles Oscar Niemeyer, que, a partir do traço inicial de Le Corbusier, criaram o Ministério da Educação, hoje Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro, um marco histórico na arquitetura brasileira.

Também projetou o conjunto residencial do Parque Guinle (1954), no Rio de Janeiro; a vila operária de João Monlevade (1935), em Minas Gerais; a Cidade Universitária da Ilha do Fundão (1936), no Rio de Janeiro; a Casa do Brasil, na Cidade Universitária de Paris (1950); e a sede central do Jóquei Clube de São Paulo (1956). Como urbanista, fez mudanças no trânsito do Rio de Janeiro, o plano de urbanização da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá e alargamento da Praia de Copacabana.

Morreu em 13 de junho de 1998, no Rio de Janeiro.

Lúcio Costa: urbanista revolucionário

Breve perfil da arquitetura no Vale do Aço

Cidades da região apresentam características arquitetônicas diferenciadas

A arquitetura é uma atividade quase recente no Vale do Aço. O trabalho dos primeiros arquitetos começou a aparecer de maneira significativa na região nos anos 1980. Uma década antes ainda não existia uma cultura arquitetônica regional no tocante à construção civil residencial. Quem primeiro contratou arquitetos, mas para projetos de prédios públicos, foram as prefeituras. As sedes administrativas de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo, por exemplo, foram construídas no final dos anos 1970.

Antes da atuação dos primeiros arquitetos na região, engenheiros civis como Duílio Guerra Lage, que não concluiu o curso de arquitetura, foram responsáveis pela elaboração de inúmeros projetos residenciais. ‘Ele criou muita coisa bacana, como uma casa no bairro Serenata, em Timóteo, no início da década de 80, que ainda hoje é muito atual e originou muitas cópias mal feitas’, revela o arquiteto Rodrigo Pereira Guerra, um dos pioneiros da profissão em Coronel Fabriciano, onde começou a atuar em meados dos anos 1990.

Também considerado um dos desbravadores da arquitetura no Vale do Aço, tendo começado a trabalhar no final dos anos 1980, o fabricianense Roberto Caldeira lembra que além dos engenheiros civis, outros profissionais como projetistas e desenhistas, a maioria da Acesita e Usiminas, também trabalhavam na elaboração de projetos de construção residencial. ‘Existia um padrão construtivo com algumas características recorrentes, como janelas arqueadas e varandas frontais’, revela.

Contemporâneo das arquitetas Soraya Sales, Cristina Lessa, Solange Figueiredo e Kátia Torres, hoje especializada em arquitetura hospitalar, Rodrigo Guerra informou que nos anos 1960 foram construídas muitas casas de madeira pré-fabricadas produzidas pela antiga Serraria Santa Helena, em Coronel Fabriciano, que ficava localizada onde é hoje o bairro do mesmo nome e, que por sinal, faz divisa com o primeiro grande prédio construído na cidade, o Vale Verde, que dá frente para a Rua José Cornélio.

Nas últimas décadas, o crecimento urbano das cidades do Vale do Aço, contaram efetivamente com projetos arquitetônicos bem elaborados. Ao centro, o primeiro edificio construído na região, o Vale Verde, projetado por Rodrigo Guerra

Pioneiro

Segundo o conhecido arquiteto Flávio Osamu, José Luiz Batista da Silva foi um dos primeiros profissionais a criar uma linha mais moderna na arquitetura regional, principalmente em Timóteo, nos anos 1970 e 1980. Entre outros projetos executados por ele estão a sede campestre do Acesita Esporte Clube, o prédio da loja 104 e o conjunto residencial 31 de Outubro (ambos na alameda do mesmo nome em Timóteo), e a sede da prefeitura de Coronel Fabriciano.

Além de criar vários projetos residenciais, José Luiz Batista também deixou obras na capital mineira e participou como jurado do concurso que escolheu o projeto arquitetônico da sede do escritório central da Acesita, hoje Aperam. Foi responsável também pelos projetos urbanísticos do Unileste, dos trevos de Timóteo (Sinergia) e de Coronel Fabriciano e dos bairros Serenata e Primavera, em Timóteo.

José Luiz Batista começou a estudar arquitetura e engenharia civil (na época os dois cursos eram ministrados em conjunto) na Universidade Nacional do Rio de Janeiro em 1954, formando-se quatro anos depois na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em seguida trabalhou na extinta Secretaria de Viação e Transporte de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Em 1961, já casado com Lúcia Maria da Cunha Batista, foi convidado para trabalhar na antiga Acesita – o casal chegou a Timóteo com uma filha pequena, Patrícia, hoje casada com Alexandre Torquetti Jr., diretor administrativo da Emalto. Nos 16 anos em que trabalhou na siderúrgica, José Luiz Batista também prestou serviço para a prefeitura de Coronel Fabriciano, quando realizou várias obras em Ipatinga e Timóteo, naquela época pertencentes ao município fabricianense.

Em 1977 José Luiz Batista desligou-se da Acesita e foi morar na capital mineira, onde fundou uma construtora. Faleceu em junho último.

José Luiz Batista: pioneirismo na arquitetura da região

Prefeitura de Coronel Fabriciano, uma de suas obras no Vale do Aço

Características diferenciadas

Em relação à arquitetura residencial, as primeiras construções luxuosas da região começaram a aparecer com maior regularidade no bairro Serenata, em Timóteo, nos anos 1980, com casas de belas fachadas e lindos jardins. Segundo Rodrigo Guerra, as três principais cidades do Vale do Aço apresentam características arquitetônicas diferentes. ‘Em Ipatinga, as construções tendem a ser mais rápidas; em Timóteo existe uma preocupação com a traquilidade e a sofisticação; enquanto em Coronel Fabriciano os projetos são uma mistura das duas tendências’.

Contemporaneamente, pode se dizer que a arquitetura regional, que experimentou um crescimento considerável a partir do final dos anos 1990, com um breve período de recessão em seguida, começa a ter uma preocupação com a questão ambiental, tanto na escolha dos materiais quanto na elaboração dos projetos, com desenhos de casas mais limpas e amplas, com maior uso de vidros para se usar menos energia.

O aquecimento solar já é comum e a captação da água da chuva vai ser exigida por lei. Esteticamente, para alguns profissionais, no momento existe uma tendência arquitetônica voltada para o rústico, aliada a linhas contemporâneas nas construções mais arrojadas das três principais cidades do Vale do Aço.

Mudança de perfil

A arquitetura regional começa também a mudar em relação ao perfil dos clientes. Os primeiros projetos de construções residenciais foram implantados em bairros localizados em áreas mais valorizadas de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. De um modo geral, o trabalho do arquiteto era requisitado apenas por clientes da classe A. Hoje os projetos arquitetônicos são encomendados também por representantes das classes B e C.

A contribuição do aço na construção sustentável

O uso do material em projetos regionais não é novidade e já serviu de referência para todo o país

Na avaliação de Danielly Borges Garcia, da Box Arquitetos Associados, em Ipatinga, o conceito de sustentabilidade na construção civil passa por um processo de banalização. Segundo ela, erroneamente, o conceito está sendo ligado apenas ao aspecto ambiental, enquanto as dimensões sociais, econômicas e culturais são igualmente importantes no processo. Para a arquiteta a sustentabilidade ambiental passa por aspectos mais abrangentes, como implantação com o mínimo de impacto para o entorno, seleção de materiais de menor impacto no meio ambiente e formas alternativas de energia. Ela também critica os interesses mercadológicos que estão por trás do uso da ‘qualidade dos edifícios’.

‘O uso do termo sustentável para um produto ou edifício deve ser observado com desconfiança, pois ainda não existe uma regra para definir o grau de sustentabilidade dos edifícios ou de produtos. O que existe são edifícios e produtos com menores impactos ambientais’, diz Danielly. Acrescentando que destacar apenas características ou sistemas isolados nos empreendimentos, com a omissão de outras particularidades que seriam importantes para o entendimento do grau ecológico do projeto, é incorrer na prática do chamado ‘verniz verde’ ou greenwashing.

Em sua tese de doutorado denominada ‘Metodologia de Avaliação de Sistemas Construtivos a partir da Avaliação de Ciclo de Vida – aplicação de um sistema estrutural em aço’, defendida em 2011, Danielly Garcia afirma: ‘A vertente ecológica da sustentabilidade nas edificações é uma demanda importante na construção civil, que exige, além de qualidade, compromisso ambiental. A ponderação da ecologicidade desses edifícios é um assunto em constante discussão na academia, tendo em vista a busca por processos e soluções sustentáveis’.

