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Ex bispo emérito da diocese Itabira/Coronel Fabriciano, morto em 2016, D. Lélis Lara, deixou como legado uma valiosa obra ligada não apenas à igreja, mas, também às causas sociais

O 3º da esquerda para a direita, sentado, Dom Lara ainda criança, junto a familiares em Divinópolis

Infância em Divinópolis

Nascido em Divinópolis, no dia 19 de dezembro de 1925, D. Lélis Lara é o décimo dos treze filhos (cinco estão vivos) do casal Joaquim Martins Lara e Maria José Lara. Seu pai foi o maquinista número 1 em Divinópolis das marias-fumaças da Rede Mineira de Viação (1931/1965). Aposentou aos 50 anos e viveu mais 52. Aos 99 anos conduziu uma locomotiva nas comemorações dos cem anos da construção da estrada de ferro em Divinópolis.

A infância de D. Lara foi igual à de qualquer criança de uma cidade do interior mineiro nos anos 1920/30. Segundo a escritora Margarida Drummond, que está escrevendo a biografia de D. Lara, muitos amigos de infância do religioso ainda moram em Divinópolis. ‘Ele é lembrado com muito carinho por todos’, diz a autora da pesquisa e que recentemente esteve na cidade natal de D. Lara colhendo dados para o trabalho.

Depois de concluir o ensino primário em escola pública, sempre com distinção, o menino Lélis Lara ingressou aos doze anos no Seminário Menor da Congregação Redentorista, em Congonhas, onde cursou o antigo ginasial e se preparou para a vida religiosa. ‘Aos sete anos eu já tinha decidido que queria ser padre’, relembrou D. Lara em seu escritório na Residência dos Missionários Redentoristas, em Coronel Fabriciano.

Seus pais, Maria José e Joaquim Martins Lara,

Estudos em Roma

Após o Ensino Médio, em 1945, o jovem estudante mudou-se para Juiz de Fora, onde fez o noviciado e graduou-se em Teologia e Filosofia. Em 1951 foi ordenado diácono e, ao término dos estudos, ainda no mesmo ano, foi ordenado padre. Em seguida, logo após sua ordenação, atuou como professor em Congonhas, entre os anos de 1952/1954. No final do último ano foi completar seus estudos em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana e Angelicum, especializando-se em Direito Canônico, Espiritualidade e Música.

Em 1958, após concluir seu doutorado em Direito Canônico, o padre Lélis Lara regressou ao Brasil e foi pregar em missões populares. Um ano depois, em 1959, assumiu a cátedra de Direito Canônico, Liturgia e Espiritualidade no Seminário Maior Redentorista de Juiz de Fora, onde foi diretor espiritual e reitor até 1970.

Uma de suas obras, a série Cadernos de Direito Canônico, destinado à sacerdotes, seminaristas e leigos

No dia 14 de fevereiro de 1971 assume a paróquia de São Sebastião, iniciando seu trabalho em Coronel Fabriciano. Em março de 1974 o padre Lara é nomeado vigário episcopal da II Região Pastoral da Diocese Itabira/Fabriciano. Além de seu trabalho evangelizador, ele também foi professor no extinto Colégio Imaculada e no Seminário de Mariana.

Em 1971, Dom Lara assume a Paróquia de São Sebastião cuja principal igreja, a Matriz de São Sebastião – Foto: Mário Carvalho Neto

 

Matriz de São Sebastião, restaurada em 2014 – Foto: Elvira Nascimento

 

Ordenação epscopal

A cerimônia de ordenação episcopal de D. Lélis Lara no dia 2 de fevereiro de 1977 foi um acontecimento marcante que mereceu total destaque na imprensa regional e na vida religiosa da cidade. O ato aconteceu na quadra de esportes do Colégio Angélica, já que o novo pároco, padre Élio Ataíde, coordenador da cerimônia, organizou o espaço para receber um público maior. A escolha foi acertada, porque tanto o número de padres e bispos vindos de toda parte do país, como a dos fiéis presentes superou a expectativa prevista.

A cerimônia, segundo matéria da publicação fabricianense O Vale em Revista, ‘transcorreu em um clima de calor muito humano’, com intensa participação do povo, que acompanhou, atentamente, todos os detalhes do ato religioso ministrado pelos bispos D. Mário Gurgel (Itabira), D. José Gonçalves de Castro (Niterói) e D. José Brandão de Castro (Propriá, Sergipe), os dois últimos, ex-párocos de Coronel Fabriciano.

Mas o fervoroso interesse da população pela ordenação episcopal do padre Lélis Lara vinha desde o dia 15 de dezembro de 1976, quando a nomeação foi divulgada oficialmente pelo Vaticano, na época, comandado pelo papa Paulo VI. ‘A cidade ficou toda em festa, repicar de sinos, fogos e charangas organizadas desfilavam pela cidade, reunindo uma grande multidão e um grande número de carros que seguiram para o Posto Veraneio, próximo a Antônio Dias, onde aguardaram o novo bispo que deveria chegar da capital mineira. Mas o encontro ocorreu somente nas primeiras horas do dia seguinte, em meio a abraços, congratulações e emoções de ambas as partes’.

Depois, ainda segundo a reportagem de O Vale em Revista, a comitiva seguiu para Coronel Fabriciano, onde ‘uma procissão de carros e um grande número de pessoas, ainda com a mesma euforia do dia anterior, receberam com acenos o novo bispo, querido por todos’. As manifestações, reportou a revista, se ‘prolongaram até as primeiras horas da madrugada’, o que significa que a ordenação de D. Lélis Lara a bispo auxiliar da diocese Itabira/Fabriciano foi comemorada durante quase dois dias pelos católicos fabricianenses.

A ordenação epscopal de Dom Lara foi noticiada pelos principais veículos de comunicação da região – Foto: Revista O Vale em Notícia

 

Momentos da ordenação de Dom Lara – Foto: Revista O Vale em Notícia

 

Mensagem da ordenação prega amor e compaixão

No final da cerimônia na quadra do Colégio Angélica, D. Lara leu aos presentes a mensagem contida no seu livro de ordenação episcopal. ‘Ser bispo é um serviço e não uma honra! Somos chamados a servir naquilo que for mais necessário e urgente. Hoje vivemos dias duros e difíceis para a maioria dos seres humanos. Muitos são injustiçados, muitos outros são oprimidos, muitos ainda estão em condições não humanas de existência, grande número não tem lugar na vida, são marginalizados’, dizia o texto.

E completa: ‘Se Cristo aqui estivesse, certamente ele se voltaria para esses e diria novamente: “Tenho compaixão desse povo”. Cristo aqui está sim, pela sua igreja que somos nós. A nós incumbe, pois, a tarefa de evangelizar esse mundo, anunciar-lhes a liberdade, denunciar a injustiça, ser um sinal de fraternidade. A exemplo do que aconteceu na vida do Mestre, o amor deve ser o fundamento desse serviço. O amor que tudo crê!’.

O livrinho de ordenação episcopal ainda é guardado com carinho por D. Lara. Bem como uma escova de roupas e uma tesourinha, presenteadas por sua mãe, em 1938, quando ingressou no Seminário da Congregação Redentorista, em Congonhas.

 

Assistência social

Dom Lara na Cidade do Menor, instituição para o amparo e assistência a menores carentes que o bispo apoiou desde sua fundação – Foto: Mário Carvalho Neto

Desde sua chegada como vigário na paróquia de São Sebastião, em Coronel Fabriciano, no dia 14 de fevereiro de 1971, que o então padre Lélis Lara e seus fiéis mantêm um relacionamento harmonioso, e que com o passar do tempo, pode-se dizer, de uma verdadeira amizade. Mas não por acaso. A trajetória do agora bispo emérito D. Lélis Lara sempre foi marcada por inúmeros serviços e atividades de assistência social, sem falar é claro, de sua clara e objetiva participação como religioso.