Daniela Borges é doutora em arquitetura sustentável

Redução do desperdício

Ainda em sua tese de doutorado, Danielly Garcia diz: ‘O resultado da análise do sistema construtivo estruturado em aço confirmou que algumas características conhecidas desse sistema são benéficas ao meio ambiente. O uso do aço no sistema estrutural favorece a desmaterialização, ou seja, o uso minimizado de materiais para um mesmo fim’. Quer dizer, reduz desperdícios na obra. Além de que o desmonte das estruturas em aço também é uma grande vantagem à medida que diminui a geração de resíduos.

Para a arquiteta, ex-coordenadora do curso de arquitetura do Unileste, em um futuro não muito distante, edifícios inteiros poderão ser desmontados e dar origem a novas construções. ‘Mesmo ao fim da vida útil do edifício, o aço é um dos materiais de mais fácil separação no montante de uma demolição. A utilização de sucata na fabricação do material reduz significativamente a quantidade de minério de ferro extraído da natureza, o que traz vantagem ao meio ambiente’.

Referência nacional

O uso do aço na construção civil na região não é novidade. A primeira experiência de destaque é o edifício conhecido popularmente como ‘Balança mas não cai’, construído no início dos anos 1980 no bairro Veneza, em Ipatinga. Também na mesma década foi projetado o Conjunto Ferroviário, próximo ao bairro Ideal, a segunda construção vertical estruturada em aço da região. Segundo Danielly Garcia, o projeto serviu de protótipo e influenciou a Companhia de Desenvolvimento Urbano de São Paulo (CDHU) na implantação de várias unidades habitacionais.

Ela também cita o Centro Cultural Usiminas, no Shopping Vale do Aço, em Ipatinga, como referência nacional no uso do aço. O projeto saiu de um concurso organizado em 1995 pela Usiminas e o departamento mineiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MG). A equipe vencedora, formada por André de Paula Abreu, Gustavo Rocha Ribeiro, Anna Cristina Lazzarini Ávila, Ana Paula Valladares e Daniela Lichter havia se formado recentemente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Outro exemplo de destaque do uso de estruturas metálicas na construção civil regional é o prédio da escola estadual João Cotta de Figueiredo Barcelos, no distrito de Cachoeira do Vale, em Timóteo, projetado em meados dos anos 1980 pelo renomado arquiteto Éolo Maia, precursor da pós-modernidade arquitetônica brasileira. Também pode ser citada a sede da prefeitura de Santana do Paraíso, construída recentemente.

Prédios estruturados em aço contribuem para a economia de escoramentos e mão de obra

 

Sólida estrutura em aço propiciam beleza em área de lazer

Durabilidade e flexibilidade

As vantagens do aço na construção civil são inúmeras: não polui o meio ambiente, economiza materiais e tempo na execução da obra, maximiza a iluminação natural com economia de energia, maior durabilidade e flexibilidade, além de ser infinitamente reciclável. Sem falar que permite designers mais bonitos e atraentes, a exemplo do galpão da Emalto, projeto do arquiteto Flávio Osamu, de Timóteo.

Na avaliação de Danielly Garcia, o aço só não é muito vantajoso em relação a projetos residenciais, embora o clima tropical da região não seja um fator prejudicial. A questão cultural é o que mais conta. E, ao contrário de outras partes do país, o Vale do Aço possui mão de obra especializada no assunto, em razão do grande número de serralherias existentes na região.

O arrojado emprego do aço em templos religiosos, como na igreja católica do Cariru – Ipatinga

 

A Escola Estadual João Cotta de Figeuiredo, em Cachoeira do Vale, em Timóteo, foi projetado pelo renomado arquiteto Éolo Maia

Dry wall

Outro material empregado na construção civil que também possui profissionais capacitados no Vale do Aço é o dry wall. ‘A região conta com gesseiros e madeireiros de ótima qualidade’, avalia Danielly Garcia, explicando que grande parte desses profissionais trabalhou com dry wall nos Estados Unidos e na Europa, onde se especializaram. ‘Há nove anos, quando comecei a lecionar arquitetura no Unileste, meus alunos não acreditavam que o dry wall fosse um dia ser aceito na região’.

Segundo ela, nos Estados Unidos e na Europa o sistema de alvenaria não é mais empregado nas construções. A tecnologia mais utilizada é a chamada steel frame, método de engradamento sem pilar e sem vigas, que possibilita maior sustentabilidade e rapidez em qualquer tipo de projeto. ‘Acho que devemos ter um equilíbrio. Não podemos ter o monopólio do aço como temos atualmente do concreto’, considera a arquiteta.

Arquitetura bioclimática aproveita ventilação e iluminação natural

De autoria do arquiteto Sylvio Emrich de Podestá, o projeto do campus do Centro Educacional Lagoa do Piau, próximo a Ipatinga, mas localizado no município de Caratinga, é justificado pelo discurso de sustentabilidade que consiste na intervenção em uma área de proteção ambiental a partir da utilização de conceitos de redução, reutilização e reciclagem para a seleção de sistemas construtivos e conceitos de arquitetura bioclimática, no que diz respeito à ventilação e iluminação natural.

Seguindo os conceitos de arquitetura bioclimática, o projeto do edifício consiste no aproveitamento de ventos dominantes e da iluminação natural sem aquecimento excessivo. Uma das características da edificação é ser uma construção em palafita, liberando o terreno para a recuperação ambiental, instalação e manutenção de sistemas hidrossanitário e elétrico, além de permitir a passagem da ventilação e o isolamento da umidade do solo, já que o terreno fica às margens de uma lagoa.

À margem da Lagoia do Piau, o campus propiciava ventilação constante

Azulejos de aço inoxidável apresentam baixo custo

A Aperam Timóteo está produzindo azulejos de aço inoxidável a partir do aço AISI 304 e do aço AISI 430. É mais uma aplicação encontrada para o inox, material cada vez mais utilizado na construção civil e na composição de interiores. Para Josué Araújo, responsável pela criação do produto, o azulejo consegue levar as qualidades do inox a ambientes que normalmente não contam com requinte ou luxo, como cozinhas, banheiros e fachadas, como também a centros comerciais, hospitais, laboratórios e restaurantes.

O processo de desenvolvimento do azulejo levou mais de quatro anos para ser consolidado, exigindo a criação de máquinas até então inexistentes no mercado. As matrizes foram feitas na siderúrgica de Timóteo e um equipamento especial veio de Caxias do Sul (RS) para viabilizar a produção. Em seguida foram realizados vários testes e alterações até chegar à qualidade e produtividade pretendidas.

Cada um tem tamanho padrão de 20 x 20 centímetros e pode ser liso ou pastilhado, com acabamento brilhante ou escovado. Em relação à peça tradicional, os azulejos de inox são mais fáceis de limpar, têm baixo custo e elevada resistência à corrosão e a grandes variações de temperatura.

Revestimento em aço inoxidável: beleza e durabilidade

Eucalipto e bambu, uma tendência contemporânea

Coordenador do curso de arquitetura e urbanismo do Unileste, Ricardo Crochet tem preferência especial por eucalipto e bambu em seus projetos residenciais. Espécies que com cuidados especiais e a tecnologia empregada, como impermeabilização, podem ser práticas, duráveis e atraentes. ‘O bambu pode ser tão resistente quanto o aço e a madeira e é ecologicamente correto’, diz Crochet. A espécie pode substituir o ferro para treliças de telhado, estrutura de vigas, pilares e escadas, podendo ainda ser utilizado como alternativa ao tijolo, sem função estrutural, apenas para o fechamento de paredes.

O bambu pode aparecer em dois tipos de sistema construtivo: como uma taipa (estruturas amarradas entre si, com acabamento de barro ou cimento que pode ser revestido e pintado), ou como esterilha (estrutura em varas com fechamento em esteiras de lascas amarradas e acabamento em cimento, revestido e pintado). A durabilidade do material é comprovada pela quantidade de obras construídas na Ásia.

Segundo Ricardo Crochet, o bambu tem tudo para se firmar como alternativa à madeira e contribuir para uma arquitetura mais sustentável. Pesquisas na construção civil avalizaram sua resistência e durabilidade, pois os tratamentos químicos removem pragas como brocas e carunchos – cupins não se interessam pelo bambu. Feito o tratamento preventivo e construída da maneira correta, uma construção de bambu pode apresentar durabilidade superior a 25 anos, equivalente a do eucalipto, por exemplo.

Ricardo Crochet é professor de arquitetura no Unileste

Eucalipto

Embora possua mais de 700 espécies, a maioria originária da Austrália, o eucalipto plantado no Vale do Aço não é adequado para ser usado na construção civil, como em estruturas, pergulatos, quiosques, playgrounds, pilares, forros e caibros. O tipo usado por Ricardo Crochet em seus projetos vem da região de Caratinga. ‘O eucalipto tratado é mais uniforme, mais reto, trinca pouco e contém menos amido, atraindo por isso menos insetos’, explica o arquiteto, que é especialista em gestão ambiental.

Ele considera que na região falta uma cultura do eucalipto e do bambu na construção civil e que toda madeira merece manutenção, inclusive as de lei. Ecologicamente, o eucalipto causa menos impacto ambiental que o concreto, o aço e o alumínio, materiais que consomem energia ao serem industrializados. A espécie fornece ainda um isolamento térmico, por polegada de espessura, muito maior do que os metais ou o concreto.

Rusticidade e beleza proporcionada pela solidez do eucalípto

 

Casa de Hóspede da Aperam, projeto de Soraya Salles

Expansão imobiliária

Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 2002, Ricardo Crochet avalia que a construção civil no Vale do Aço sempre esteve em alta, ‘O arquiteto não está mais relacionado com requinte e luxo. O paradigma de ser um profissional caro está mudando. O arquiteto hoje está vinculado com a questão de qualidade’.

Como urbanista, Ricardo Crochet explica que cidades industriais como Ipatinga, têm planejamento urbano criterioso, mas com a expansão urbana inevitável, perdem sua característica original. ‘Com a expansão imobiliária Ipatinga está perdendo seu alto índice de arborização. E em até três anos a situação viária da cidade ficará inviável. O urbanismo local está sendo pensado a passo lento’, considera Crochet.

Urbanismo é o processo de projetar e ordenar as cidades

Um dos pontos mais relevantes do planejamento urbano hoje é a proteção e conservação do meio ambiente

Urbanismo é a disciplina e a atividade relacionadas com o estudo, regulação, controle e planejamento da cidade (em seu sentido mais amplo) e da urbanização. Sua definição porém, sempre varia de acordo com a época e lugar. No entanto, costuma-se diferenciá-lo da simples ação urbanizadora por parte do homem, de forma a que o urbanismo esteja associado à ideia de que as cidades são objetos a serem estudados, mais do que simplesmente trabalhados.

O urbanismo mostra-se, portanto, como uma ciência humana (ciência aplicada), de caráter eminentemente multidisciplinar, inserida no contexto próprio de uma sociedade em processo de constante crescimento demográfico e respondendo a uma forte pressão de civilização e urbanidade, enfrentando suas demandas e problemas. Numa perspectiva simplista, o urbanismo corresponde à ação de projetar e ordenar as cidades.

No entanto, sob um ponto de vista mais amplo, o urbanismo pode ser entendido tanto como um conjunto de práticas ou de ideias, quanto como uma forma ideológica que visa reproduzir as condições gerais do modo de produção capitalista. Segundo este ponto de vista, atualmente tanto o capital quanto o estado se apropriam da prática e teoria (entendendo-os como ideologia) do urbanismo como um mecanismo gerador de lucro.

Segundo a pesquisadora e arquiteta paranaense Solange Irene Smolarek Dias, a antiguidade greco-romana contribuiu para amenizar os laços de dependência que ligam a religião à organização do espaço constituído. Na Idade Média, embora toda a sociedade esteja imersa num ambiente profundamente religioso, são as autoridades leigas que procuram estabelecer um domínio no espaço urbano. A partir da Renascença, os fundamentos urbanísticos autônomos se encontram colocados, mas a ruptura com o passado não está de fato consumada.

Planejamento urbano

Foi a Revolução Industrial que engendrou o urbanismo moderno, provocando uma rejeição efetiva das concepções tradicionais da cidade e utilizando como recursos a utopia. O estudo do urbanismo é uma atividade multidisciplinar e complexa que dialoga principalmente com a arquitetura (em seu sentido mais comum), com a arquitetura da paisagem, com o design e com a política, necessitando da contribuição de áreas do conhecimento como a ecologia, geologia, ciências sociais, geografia e outras ciências.

A palavra urbanismo deriva-se dos estudos do engenheiro catalão Ildefonso Cerdá, responsável pelo projeto de ampliação de Barcelona na década de 1850. Apesar de jamais ter usado o termo urbanismo, Cerdá cunhou o termo urbe para designar de modo geral os diferentes tipos de assentamento humano e o termo urbanização designando a ação sobre a urbe. Destes termos muito próximos surgirá o nome urbanismo no início do século XX.

O planejamento urbano é, dentro da multidisciplinariedade do urbanismo, o campo que lida com os aspectos técnicos e políticos relacionados ao uso do espaço, bem-estar humano, desenho urbano e desenho ambiental em todas as suas aplicações (circulação, transporte, comunicações). Além disso, um dos pontos mais relevantes do planejamento urbano, hoje, é a proteção e conservação do meio ambiente.

O urbanismo ja influenciava na construção das cidades, como em Bacelona (Espanha), em 1850

Exemplos brasileiros

Embora o conde holandês Maurício de Nassau, um entusiasta da arquitetura, tenha iniciado no século XVII um ambicioso plano urbanístico em Recife, construindo canais, pontes e diques, no Brasil, o urbanismo só começou a ser efetivamente utilizado a partir do fim do século XIX, quando foi fundada a cidade de Belo Horizonte, cujo plano começou a ser elaborado em 1894, pelo engenheiro Aarão Reis, substituído depois por Francisco Bicalho.

Goiânia, construída para substituir como capital do estado a antiga e colonial Vila Boa de Goiás, foi fundada em 1933, obedecendo a plano do arquiteto Attilio Corrêa Lima, primeiro urbanista formado do Brasil, e alterado pelos irmãos Coimbra Bueno, a partir de 1935.

Brasília é o terceiro grande exemplo brasileiro de cidade planejada. O projeto da atual capital brasileira, escolhido por concurso nacional, é de autoria do arquiteto Lúcio Costa, cuja obra urbanística foi profundamente influenciada pelas ideias de Le Corbusier. Oscar Niemeyer foi o responsável pelos projetos dos edifícios.

Belo Horizonte: a primeira cidade brasileira nos padrões urbanísticos

Ipatinga: espaço de controle e cenário de modernidade

No trabalho intitulado ‘Emancipação da Cidade de Ipatinga’, 2007, a pesquisadora Maria Isabel de Jesus Chrysóstomo e a arquiteta Patrícia Gouveia afirmam que a experiência do planejamento urbanístico de Ipatinga  sugeriu a discussão sobre as formas de controle socioespaciais estabelecidas a partir dos interesses de um setor econômico, no caso, a siderurgia. Incitando ainda a discussão sobre as estratégias de controle dos grupos dominantes com o fim de ‘domesticar’ a força de trabalho e consolidar o seu projeto econômico.

Neste cenário, segundo elas, recriam-se ou se requalificam os ideários, relacionados à limpeza, à higiene, à beleza e à funcionalidade, sendo o planejamento da área, um dos instrumentos a partir dos quais tais projetos irão se casar. ‘A cidade de Ipatinga insere-se de duas formas nesta nova cena urbana: como um espaço de controle e cenário de modernidade. Neste aspecto, não foge à regra das demais cidades-empresas criadas no Brasil, gestadas para criar uma nova ordem.’

Dizem ainda: ‘A cidade de Ipatinga resultou de um projeto urbanístico ‘minucioso’ e abrangente, elaborado pelo arquiteto Raphael Hardy Filho. Este, no memorial apresentado para sua construção, afirmava que a cidade deveria acompanhar o crescimento da indústria, portanto ser flexível e dinâmica. Discutindo conceitualmente o seu projeto com o de Brasília, advogava a existência das matrizes do urbanismo modernista, tais como a monumentalidade, uma trama urbana elaborada com o fim de direcionar o crescimento futuro da cidade e hierarquias funcionais.’

‘Inicialmente, pretendia-se separar completamente a cidade da Usiminas – a cidade planejada – do seu entorno social. Neste aspecto, pensou-se em criar unicamente condições para a sobrevivência e controle pela empresa do grupo de trabalhadores treinados com o fim de operacionalizar a indústria. Fruto dessa política, centenas de japoneses – mão de obra qualificada – vieram morar na cidade’, diz o texto de Maria Isabel e Patrícia Gouveia.