Além disso, segundo a professora Ana Marta Aparecida de Souza Inez, num memorial solicitando ao Conselho Universitário do Unileste o título de Doutor Honoris Causa a D. Lélis Lara, ele teve ‘participação ativa nas questões conflitantes da região, sempre agindo em favor dos direitos humanos’. Como no caso da fundação do Conselho Carcerário, que tentou amenizar os sofrimentos dos presos fabricianenses, jogados na época, numa prisão desumana e cruel.

Outra participação social importante do bispo divinopolense foi a criação da Cidade do Menor, instituição criada para amparo e assistência a menores carentes (ver box). A professora também lembra que o religioso ‘utilizou-se dos principais recursos da mídia para divulgação de suas idéias, para a evangelização e para o desenvolvimento comunitário’. De fato, D. Lara publicou artigos nos jornais Diário da Manhã e Diário do Aço, nas revistas O Fato e Lar Católico, além de ainda manter programas na Rádio Educadora e TV Uni. Agora está preparando o 12º volume da série Cadernos de Direitos Canônicos, editada pelo Unileste e aborda amplamente o assunto.

Dom Lara relata:

Meninos presos e sem comer há oito dias apressou a construção da Cidade do Menor

‘Numa sexta-feira, em 1976, mês de dezembro, eu desci a Rua Moacir Birro da minha casa em direção ao Fórum. O Fórum era um lugar onde eu encontrava com muita gente interessante. No Fórum havia uma lanchonete onde serviam um cafezinho e de vez em quando eu passava lá para tomar um cafezinho ou uma água.

Naquela sexta-feira, entre 4 e 5 horas da tarde, encontrei-me no local com dona Maristela, esposa de Dami Jacarandá de Meira (falecido) e responsável por um cartório. Ela me pegou pela mão e disse assim: “Vem comigo”. Levou-me então ao andar superior do Fórum e abriu uma sala e disse: “Esses meninos estão aqui há oito dias e eles não comem”. Eu fiquei bastante emocionado com aquilo ali, com aquela cena’.

Este fato lamentável, descrito por D. Lara anos depois, acabou sendo o motivo para apressar a criação da futura Cidade do Menor. Mas a história não acaba por aqui. Ela continua. ‘Quando eu ia saindo do Fórum, entrou um advogado cujo nome infelizmente eu esqueci. Ele também me pegou pelo braço e perguntei para onde estava me levando. Ele falou: “Eu vou à sala do juiz e o senhor vem comigo”. Chegando à sala ele apresentou ao juiz um documento e declarou que era um protesto pelo fato dos meninos estarem presos numa sala há oito dias sem comer’.

Protesto conjunto

‘O juiz ficou visivelmente nervoso e falou comigo: “E o senhor, padre, o que quer?”. Eu falei: “Eu estou com o advogado e se ele está fazendo esta apresentação de protesto eu estou com ele e protesto também pela fome desses meninos”. Ainda mais nervoso, o juiz falou: “Esses meninos são insuportáveis e passam três dias na rua e quatro dias presos. Eu vou soltar os quatro menos ofensivos e vou entregar os outros dois mais perigosos para o senhor”.

Assim, o lourinho Daniel e o negrinho Casquinha foram entregues a D. Lara, que os levou para capinar no terreno de 40 hectares adquirido no bairro Caladinho pelo Lions Clube de Coronel Fabriciano e doado à Fundação Comunitária Fabricianense (Funcelfa), entidade fundada por D. Lara seis meses depois que chegou à cidade. A Cidade do Menor ainda era somente um projeto distante, cujo levantamento topográfico foi feito por Miguel Lara, irmão de D. Lara, e que contou com a importante participação da Usiminas em sua construção.