Fontes: Chrysóstomo, Maria Isabel de Jesus & Gouveia, Patrícia. ‘Desejo de Modernidade e Vontade de Poder: o Sonho Desenvolvimentista e o Projeto de Criação da Cidade-indústria de Ipatinga’.

Bairro Horto, densidade demográfica crescente

Novo Centro requalificou área de risco em Ipatinga

O Projeto Novo Centro de Ipatinga é o amadurecimento de uma ideia nascida em 1993, após a enchente que desabrigou boa parte dos moradores da beira do  córrego Ipanema, numa região próxima ao Centro da cidade. O custo estimado do projeto era de 29 milhões de reais e sem recursos suficientes para custeá-lo, a prefeitura de Ipatinga buscou parcerias com o governo do Estado de Minas Gerais e com o Banco Mundial (BIRD).

O projeto teve duas etapas: construção das moradias, a cargo e sob a responsabilidade da prefeitura, com recursos municipais e estaduais e reassentamento das famílias e demolição das casas da área de risco, com posterior requalificação urbanística do local, também a cargo da administração municipal, mas com capital do Banco Mundial.

A requalificação da área constou de um novo aterro, com a recomposição da margem do ribeirão Ipanema e a criação de uma área livre, um estacionamento e quadras de esporte, além de uma ampla área vazia, confinante com as construções do Centro.

Novo Centro, urbanidade com preservação das áreas verdes

Parque Linear prevê revitalização de bairros

Para tentar combater o problema das enchentes e da poluição, a administração municipal de Coronel Fabriciano investiria na revitalização da bacia do ribeirão Caladão dentro do projeto Parque Linear, que abrange diretamente os bairros Caladão, Gávea, Floresta, Santo Antônio, Surinã, Melo Viana, Giovannini, Bom Jesus, Professores, Santa Helena e Santa Terezinha em obras aprovadas pelo governo federal.

As revitalizações, segundo a prefeitura, aumentaria a capacidade do córrego de receber a água das chuvas e diminuir o tráfego de ciclistas na avenida Magalhães Pinto, com a construção de uma ciclovia. Também estavam previstos desassoreamento e limpeza das margens do ribeirão, recuperação das encostas existentes e contenção de erosão.

O projeto, de 9,2 quilômetros de extensão, teve aprovação do financiamento pela Câmara Municipal no final de 2009. Mas as reformas tiveram início em março de 2011, devido a processos burocráticos de financiamento. A primeira etapa das intervenções consistiu em obras de drenagem de algumas ruas do bairro Giovannini. As obras continual em andamento.

O Parque Linear em Coronel Fabriciano contemplaria as questões ambientais e de mobilidade urbana

Nome original do Parque Ipanema era Vale Verde

Com um milhão de metros quadrados, mais de 12 mil árvores de 85 espécies diferentes plantadas, o Parque Ipanema, em Ipatinga, é uma das maiores áreas verdes urbanas do país, com projeto paisagístico do renomado Burle Marx. Seu espaço abriga o Estádio Ipatingão, o Centro Esportivo e Cultural 7 de Outubro, o Kartódromo Emerson Fittipaldi, o Horto Municipal e uma imensa área de lazer com espaço para caminhadas, lago com ilha, cata-ventos, brinquedos, anfiteatro, duas quadras poliesportivas, campos de futebol e ciclovia.

Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Municipal em 2000, seu nome original era Parque Vale Verde, quando o projeto foi concebido, em 1978, durante o governo do ex-prefeito João Lamego Netto. As obras de terraplanagem foram executadas pela Construtora Ourivio, bem como o passeio de pedestres, ciclovia, o Kartódromo e o Ipatingão.

Parque Ipanema: uma das maiores áreas verdes urbanas do país

Parque da União

Centro de convivência e de preservação, o Parque da União é resultado da recuperação de duas lagoas no bairro Planalto II. Conta com uma praça com deck, mesas com bancos e uma pista de caminhada arborizada. O local ainda oferece um mirante com vista panorâmica da cidade.

Parque Samambaia

Uma antiga pedreira no bairro Bom Jardim transformou-se no Parque Samambaia, criado em 2000 e possuindo reserva ambiental de 131,7 mil metros quadrados, lago, nascente e uma mata nativa remanescente da Mata Atlântica. A área foi desapropriada pela prefeitura.

Centro Norte de Timóteo foi primeiro núcleo urbano planejado da região

Primeiro núcleo urbano planejado da região, a atual cidade de Timóteo era um pequeno povoado antes da chegada da Companhia Aços Especiais Itabira, a Acesita, em 1944. O processo de formação e crescimento da futura cidade iniciou-se com a vinda dos primeiros operários e diretores da siderúrgica. As condições iniciais eram bastante precárias e a Acesita teve que dotar os acampamentos dos recursos básicos essenciais.

Os primeiros bairros foram construídos por iniciativa e com recursos próprios da Acesita. Todos os materiais necessários às obras, madeira, tijolos, telhas, manilhas, pedras, foram obtidos ou fabricados no próprio local. Não é de se estranhar que tais bairros construídos em caráter quase provisório não oferecessem condições ideais de habitação.

As casas foram feitas de madeira ou de pau-a-pique, principalmente no Quitandinha e no Algodoal, os primeiros bairros inaugurados. No Vai Quem Pode foram construídas algumas casas de melhor qualidade, para os engenheiros; enquanto na Vila dos Caixotes as moradias foram feitas com a madeira dos caixotes onde vinham os equipamentos importados dos Estados Unidos.

Na Vila Bromélias foram construídas as primeiras casas de alvenaria, residência dos médicos que vieram para atender os operários. Na Vila dos Técnicos moravam os engenheiros e na Vila dos Funcionários residia o pessoal administrativo da siderúrgica. Com o tempo muitos bairros originais foram demolidos e o núcleo urbano em torno da usina ganhou aspecto mais moderno e urbanizado.

Centro Norte em Timóteo, próximo à planta industrial da Aperan South America

Fonte: Acesita – Uma História Feita de Aço)

Evolução da arquitetura regional (Timóteo)

Por: Joana Angélica Oliveira Gonçalves (arquiteta e urbanista)

O convite para falar a respeito da evolução da arquitetura no Vale do Aço feito pela Caminhos Gerais trouxe à memória o instigante período de 1998/2004, ainda na Universidade Federal de Viçosa, cursando graduação em arquitetura e urbanismo, onde a descoberta da arquitetura como ‘modo de vida’ nas cidades e sua leitura como principal forma de conhecer a história das cidades ao longo do tempo, fascinava.

É sobre esta abordagem que aceitamos o desafio de, em poucas linhas, apresentar o que se pode ter como arquitetura que referencia a cidade de Timóteo ao longo de sua urbanização. A definição deste espaço-temporal: Timóteo, Vale do Aço, MG, 1945 a 1983, determina a pesquisa apresentada, considerando-se que a arquitetura, no município, caracteriza- se como rural ou pré-emancipação e urbana ou pós-emancipação. ‘No início do século XX, o povoado começava a se formar. Com o passar dos anos, o distrito de Timóteo ainda mantinha características rurais. O processo de crescimento urbano da cidade desencadeou-se com a chegada da Acesita. A fundação da siderúrgica proporcionou a vinda dos novos imigrantes, os operários e funcionários, sendo que a modernidade da industrialização foi motivo de um choque cultural na pacata vila. A empresa trouxe prosperidade, possibilitou a urbanização e melhoria das condições de vida de seus moradores.’

Portanto, a partir desta informação, passamos a entender a importância da Acesita, na construção, que vai além da arquitetura, mas da construção da cidade de Timóteo. A arquitetura construída pela Acesita definiu a imagem da cidade desde a década de 45. No meio urbano, a vila operária foi a primeira solução tipológica adotada na ocupação do território. A importância das mesmas na caracterização cronológica da evolução da arquitetura da cidade e do Vale do Aço é que estes locais foram planejadamente locados ao longo do território de entorno da usina, criando assim, a parte da cidade com traçado urbano que hoje forma a Regional Centro Norte, englobando áreas mais qualificadas quanto às condições das vias de tráfego, dimensão dos lotes e passeios, entre outras qualidades, contrastando com as atuais áreas produzidas face ao crescimento espontâneo e descontrolado da cidade.