Primeiros moradores

‘Na hora do almoço eu peguei os meninos e depois eu os levei de volta à Cidade do Menor, que ainda era uma pequena casa antiga. No dia seguinte, de madrugada, batem na minha janela, eu acordo assustado. Lá fora havia um bando de menores, aí o Daniel e o Casquinha falaram: ”Nós chamamos os nossos colegas”. Então eu falei: “Quanto mais, melhor”. Dei café para eles e os levei para a Cidade do Menor. À tarde perguntei: “Onde vocês dormem?” Disseram-me que dormiam numa clínica quando a última enfermeira ia embora’.

Com a ajuda da irmã Vilma, do Colégio Angélica, foi feita uma lista de pessoas para doação de marmitas aos meninos. ‘Na hora do almoço o Francisco Costa Duarte, do sindicato dos motoristas, pegava meu carro e saía pela cidade recolhendo as marmitas. Depois transformei o andar superior do Salão Paroquial num dormitório, onde os meninos dormiam. Do dia 1º para o dia 2 de fevereiro de 1977, dia da minha ordenação episcopal, os meninos passaram a dormir na Cidade do Menor. Eles foram os primeiros moradores da Cidade do Menor’, relembrou D. Lara em seu texto cedido à Caminhos Gerais.

 

Concílio Vaticano II

Com o papa João Paulo II no Vaticano

Numa entrevista concedida à revista Guia (novembro/dezembro de 1984), D. Lélis Lara disse que a ‘igreja católica sempre representou um peso no Vale do Aço, desde os tempos do saudoso D. Helvécio Gomes de Oliveira, arcebispo de Mariana e que gostava muito daqui e exercia grande influência no governo do presidente Juscelino Kubistchek. Quando foi criada a diocese Itabira/Fabriciano, em 1965, a igreja começou a desenvolver ainda uma maior influência na região’.

Ainda segundo o depoimento de D. Lara à publicação, a igreja católica não está vinculada a nenhum partido político, mas pretende estar sempre a favor do povo. ‘Seguindo exatamente as orientações do Concílio Vaticano II (1962/1965), a nossa igreja quer que as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos que sofrem, sejam também da própria igreja. Essa é a filosofia que dá o tom a toda a nossa atuação pastoral aqui no Vale do Aço’.

Na mesma entrevista, D. Lara dizia ‘estar satisfeito no sentido de que a cada dia a gente percebe que mais fiéis vão se conscientizando do verdadeiro sentido, do verdadeiro valor do Evangelho. O pessoal está tomando consciência de ligar a religião à vida. Há realmente uma mudança de mentalidade. Antigamente, religião significava assistir a uma celebração religiosa. Hoje, a pessoa já imagina que religião é algo que está ligado à sua vida’.

Instituto Católico de Minas Gerais (ICMG)

Com atuação forte, Dom Lara participou ativamente da manutensão do Unileste

Em 1980 D. Lélis Lara assumiu a presidência da Sociedade Educacional União e Técnica (Seut), atual Colégio Padre De Man, evitando o encerramento de suas atividades. Foi também responsável pelo processo de junção dos colégios Dom Bosco e Monsenhor Rafael, em Timóteo, quando um deles anunciara fechar as portas.

 

Dom Lara recebe do reitor da Unileste Genesio Zeferino, o título de Doutor Honoris Causa em 2012

No final dos anos 1980 o religioso teve participação importante na continuidade dos cursos superiores na região, quando foi criado o Instituto Católico de Minas Gerais (ICMG), posteriormente campus da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), e que em 2005 passou para a União Brasiliense de Educação e Cultura (UBEC).

 

Vigiado pela ditadura militar

Embora diga que não seja partidário de nenhuma sigla ou nenhum partido, D. Lélis Lara confessou a Caminhos Gerais que simpatizava com as atitudes e posicionamentos dos ‘antigos ideais’ do PT. ‘A verdadeira libertação da humanidade é algo mais profundo que a política, deve ser a libertação da miséria humana. Deus não quer a opressão, não quer a exploração de uns sobre os outros. Deus quer uma sociedade fraterna’, acredita D. Lara, que é cidadão honorário de quase todas as cidades da região.

Apesar de sua postura política pacífica e humana, quando ainda era padre, em Juiz de Fora, D. Lara chegou a ser vigiado por informantes da ditadura militar. ‘Numa partida de futebol, realizada numa comunidade num domingo à tarde, alguém me disse que uma pessoa desconhecida lhe interpelou perguntando “se esse padre aí é meio subversivo?” e se eu participava do Grupo dos Onze’ (núcleos de resistência ao golpe de 1964 criado por Leonel Brizola).

A avaliação de D. Lélis Lara sobre a ditadura militar que governou o país (1964/1985) é de que foi um ‘tempo perdido’.

 

Artista do harmônio

Dom Lara toca o órgão da Catedral de São Sebastião no dia de seu aniversário – Foto: acervo particular

 

Com a cantora lírica fabricianense Silvia Klein

 

Capa do CD gravado por Dom Lélis Lara, patrocinado pela Emalto Indústria Mecânica

Estudante de música desde os 13 anos, quando entrou para o Seminário Redentorista, em Congonhas, D. Lara estudou harmonia e composição com o professor Nicola Praglia, em Roma. Especializou-se em tocar piano e principalmente harmônio, instrumento musical de palheta livre que atingiu a forma atual por volta de 1849 e que o bispo emérito diz ser ‘seu instrumento’. Já lançou vários CD’s, como a edição ‘Harmônio, um toque místico’, gravada originalmente na Fábrica de Músicas Estúdio, da capital mineira, durante as comemorações do centenário do poeta Carlos Drummond de Andrade, em 2002.

No repertório da série estão obras de Beethoven, Mozart, Schubert, Handel e Chopin. Recentemente gravou em conjunto com outro parceiro antigo, Rubim do Bandolim, o DVD ‘Divina Combinação’, gravação dividida em duas partes. Na primeira estão ‘Ave Maria’, de Schubert, ‘Ave Verum’, de Mozart, ‘Prére’, de Wambach, ‘Tota Poulchra, do padre João da Matta e ‘Hóstia Santa’, do padre J. B. Lehmann. Gravado no Teatro João Paulo II, do Unleste.

A segunda parte, gravada na Catedral São Sebastião, também em Coronel Fabriciano, repete o repertório da primeira parte, acrescentando ‘Noturno’, de Chopin, Sonatina para bandolim e piano’, de Beethoven e ‘Maria Protegei’ (SVD), A dupla também se apresentou no Projeto Opinião Musical, no Teatro Zélia Olguin.

O bispo emérito fez ainda várias apresentações, inclusive, uma turnê por várias cidades mineiras, acompanhando a reconhecida cantora lírica fabricianense Silvia Klein no harmônio e no piano. A dupla se encaixou perfeitamente e todos os shows foram muito aplaudidos e comentados, como o realizado no Centro Cultural São Gonçalo do Rio Abaixo, em outubro de 2009, quando mais de 300 pessoas viram a apresentação e se emocionaram. ‘A música está impregnada na minha vida. Estudei canto gregoriano desde os oito anos’, confessa o bispo, cuja família é quase toda ligada à música.

Novos comportamentos

Leitor das publicações regionais, Dom Lara era um entusiasta da comunicação

 

biblioteca

Amante da leitura, Dom Lara frequentava regularmente a rica biblioteca da paróquia

Ao recordar os doze anos que levou para tornar-se padre, D. Lara disse que os estudos naquela época eram muito rígidos e que a vida no seminário era cumprida com rigor. ‘No meu tempo era fundamental ir à capela diariamente para meditação. Até antes de dormir passávamos na capela. Hoje não se vê mais isso. Estou acompanhando com atenção os novos comportamentos e os novos métodos de hoje. Existe uma diferença marcante entre a minha geração e a dos padres de hoje, que não lêem como nós líamos. É um preparo intelectual de internet’, ressalta criticamente o bispo, leitor de Guimarães Rosa, Adélia Prado (sua conterrânea) e Fernando Sabino, todos mineiros.