Vila dos Técnicos, um dos primeiros núcleos urbanos construídos pela Acesita na formação da vila operária

A construção das vilas é racional, levando em consideração a padronização das soluções adotadas, a saber: 1- Vias largas e com passeios avantajados; 2- Regularidade de dimensões de lotes, quadras e edificações; 3- Variação da planta baixa hierarquicamente proporcional em relação à qualificação profissional do ocupante de cada unidade habitacional; 4- Os alpendres ou varandas e suas treliças de ‘fechamento’ como elementos de transição entre o público e o privado; 5- Sistema construtivo em alvenaria maciça, telhado com forro de madeira, adoção de pisos em ladrilho hidráulico, cimento queimado, taco de madeira e esquadrias em madeiras almofadadas e venezianas.

Estes elementos arquiteturais remetem à lembrança dos timotenses a época de 1944 até meados da década de 80. Exemplares intocados resultantes da arquitetura das vilas operárias ainda podem ser vistos, principalmente, na Vila dos Técnicos. Em outras áreas onde já se observa crescente especulação imobiliária, como Bromélias e Funcionários, ainda resistem alguns exemplares, em sua maior parte já modificadas, devido à adaptação de sua arquitetura às novas funções e usos de demanda atual, em sua maioria comerciais.

Edificações em estilo neocolonial foram construídas para fins de hospedagem temporária: a Casa de Hóspedes, hoje fundação Aperam Acesita e o Hotel Acesita, este último, atualmente ‘sobrevivendo’ sua estrutura original com visão prejudicadamente obstruída pelo gabarito dos prédios de mais três pavimentos, sem nenhuma característica arquitetural relevante, localizados em seu entorno imediato. As edificações institucionais deste período refletem desdobramentos da arquitetura modernista produzida nos grandes centros, a exemplo de: Escritório Central da Acesita, com seus panos de vidro, espelho d´água, rampa de acesso principal e paisagismo integrado à arquitetura e responsável pela integração e transição do interior-exterior do prédio.

A arquitetura educacional de Timóteo também foi projetada a partir de referências modernistas, símbolo da prosperidade e progresso tecnológico nacional. São elas: Escola Lucia Casassanta (projeto de 1972), no bairro Funcionários; Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, bairro Olaria; Escola Técnica de Metalurgia, no Centro Norte; Escola Estadual Tenente José

Luciano, no Serenata; obras onde a presença de marquise marcando o hall de entrada é característica, explorando as possibilidades plásticas do concreto.

No Colégio Monsenhor Rafael o uso de cobogós, telhado embutido por platibandas, parede revestida com pedras rústicas e planta racional são marcas da reprodução dos conceitos modernistas da arquitetura em nossa cidade.

No prédio do Sindicato dos Trabalhadores, no Bairro Timirim, o pilotis é a principal referência modernista. Estes dois últimos edifícios citados, em conjunto com a Biblioteca Pública Municipal, formam o conjunto urbano símbolo do que se pode chamar de Arquitetura Modernista em nossa região, integrados, posteriormente, pela praça (construída em 1983) pós-moderna projetada pelo consagrado Éolo Maia, autor de outros projetos que destacam Timóteo no cenário da arquitetura mineira: Edifício da Escola João Cotta, no distrito de Cachoeira do Vale, em parceria com Jô Vasconcelos e Silvio de Podestá e Escola Técnica de Timóteo, que hoje sedia o Cefet, no bairro Vale Verde.

No eixo definido pela Alameda 31 de Outubro, as saudosas recordações do Elite Clube comprovam a importância histórica e formal de sua arquitetura. Além dele, destacam-se o extinto Cine Marabá, exemplo emblemático da arquitetura dos anos 50 e do Edifício RCS. Um largo/praça conectava estes dois prédios. O Edifício Pioneiros, de arquitetura residencial, é implantado ‘em fita’ e sobre pilotis. O projeto da sede da prefeitura, de 1976, demonstra que era sim, moderno, o conceito principal que norteou a construção de Acesita- Timóteo. Todas as obras citadas são reconhecidamente ícones que nos permitem ‘ler’ a história da cidade de Timóteo, no período destacado, estando já consolidadas no imaginário coletivo da população, além de referenciarem urbanisticamente diversas localizações no município.

Esta é a arquitetura na qual podemos reconhecer a cidade de Timóteo como própria, única, enfim, desde a década de 40, 50, estas ainda são as obras que sobrevivem e referenciam a trajetória da construção da cidade de Timóteo, tão carente de ações que fomentem a tomada de consciência individual e coletiva, sobre a importância da boa arquitetura para a construção de uma cidade.

Alameda 31 de Outubro: principal via urbana no Centro Norte em Timóteo

(Fontes de pesquisa: “Acesita: Uma História Feita de Aço’, Belo Horizonte, 1989/COSTA, Heloísa Soares de Moura, ‘Vale do Aço: da Produção da Cidade Moderna Sob a Grande Indústria à Diversificação do Meio Ambiente Urbano’, tese de doutorado, 1995/ ‘Timóteo: Um Município Brasileiro’, São Paulo, 2008)

Arquitetura hospitalar

Humanização é requisito vital no projeto do hospital Unimed

O projeto arquitetônico do hospital Unimed Vale do Aço tem como base a integração físico-funcional, racionalização e uma grande redução de custos operacionais. Executado pela empresa paulistana Fiorentini Arquitetura de Hospitais, possui os requisitos essenciais para garantir funcionalidade e eficácia, tais como expansibilidade, flexibilidade, racionalização e humanização. Está prevista a expansão horizontal e vertical da estrutura física e a sua execução em etapas.

O projeto é flexível para incorporar mudanças arquitetônicas e tecnológicas, causando o mínimo transtorno possível às rotinas operacionais. Racionaliza recursos humanos, materiais e naturais, além de melhorar a qualidade e o controle das atividades, eliminando desperdícios e ociosidades, com custo operacional reduzido.

A humanização é um requisito considerado de suma importância no projeto, que incorpora as seguintes soluções:

– Redução do consumo de água potável, através do sistema duplo de água – um para água potável e outro para água reciclada (não potável) que será utilizado para as bacias sanitárias. Como conseqüência, economia de 50% do consumo de água potável.

– Redução da produção do esgoto, através do sistema duplo de esgoto – um para esgoto fecal (não reciclável) e outro para esgoto reciclável que será utilizado para as bacias sanitárias. Como conseqüência, economia de 50% de produção de esgoto.

– Redução de perdas de gases medicinais, através do sistema em anel com instalação de manômetros e registros, facilitando a manutenção preventiva e corretiva, e a identificação de queda de pressão.

– Redução do consumo de energia elétrica, através do uso máximo de iluminação natural; flexibilidade de alimentação total (100%) pelo grupo moto-gerador, com possibilidade de desligamento da energia da rede pública em horários de pico e de alto custo e aquecimento de água simultâneo à produção de água gelada para ar condicionado (sistema de bomba de calor).

– Redução do consumo de ar condicionado, através do uso máximo de ventilação natural; utilização de telhas com isolamento térmico; redução da incidência solar por meio de vidros reflexivos; aplicação do sistema de bomba de calor, onde a energia produzida pelo resfriamento da água do ar condicionado é utilizada para a produção de água quente e do sombreamento de janelas com persianas externas ou brises.

Hospital Metropolitano da Unimed

No Márcio Cunha, logística integrada e fluxos de serviços organizados

Em função do aumento da demanda no Hospital Márcio Cunha – Unidade I elaborou-se um plano de obras visando acompanhar esse crescimento. As ações de reformas e ampliações estão diretamente direcionadas a adequar os

ambientes para as novas realidades e modernizações.

A arquitetura proposta visa à plena funcionalidade unida ao conforto e a redução dos impactos, tornando os espaços agradáveis aos olhos dos clientes e dos colaboradores. As soluções em saúde nasceram das necessidades de

elaboração dos projetos em sintonia com as visões e princípios das normas, leis vigentes e as diretrizes do hospital.

As reformas e ampliações no Hospital Márcio Cunha Unidade I e a construção da Unidade II, foram pautadas na inovação e na elaboração de uma logística integrada de materiais, medicamentos, manutenção, esterilização, preparação de dietas e processamento de roupas. Os fluxos de serviços são organizados para versatilidade das atividades operacionais e baixíssimos impactos e desconforto (ruído, odores e etc.) aos clientes internados.

Geometria

As unidades de internação da Unidade II do Hospital Márcio Cunha retomam a geometria das Valetudinárias romanas, com pátios centrais ajardinados para iluminação natural e estar dos clientes. Esta geometria racionaliza percursos de enfermagem e muitos dos ambientes não dependem de iluminação artificial durante o dia.

A empresa L+M GETS foi responsável pelos projetos, gestão de montagem (obras e embarque de equipamentos, tecnologias, mobiliário, sistemas) e de infraestrutura, e atua nas ampliações e reformas das Unidades I e II, sempre

mantendo as características e concepções adotadas no início do projeto. Ambientes amplos e agradáveis vão acompanhando o crescimento, proporcionando à Fundação São Francisco Xavier, a excelência no atendimento.

Hospital Marcio Cunha, Unidade II, favorecido por iluminação natural – Foto: Elvira Nascimento

Readequação no Hospital José Maria Morais

A arquiteta Ligia Marta Silva Araújo formada em 2005 em Arquitetura e Urbanismo, pós-graduada em iluminação e design interior é responsável pelo projeto arquitetônico do hospital São Camilo, antigo hospital Siderúrgica, em reforma. Lígia, que é também responsável pelos serviços de arquitetura do hospital Vital Brasil em Timóteo – da mesma congregação São Camilo – assumiu o desafio da reforma do antigo Siderúrgica de forma natural. Com longa experiência em espaço hospitalar, ela afirmou que uma edificação do tipo deste empreendimento tem que estar rigorosamente dentro das normas que regem os espaços físico, como as inclinações, revestimentos, temperatura, aparelhos, acústica, entre outras séries de nomenclaturas. As novas instalações do São Camilo, foram readequadas, com novas rampas de 8,33 %, corrimões, piso de porcelanato polido, paredes com revestimento cerâmico e pintura acrílica. A telha é do tipo sanduíche, duas chapas recheadas com uma espuma acrílica para reter calor. O forro é gesso acartonado.

Ligia tem um escritório de Arquitetura em Coronel Fabriciano, tendo diversos trabalhos executados na região, como o projeto do detalhamento do bar Pimenta de Cheiro, algumas casas no bairro Castelo e Aldeia do  Lago e a reforma do interior da agência da Receita Federal de Coronel Fabriciano, readequando para a acessibilidade.

Lígia Marta Silvia Araújo, especializada em arquitetura hospitalar, atua também nos setores empresariais e residenciais

 

Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha é um dos projetos arquitetônicos de Lígia Araújo – Foto: Elvira Nascimento

O processo de verticalização no Vale do Aço

O processo de verticalização das cidades vem atender a crescente demanda habitacional nos centros urbanos. A região do Vale do Aço com seu crescimento acelerado movido pelo parque industrial que movimenta a economia e proporciona uma melhor distribuição de renda entre a população passa a ter uma grande demanda de unidades habitacionais. Esta demanda não pode ser suprida por edificações horizontais (casas), forçando as cidades a crescer para o alto. Residências que abrigavam apenas uma família vão dar lugar a dezenas de unidades habitacionais.

A partir da instalação das Usinas Siderúrgicas( Usiminas em Ipatinga e Acesita em Timóteo ), as cidades foram planejadas inicialmente para atender os funcionários e suas famílias em lotes residenciais unifamiliares. Com o desenvolvimento das Indústrias a partir da década de 70 começaram a surgir os primeiros edifícios de 03 pavimentos onde se inicia a verticalização.

As facilidades de se morar próximo ao trabalho, escola, comércio e serviços em geral levam as pessoas a buscar moradia em regiões centrais das cidades. Esta concentração de demanda acaba por esgotar os lotes vagos e também a substituição de casas por edifícios verticais multifamiliares.

A partir da década de 90 se vê o crescente aumento de edifícios verticais nas cidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. Este crescimento vertical se acelerou a partir da virada do ano 2000 onde a escala passa a ultrapassar os 10 andares.

Este processo acaba por impactar a infraestrutura urbana existente que não estava preparada para receber a concentração da população de determinadas áreas da cidade. Trânsito, rede de esgoto, distribuição de água e energia passam a ter que ser redimensionadas para atender a nova realidade da cidade.

Cabe ao poder público acompanhar este desenvolvimento tanto com investimentos em infraestrutura e também no planejamento urbano criando leis que vão pautar o crescimento sustentável da cidade.  Em 10 de Julho de 2001 foi criada a lei federal  10.257 denominada Estatuto da Cidade. Esta fala em segundo artigo: “A política urbana tem como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana…”.  E prevê que toda cidade com mais de 20.000 habitantes tenha um Plano Diretor e leis complementares como a Lei de Uso e Ocupação do Solo que visa ordenar o desenvolvimento da cidade evitando e corrigindo as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.

Em nossas cidades o que acontece é a falta de planejamento e de investimentos em infraestrutura. A inexistência das leis complementares como a Lei de Uso e Ocupação do Solo vinha permitindo a verticalização sem nenhum limite. A criação desta Lei nas 03 cidades do Vale do Aço foi de grande importância para que a verticalização ocorrece de maneira ordenada e sustentável em nossa região.

A verticalização urbana exige avaliação da infraestrutura, principalmente no saneamento

Cristina Araújo e Cássio Penna / Arquitetos e Urbanistas

Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Fórum Nacional de Normalização. As normas brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais Temporárias (ABNT/CEET), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).

A ABNT NBR 9050 foi elaborada no Comitê Brasileiro de Acessibilidade (ABNT/CB–40), pela Comissão de Edificações e Meio (CE–40:001.01) e estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. No estabelecimento desses critérios e parâmetros técnicos foram consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais.

A norma visa proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos. Todos os espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, devem atender ao disposto na norma para serem considerados acessíveis.

Edificações e equipamentos urbanos que venham a ser reformados devem ser tornados acessíveis. Em reformas parciais, a parte reformada deve ser tornada acessível. As edificações residenciais multifamiliares, condomínios e conjuntos habitacionais devem ser acessíveis em suas áreas de uso comum, sendo facultativa a aplicação do disposto na norma em edificações unifamiliares. As unidades autônomas acessíveis devem ser localizadas em rota acessível. As entradas e áreas de serviço ou de acesso restrito, tais como casas de máquinas, barriletes, passagem de uso técnico etc., não necessitam ser acessíveis.

Origens históricas do paisagismo

Jardinagem é a forma artística de o homem relembrar seu habitat natural

Botânicos chegaram à conclusão que plantas desenhadas há milhões de anos nas cavernas podem ser consideradas comestíveis. Mas, para surpresa geral, outras espécies são apenas figurativas, para não dizer decorativas. Existe a tese de que ao se deslocar das matas para as cavernas em busca de abrigo, o homem primitivo levou consigo plantas representativas do seu anterior habitat, iniciando assim os primórdios do paisagismo.

A jardinagem surgiu como uma forma artística do homem modificar a paisagem natural, condicionando a vegetação a cada época de sua evolução. Assim foram surgindo os vários estilos de jardinagem. A forma mais antiga de paisagismo conhecida são os jardins da Mesopotâmia, onde se plantavam frutas e legumes para se oferecer aos deuses, além de servirem como alimento aos serviçais. Os jardins ficavam nos terraços dos prédios de vários pavimentos onde se celebravam os rituais.

Os Jardins Suspensos da Babilônia foram considerados uma das Sete Maravilhas do mundo antigo. Foram construídos pelo rei Nabucodonosor II (605-562 a.C) e dedicados à rainha Semíramis, de origem persa e saudosa das montanhas e bosques do seu país – região noroeste do atual Irã. Segundo pesquisas e descrições históricas, os Jardins Suspensos eram seis montanhas artificiais (terraços), feitos de tijolos e construídos em cima do outro, sendo que o último chegava a 120 metros. Ficavam ao sul do rio Eufrates.

Os famosos Jardins Suspensos da Babilônia já preenchiam o imaginário das pessoas

Estilo egípcio

As características dos jardins egípcios, surgidos há mais de 2 mil anos a.C,  seguiram os mesmos princípios utilizados na arquitetura. Mas só surgiram quando as condições de prosperidade no antigo império permitiram o desenvolvimento da arquitetura e escultura. De um modo geral, o jardim egípcio era desenvolvido de acordo com a topografia do rio Nilo, constituído de grandes planos horizontais, sem acidentes naturais ou artificiais.

A rigidez retilínea e geométrica dos monumentos egípcios fizeram com que os jardins tivessem uma simetrização rigorosa, de acordo com os quatro pontos cardeais, com a vegetação sempre contida intramuros. O traçado obedecia rigidamente às motivações astrológicas determinadas pelos sacerdotes e os jardins não eram construídos unicamente para o lazer. Assim como os jardins da Mesopotâmia, produziam também vinho, frutas, legumes e papiros, produtos destinados ao consumo da população.

Estilo persa

Os persas não criaram monumentos originais; sua arquitetura foi, nas suas grandes manifestações, obra de gregos. Seus jardins revelavam elementos retirados dos jardins gregos e egípcios. Eram bastante elaborados no seu aspecto cênico e utilitário, servindo não só para a contemplação como também para o entretenimento do povo.