O autor preferido de D. Lara no campo eclesiástico é Santo Agostinho, que foi um importante bispo e um dos maiores teólogos cristãos. Ele também cita o filósofo pagão Aristóteles como um destacado autor. Aliás, o bispo emérito também tem uma posição liberal quanto à teoria da evolução, que segundo ele, ‘não é contrária à religião ou à fé’. Sua visão é de que ‘Deus é infinitamente bom, belo e verdadeiro’.

Museu Histórico de Coronel Fabriciano “José Avelino Barbosa”

Dom Lara

A produtora Cultural Leila Cunha, Dom Lélis Lara e a fotógrafa Elvira Nascimento, na inauguração do Museu

 

Tributo a Dom Lélis Lara, em obra da artista plástica Du Ramos, doada para a pinacoteca do Museu José Avelino.

Entusiasta da  cultura, Dom Lara foi também um grande apoiador da criação do Museu Histórico de Coronel Fabriciano “José Avelino Barbosa”. Inaugurado em 2014, o projeto de criação do Museu é de 1984, proposição do então vereador Clodomiro de Jesus, o Miro. Foooi implementado sob a coordenação do professor Amir José de Melo. O Museu, guarda em seu acervo, além de inúmeros objetos que conta a história de Coronel Fabriciano, outros objetos que pertenceram a Dom Lara.

 

Atleticano, fluminense e socialino

No cinema, os diretores lembrados por Dom Lara durante a entrevista na Residência dos Missionários Redentoristas, foram os italianos Vittorio di Sica (‘Ladrões de Bicicleta’) e Roberto Rosselini (‘Roma, Cidade Aberta’). Talvez pela música, a belíssima ‘Tema de Lara’, composta pelo francês Maurice Jarre, o bispo recordou também do filme ‘Doutor Jivago’, lançado em 1965 e que fez grande sucesso mundial.

Atleticano, fluminense e socialino, Dom Lélis Lara presidiu a TV Universitária do Vale do Aço, pertencente à Fundação Dom Bosco de Comunicação de Coronel Fabriciano e que além de programas locais retransmite a programação da Rede Cultura, de São Paulo. Nas dependências da TV Uni, Dom Lara realizou um de seus maiores sonhos, construiu um confortável auditório para apresentação de shows e peças teatrais. No local funciona também uma escola de músicas.

Um de seus maiores legados, a TV Uni, canal aberto com transmissão vinculada à TV Cultura

 

Fundação Dom Lélis Lara

No dia 5 de agosto, o conselho da Fundação Dom Lélis Lara reuniu na Igreja Bom Pastor, no Bairro Giovannini em Coronel Fabriciano para a nomeação do novo gestor da instituição. A Fundação conta com um imóvel, a TV Uni e um teatro para até 100 pessoas. Foi nomeado para a presidência da Fundação, em substituição ao empresário Antônio Eugênio, o Padre Willian Luciano Pires. Na ocasião, foi reforçado os ideais de Dom Lélis Lara, criador da instituição, que era dar continuidade ao projeto que ele mesmo consagrou como de utilidade socio cultural. Padre Willinan destacou a importância da Fundação para a cultura e para a informação.

Colaboradores da Fundação: Antônio Eugênio, Genésio Zeferino, Gregório Paiva, Benedito Pacífico, Romeu Ribeiro, João Cassiano Damasceno, Rosa Peixoto, Mário de Carvalho Neto (…)

Conselheiros da Fundação Dom Lélis Lara

 

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