Espelhos de água figuravam em meio às alamedas de espécies perfumadas; árvores frutíferas compartilhavam a presença de espécies exóticas e floríferas, como tulipas, lírios, prímulas, narciso e jasmins. Foi criado um novo conceito na arte de construir jardins, passando a vegetação a ser estimada pelo valor decorativo das flores, sempre perfumadas, do que pelo aspecto de utilidade que possuíam anteriormente.

Estilo grego

Os jardins gregos, apesar de fortemente influenciados pelos jardins egípcios, apresentaram diferenças notáveis em razão da topografia acidentada da região e o tipo de clima. A Grécia nunca foi uma região ideal para jardinagem organizada; seus jardins possuíam características próximas das naturais, fugindo da simetria dos egípcios. Os gregos criaram o conceito de Bosque Sagrado, um lugar natural, abençoado e dedicado aos deuses, com vegetação virgem e sem intervenção humana. Eles não procuravam a beleza nos jardins.

Os gregos se mostraram contra a moda dos jardins importados do oriente e seguiram uma tradição bem estabelecida, da cidade democrática. Eles repugnavam os jardins e tudo aquilo que estava ligado ao prazer em torno dos objetos da natureza. Nos jardins gregos se cultivavam legumes para consumo, trigo para confeccionar pão, mas as flores eram destinadas aos deuses. Foram os gregos que criaram as praças públicas e os primórdios da urbanização.

Estilo romano

Os romanos não podem ser incluídos no grupo dos povos que tiveram a arte como forma de expressão. Eles se encaminharam para a história, o Estado e o Direito. O nascimento da arte dos jardins na civilização romana teve diversas causas. A mais profunda está associada a tradições e características do povo, como por exemplo, o fato de que os romanos, mesmo após tantas conquistas, jamais se esqueceram de suas propriedades familiares. Após vencerem suas batalhas, eram para esses lugares que os generais retornavam.

O jardim romano é uma mistura da criatividade dos romanos com as artes gregas – quando saquearam a Grécia eles carregaram monumentos e estátuas, e como não sabiam o que fazer com elas, distribuíram-nas pelos jardins, que eram metódicos e ordenados. As vilas romanas possuíam a interpenetração casa-jardim: as paredes eram pintadas como paisagens e os muros revestidos com trepadeiras. Os romanos também prezavam as composições de paisagens.

Estilo medieval (século XIII a XV)

A concepção de jardins foi bastante modificada na Idade Média. A cultura pagã foi renegada e as guerras devastaram grandes áreas e cidades, existindo a crença de que as florestas e jardins densos eram habitados por demônios. Um retorno à economia rural e a simplicidade de hábitos concretizou-se neste período. O luxo e o requinte foram abandonados e criou-se uma nova hierarquia de valores. As construções eram rudes e pesadas. O verde foi praticamente banido na vida urbana.

O jardim medieval tinha como característica marcante a simplicidade, reflexo do retraimento que se seguiu à decadência de Roma. Existiam três tipos de jardins: o jardim dos prazeres fechado, a horta utilitária e o jardim de plantas medicinais, explorado pelas ordens monásticas. Os jardins eram cultivados nos mosteiros e castelos, em pequenos espaços planos, quadrados e fechados por muros revestidos de trepadeiras.

Os jardins medievais influenciaram os atuais jardinseuropeus

Estilo renascentista (século XV a XIX)

Passada a fase de domínio dos povos bárbaros sobre o ocidente, inicia-se o ressurgimento da mentalidade clássica na Europa. Houve uma renovação do pensamento no que diz respeito às artes, às ciências, à literatura e a filosofia. Ocorre também o renascimento dos jardins e os países que mais expressaram esta renovação foram Itália, França e Inglaterra. Os jardins passam a assumir a importância de complementação da arquitetura monumental, figurando sempre, em meio à vegetação dominada pela topiária – poda escultural das vegetações.

A criação do jardim clássico começa com o renascimento italiano. Florença foi, desde os meados do século XIV, a capital dos jardins, assim como era também a capital da pintura. Os arredores de Florença se encheram de vilas e castelos, onde banqueiros e comerciantes se retiravam durante o verão. Retomaram-se os motivos dos mitos da Antiguidade e divindades pagãs ressurgiram nos jardins, simbolizadas em estátuas. As fontes foram outro elemento desta continuidade medieval, na época do renascimento.

Jardim italiano

Os jardins italianos renascentistas se inspiraram nos jardins da Roma antiga, se caracterizando pelos seus passeios retos, coincidindo a avenida principal com o eixo central da residência, que servia de marco da vila e se situava na parte mais alta do terreno. Chegava-se à residência através de uma sucessão de escadarias, rampas, terraços, grutas e fontes. Os jardins eram exuberantes e mostravam opulência. Deixaram de serem canteiros para cultivar e colecionar plantas e passaram a serem construídos em áreas externas para realização de atividades diversas de lazer.

Os jardins eram tidos como centros de retiro intelectual, onde sábios e artistas podiam trabalhar e discutir no campo, longe do calor e das moléstias da cidade. As casas eram construídas em locais com vistas panorâmicas, geralmente no alto do terreno; a vegetação era considerada secundaria. À medida que o jardim se distanciava da casa, se tornava mais verde e sombreado. A paisagem era desenhada com régua e compasso, caracterizando a simetria de linhas geométricas.

Jardim francês

A princípio, o estilo francês se baseou nos jardins medievais, mas, com o passar do tempo, novas ideias foram sendo introduzidas por arquitetos italianos que trabalhavam na corte francesa. Na França, os reis e os grandes senhores do Renascimento quiseram também possuir seus próprios jardins, todos apresentando características dos jardins italianos, apesar da tradição nacional francesa ter passado a se impor com o tempo. De maneira geral, a parte descoberta dos jardins era ocupada por canteiros em broderie (bordado) e no centro encontrava-se uma fonte, que era dominada por um pavilhão em forma de cúpula, geralmente em estilo gótico.

O jardim clássico francês era caracterizado por plantações baixas, permitindo uma maior visão das construções. A maior parte desse plano podia ser visto em um único golpe de vista, com intuito de provocar admiração e expressar respeito. No século XVII o jardim clássico em estilo francês predominava em toda Europa. Os principais jardins foram construídos pelo famoso arquiteto/paisagista de Luis XIV, André Le Nôtre, que trabalhava com simplicidade, elegância e requinte, mas sem excessos.

Jardins franceses, romantismo

Jardim inglês (1700)

Na Inglaterra, a partir do século XVIII, os jardins passaram a receber uma concepção mais liberada em suas formas sob a influência dos ideais protestantes. A disposição das vegetações passou a figurar em estilo mais romântico, com as espécies desenvolvendo-se nas suas formas livres e naturalmente, sem a interferência das podas. Os jardins são concebidos com formas mais leves em coloridos maciços florais e grupos de árvores e ou arbustos, compondo sempre um retorno à natureza.

No jardim inglês era fundamental a presença de muros e sebes, que delimitavam os espaços, protegiam as plantas e serviam de fundo. Grupos de árvores e arbustos de espécies variadas eram utilizados para limitar os espaços abertos irregulares; a água era sempre atrativa. A característica mais marcante do jardim paisagístico inglês eram os gramados extensos e bem cuidados, não havendo canteiros de flores.

Jardins ingleses caracterizam-se pelas formas geométricas

Estilo chinês

O inicio da jardinagem da China não é muito preciso, provavelmente data de 2 mil anos a.C. Tem sua origem numa paisagem de rara beleza e flora riquíssima. Os parques das casas dos antigos imperadores não eram mais do que uma porção da paisagem cercada, onde a tarefa do jardineiro limitava-se a ordenar o já existente. A delimitação entre a casa e jardim era às vezes feita por apenas uma cortina de bambu.

O jardim chinês era antes de tudo um jardim de contemplação, de imobilidade e de silêncio. No extremo oriente o jardim era concebido baseado na lei dos detalhes. Para elaborar um jardim devia-se entregar à meditação daqueles detalhes que não se destacavam para o visitante ocidental, como a forma de uma flor, de uma rocha, o reflexo de um riacho ou de um ramo que cedia ao vento.

Jardim japonês

A origem do jardim japonês data do século VIII a.C. Era um lugar para descanso, convidativo à meditação religiosa. Nos seus jardins, os japoneses colocavam princípios filosóficos e doutrinas religiosas através de seus símbolos. Representavam suas leis, a harmonia, os cinco elementos, princípios de causa e efeito, ativo e passivo, luz e sombra, masculino e feminino. Havia ainda um agrupamento de pedras, regido por regras bastante complicadas. O jardim japonês procurava ser natural, sem artifícios.

O principio da arte nos jardins japoneses consistia em concentrar a atenção no essencial, seja nas formas precisas ou na sutileza dos matizes, valorizando sempre todas as plantas do jardim. Somente se utilizavam plantas perenes para se ter uma estabilidade na paisagem o ano todo. Os elementos do jardim tinham distribuição muito elaborada, em formas simples, com aparência de casualidade. Havia água, vegetação, símbolos, pedra, cascalho.

Jardins japoneses, sensibilidade oriental

Jardins contemporâneos (séculos XIX e XX)

Nos séculos XIX e XX praticamente não se criou nenhum estilo novo de jardim. Na verdade, os jardins se caracterizavam por ser uma fusão ou mescla dos grandes estilos já criados. No século XIX, muito se usou dos quiosques, das passarelas e pavilhões de estilos exóticos, adaptando-os aos jardins da época, formando um estilo que consistia na mistura dos grandes estilos do passado. Este estilo consistia em rodear a casa com um jardim regular e este por sua vez, era rodeado por um parque em estilo inglês.

Outra característica do jardim contemporâneo é o uso de plantas exóticas, conhecidas como esculturais e normalmente plantadas com destaque no jardim, com pouca ou nenhuma interferência de outras espécies ao seu redor. O jardim contemporâneo tanto pode usar traços geométricos retilíneos quanto traços irregulares ou curvilíneos, os chamados traços orgânicos, conceitos muito explorados nos caminhos, nos formatos das piscinas e nos canteiros.

Arborização das ruas do Rio de Janeiro enfrentou a resistência da população

Os primeiros sinais do paisagismo no Brasil tiveram inicio com a dominação holandesa na primeira metade do século XVII em Pernambuco. Maurício de Nassau introduziu laranjeiras, tangerinas e limoeiros na urbanização de Olinda e Recife. No período colonial as casas ocupavam totalmente os lotes, não havendo recuo do passeio, nem divisas laterais, ficando apenas algumas áreas no fundo. É o casario típico das cidades históricas.

Não havia um estilo ou uma tendência paisagística marcante. As árvores eram utilizadas como forma de amenizar o calor. No final do período colonial foram criados os primeiros passeios públicos do Rio de Janeiro, Belém, Olinda, Ouro Preto e São Paulo. A história documentada do paisagismo no Brasil iniciou-se com a chegada de Dom João VI em 1808, quando foi criado o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.

Entre 1836 e 1860 o arquiteto paisagista alemão Ludwig Riedel arborizou as ruas de Rio de Janeiro, mas curiosamente, a população acreditava que a sombra das árvores era responsável por doenças como maleita, febre amarela, sarampo e até a sarna dos escravos. Em 1858, Dom Pedro II contratou o francês Auguste Marie François Glaziou, que projetou, entre outros, os parques da Quinta da Boa Vista, de São Cristóvão e do Palácio de Verão de Petrópolis.

Ele incorporou a tradição paisagística anglo-saxônica à tropicalidade da vegetação brasileira. Foi também responsável pela adoção de plantas tropicais em praças e ruas, além de usar árvores frutíferas no paisagismo local. O efeito urbanístico do Rio de Janeiro espalhou-se por outros estados, mas com a falta de técnicos especializados nem sempre os projetos possuíam estilo coerente e de bom gosto. Também foram cometidos outros erros, como o plantio de jaqueiras, coqueiros e figueiras em praças públicas; sem contar o uso de flamboyants na arborização de ruas.

Rupturas marcaram o paisagismo brasileiro

A Europa sempre serviu de modelo para a arquitetura e para os jardins nacionais, tendência acentuada ainda mais com as imigrações de italianos, portugueses, franceses e alemães, que trouxeram e implantaram aqui seus modelos de jardim, onde predominavam rosas, dálias, crisântemos, avencas e samambaias. Durante a Primeira República, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo, pontificaram vários paisagistas franceses, como Paul Villon, Arsene Puttmans e Reynaldo Dierberguer, produzindo tanto para particulares como para o estado. Ampliou-se a influência dos jardins franceses nas praças brasileiras.

A Praça Paris, no Rio de Janeiro, obra do urbanista Alfred Agache, em 1929, serviu de modelo para muitas outras, e a simetria se tornou um ponto comum. O século XX é um período de rupturas formais no paisagismo brasileiro. A primeira delas originou a Escola Modernista, com forte influência do trabalho geometrizado e funcionalista dos paisagistas norte-americanos Thomas Church, Garret Eckbo e Lawrence Halprin.

Roberto Burle Marx foi o primeiro paisagista brasileiro a romper os cânones tradicionais do Ecletismo em grandes obras para o Estado Novo. Sua obra com forte sentimento nacionalista e formalmente diferenciada se tornou ícone da modernidade dos anos 1940. Junto com o botânico Henrique Lahmeyer de Mello Barreto, valorizou acentuadamente a flora nativa. Também coletou diversas plantas, algumas desconhecidas, utilizando-as em seus projetos.

Paisagista já foi pouco valorizado no Brasil

Após a Escola Modernista, a segunda ruptura no paisagismo nacional, de caráter estritamente formal, a qual origina o que designamos Linha Projetual Contemporânea, começa embrionariamente nos anos1980, com a introdução dos conceitos ecológicos e a chegada de informações das novas obras feitas no exterior, especialmente nos Estados Unidos, França, Espanha e Japão.

Em tais projetos se valorizam os cenários rústicos, a conservação e o contato com a natureza, produzindo verdadeiras colagens, chegando a situações de irreverência formal absoluta. São exemplos desta forma a maioria das intervenções do projeto Rio-Cidade (nos anos 1990), a nova orla de Salvador, alguns parques de Curitiba, centenas de jardins particulares e a Praça Itália, em Porto Alegre.

Até os anos 1980, o paisagista era pouco valorizado no Brasil, tendo atuação apenas em grandes espaços e obras públicas. Em prédios e residências predominava o profissional jardineiro, sem muito conhecimento estético e técnico, pois as crianças brincavam nas ruas e não havia necessidade de grandes áreas de lazer dentro dos prédios. Mas mudanças sociais ocorreram e acabaram beneficiando o paisagismo. É desta época também o surgimento dos grandes condomínios residenciais.

Burle Marx inovou o paisagismo brasileiro

Roberto Burle Marx nasceu em São Paulo em 4 de agosto de 1909 e faleceu no Rio de Janeiro em 4 de junho de 1994. Morou grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde estão localizados seus principais trabalhos, embora sua obra possa ser encontrada ao redor de todo o mundo. Era o quarto filho de Cecília Burle (de origem pernambucana e francesa) e de Wilhelm Marx, judeu alemão, nascido em Stuttgart e criado em Trier – cidade natal de Karl Marx, primo de seu avô.

Aos 19 anos, Burle Marx teve um problema nos olhos e a família se mudou para a Alemanha em busca de tratamento, onde permaneceu de 1928 a 1929. Lá, Burle Marx entrou em contato com as vanguardas artísticas e ficou fascinado com um jardim botânico com uma estufa contendo vegetação brasileira. Em 1930, Lúcio Costa, que era seu amigo e vizinho do Leme, o incentivou a ingressar na Escola Nacional de Belas Artes (atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro). O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, em Recife, em 1934.

Sua participação na definição da Arquitetura Moderna Brasileira foi fundamental, tendo atuado nas equipes responsáveis por diversos projetos célebres. O terraço-jardim que projetou para o Edifício Gustavo Capanema é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro. Definido por vegetação nativa e formas sinuosas, o jardim (com espaços contemplativos e de estar) possuía uma configuração inédita no país e no mundo. As plantas baixas de seus projetos lembram telas abstratas.

Roberto Burle Marx: inovação na arte do paisagismo

Bibliografia

(Fonte: ARAUJO, R./Manual natureza de paisagismo: regras básicas para implantar um belo jardim. São Paulo, Editora Europa, 2009. FROTA, L.C/Burle Marx: Paisagismo no Brasil. São Paulo, Câmara Brasileira do Livro, 1994. PAIVA, P. de O. D/Paisagismo. Conceitos e Aplicações. Lavras, Editora UFLA, 2008. WINTERS, G. H. M/Apostila do curso avançado de paisagismo. Holambra,1992.

 

 

 

 

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